Banco negocia aportes do FGTS com governo, mas especialistas apontam para balanço saudável. Objetivo de aumentar caixa pode ser eleitoral (Foto Agência Brasil)
Jornal GGN – Além de um novo estatuto que transfere ao Conselho Administrativo da Caixa o poder de admitir ou afastar executivos – função antes do presidente da República – a Caixa aprovou na última sexta-feira (19) a capitalização do banco negociando com o governo usar o FGTS para obter até R$ 15 bilhões, operação que dependerá do aval do Tribunal de Contas da União (TCU).
No começo de janeiro, Temer já havia aprovado uma ajuda à Caixa com recursos do FGTS, mas a liberação foi abafada com o escândalo que resultou no afastamento de quatro vice-presidentes da instituição por corrupção, desvendado nas investigações das operações Greenfield e Sépsis, a primeira sobre desvios em fundos de pensões de bancos e do governo e a segunda sobre irregularidades no Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), vinculado à Caixa.
Segundo informações de especialistas e membros do governo escutados pela Folha de S.Paulo a Caixa não precisa de mais dinheiro para emprestar em 2018 e em 2019. “Em longo relatório sobre a Caixa ao qual a Folha teve acesso, a Fitch diz que, mesmo em 2019, quando o banco terá que se ajustar às regras de Basileia 3 (acordo internacional que busca dar mais solidez ao sistema financeiro), a necessidade de aporte não é dada como certa”, aponta o jornal. Logo, a aquisição de novos aportes pode estar respondendo a uma demanda política e eleitoral.
Ainda, segundo ponderações da Fitch, se o banco tiver que atender existências internacionais de risco em 2019 tem ativos que poderiam ser vendidos para reforçar o caixa, como seguro e participação em subsidiárias. Não precisaria, portanto, recorrer aos recursos dos trabalhadores.
Atualmente a Caixa apresenta uma condição saudável com 60% da sua carteira de crédito no financiamento imobiliário; seguido por saneamento e infraestrutura (11,4%), crédito consignado (9%) e outros. Em 2017, seu lucro subiu 80% para R$ 6,2 bilhões, após dois anos considerados difíceis, explicado porque seu foco é no crédito imobiliário de menor risco porém de rentabilidade também menor, mas que lhe dá mais segurança.
O afastamento de quatro dos 12 vice-presidentes da instituição foi determinada por Michel Temer semana passada por recomendação do Banco Central e do Ministério Público Federal. Mas vale destacar que o MPF pediu, na verdade, afastamento de todos os vice-diretores indicando e caso Temer não atendesse ao pedido de suspensão nos cargos até o dia 26 de fevereiro “poderia ser responsabilizado por futuros crimes cometidos pelos” executivos.
Antes do novo estatuto da Caixa, aprovado sexta-feira, a indicação de cargos era uma carta do presidente da República para negociar com a base no Congresso e o afastamento dos vice-diretores causou insatisfação de partidos com quem Temer estava negociando a reforma da Previdência, entre eles PP e o PR. A executiva afastada Deusdina dos Reis Pereira, por exemplo, é uma indicada do PR.
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