Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Pelos livros, por Rui Daher

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Por Rui Daher

Sábado, 9PM, ouço ritmos caribenhos na rádio NAGUA, da República Dominicana. Uso o que sábios filhos me fizeram conhecer e que vocês, ainda mais sábios do que eles, já devem conhecer. A tal “Radio Garden”, da internet, e que, entre ontem e hoje, amenizando meu texto anterior, fizeram-me ir do Afeganistão, aos fados portugueses, passando por Marrakesh, no Marrocos. Para a minha finitude as coisas sempre chegam mais tarde e magnifico.

Incrível a capacidade dos ritmos caribenhos nos tentarem a dançar. Daí, descermos por Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e os CTGs do Rio Grande, pororoca com o sul da América desse mesmo Sul, para nos mantermos culturalmente vivos.

Antes, tarde tediosa, nenhum ódio à vista, terminava de ler o livro “Da pizza ao impeachment” (Alameda Casa Editorial, 2018) de Roberto Grün, costumeiro frequentador das páginas do Nassif, professor em São Carlos, aqui por mim já apresentado, e na minha opinião-Brasil um dos maiores conhecedores das Ciências Sociais. Levou-me a ler o melhor do que li, obras que desde a década de 1980 repousam em minhas estantes, talvez inanimadas e sem futuro, mas plenas de pensamento fundamentais.

Enquanto isso, discutimos Bolsonaro como pessoa e fato. Roberto não o faria. Nem mesmo perderia seu tempo e suas leituras para prever o Brasil depois das eleições de outubro.

Ôba, acabei de sintonizar a Rádio Sonera de Santiago de Cuba. Me acalmo e volto ao amigo Roberto:

“Criou-se [no Brasil] o ‘campo dos escândalos’, conjunto de engrenagens sociais, cada uma delas representando espaços até então segmentados e dotados de autonomia, como o do judiciário, da política e da imprensa e que passam a funcionar cada vez mais de maneira sincronizada, convergindo para estigmatizar o governo que destoava, ainda que nem tanto, das habitualidades políticas e culturais dos grupos dominantes na sociedade”.

Alguém duvidará? Contradirá? Por quanto tempo iremos jogar sobre ombros ogros nossas mazelas sociais?

E se alguém não aceitou ou, mais, se horrorizou com meu último texto sobre o atentado a Bolsonaro e a gratidão por quem o fez, e mais ainda em ter procurado a ajuda de Marx, Gramsci e Bourdieu para a sequência da vida política no Brasil, Roberto Grün, assim me ajuda:

“Desarmar essa maquinaria social e cultural que impõe o conservadorismo como estado de equilíbrio e pune severamente qualquer transgressão é tarefa vital para qualquer proposta que pretenda recolocar o otimismo no centro da agenda política e cultural do país”.

Detratores meus, acho que irei continuar a ler livros. Alexandre Frota já lançou algum? Gostaria de lê-lo e conhecer seu ideário. Não? Ah, enganarem-se. Pensaram que eu os deixaria sem alguma galhofa?

Santiago de Cuba pede-me para parar de escrever e apenas adormecer. Cumpro.

https://www.youtube.com/watch?v=0DE3CTcGqCs

 

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

2 Comentários

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  1. Alex Solnik quo vadis?

    “Bolsonaro agita a bandeira da paz”. Essa a manchete do post do jornalista Alex Solnik no 247. Aprofundando mais na leitura do post, percebemos que o jornalista Alex Solnik mudou de repente da água para o vinho. O que será que aconteceu? Quem acompanha o Blog 247 sabe do que estou falando. Alex Solnik é um crítico ácido do Bolsonaro, chegando até ser radical nos comentários sobre o candidto. Lendo seu último comentário ficamos sem saber qual a dele.Por acaso a foto do Bolsonaro na UTI apontando os dedos como se fora uma arma para o Alex que usa óculos traiu sua visão e ele achou que era uma bandeira branca?

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