Desenhando a onda privatizante, por Jorge Luis

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Jorge Luis

Comentário à publicação “A aula de Dilma sobre a dolarização do petróleo brasileiro e o golpe na Petrobras”

Eu não sei se alguém já abordou a questão da privatização da nossa cadeia produtiva de petróleo pelo ângulo abaixo, mas como eu achei os resultados bem interessantes, resolvi compartilhar com vocês.

Imaginemos uma empresa (vamos chamá-la de “A”), que seja responsável por toda a cadeia produtiva. Ela mesma extrai, refina e distribui. Vamos considerar os custoa abaixo para cada uma das etapas (vou usar valores inteiros para faciliar os cálculos e o entendimento):

Extração: R$ 30,00
Refino: R$ 10,00
Distribuição: R$ 10,00

O custo operacional total é de R$ 50,00.


Quantos conjuntos de acionistas precisam ficar felizes? UM. Vamos dizer que uma margem de 30% deixe esses acionistas felizes, então o cálculo do nosso preço final fica assim:

Preço Final = R$ 50,00 (custo) + 30% de Margem (R$ 15,00) = R$ 65,00

Agora vamos imaginar outra situação. Desta vez, a empresa “A” é responsável apenas pela extração. A empresa “B” faz o refino e a empresa “C” faz a distribuição. Os custos operacionais ficam os mesmos. Quantos conjuntos de acionistas precisam ficar felizes? Agora são TRÊS. Assumiremos que todos eles fiquem felizes com 30% de margem. Vamos às contas:

A empresa “A” extrai o produto com custo de R$ 30,00 e ascrescenta a sua margem de 30% (R$ 9,00), repassando então o produto para a empresa “B” por R$ 39,00.

A empresa “B” compra o produto por R$ 39,00, realiza o refino com o custo operacional de R$ 10,00 e acrescenta a sua margem de 30%. A conta fica assim:

R$ 39,00 + R$ 10,00 = R$ 49,00 + 30% (R$ 14,70) = R$ 63,70

Finalmente, a empresa “C” compra o produto e faz a distribuição, acrescentando seus próprios custos operacionais (R$ 10,00) e sua margem de lucro de 30%:

R$ 63,70 + R$ 10,00 = R$ 73,70 + 30% (R$ 22,11) = R$ 95,81

Um produto que antes custava R$ 65,00 passou a custar mais de R$ 95,00.

Adivinhe quem paga a conta? Isso mesmo. Você.
Adivinhe quem lucra mais? Pois é. O mercado.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Desenhando….

    O mais importante de tudo: por que porra o meu dinheiro apodrece em Fundo de Garantia que não remunera nem a inflação do ano, quando ser dono da Petrobrás, através de ações, dá um lucro fabuloso? Assim como dá um lucro fabuloso, ser dono da Vale do Rio Doce, através de ações vendidas na Bolsa? Como Estradas Pedagiadas dão o maior retorno mundial capital investido – retorno financeiro? O mais inacreditável disto tudo : SOMOS OS DONOS DESTAS EMPRESAS E PATRIMÔNIO TODO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E continuamos na miséria secular, enquanto se esbaldam sobre aquilo que já é nosso. Não precisa ser inventado, nem construido, nem implementado, nem nada. Sendo donos de absurda, abissal, estratosférica riqueza, conseguimos nos aprisionar às correntes e grilhões da escravidão da miséria e ignorância e crer que a senzala é todo Mundo onde conseguiremos viver. A estupidez encontrou a sua pátria. O Brasil se explica.   

  2. Onda Privatizante

    Voce està esquecendo que a empresa A vai competir com outras pela exploração e que seu custo de produção deverà cair.

    O mesmo acontecerà com as empresas B e C. 

    A concorrencia farà com que aumente a produtividade e que diminuam os custos.

    Um monopolio, ainda mais brasileiro, além de ser uma fonte de desperdicio e corrupção, não fornece também os incentivos

    para o incremento de sua lucratividade.

     

    1. Não existe concorrência

      Não existe concorrência quando  demanda é maior do que a oferta, ainda mais em um produto essencial como derivados de petróleo.

      Tivemos uma amostra perfeita disso na greve dos caminhoneiros. Se o produto é absolutamente necessário, as pessoas pagam o que for.

      Basta que o produto nacional fique ligeiramente abaixo do custo do importado para que o lucro seja o máximo possível.

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