Para cumprir Teto 2021, Guedes sugere “substituições” em investimentos públicos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Para cumprir o Teto, Guedes disse que é preciso "reavaliar, progressivamente, o uso de recursos" e sugeriu o "barateamento do custo de trabalho".

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Jornal GGN – Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou positivamente que o governo “já tem reforma tributária”, a proposta, tal como foi apresentada pela equipe econômica, não foi aceita pelos parlamentares, em reuniões de líderes do Congresso.

Nesta segunda (28), o próprio líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), admitiu que falta consenso. “A reforma tributária ainda não houve um acordo com os líderes sobre um texto possível e continuaremos trabalhando”, disse.

Do lado do governo, Guedes disse que a proposta técnica já está pronta, faltando apenas do “timing político”. “É a política que dá o time”, disse. A afirmação do ministro, contudo, foi seguida dos cenários apresentados pelo próprio governo aonde falta angariar apoio no Congresso.

“Agora, estamos ultimando a reforma tributária. Nós temos a nossa proposta, praticamente pronta, e agora é a política que dá o time. Dois problemas muito sérios estão sendo endereçados. O primeiro, que nós vamos respeitar o Teto [dos Gastos], a sustentabilidade fiscal”, disse.

Neste primeiro ponto, conforme o GGN mostrou em reportagens (aqui e aqui), estudos técnicos mostram que a proposta orçamentária atual do governo para 2021 irá ultrapassar o texto dos gastos.

“O Brasil é um país sério, o Brasil se comporta dentro da responsabilidade fiscal, dentro dos orçamentos públicos e nós então buscamos soluções dentro dessa verdade”, comprometeu-se o ministro.

Parte do fato de que o Teto será ultrapassado no próximo ano se deve a dois pontos não incluídos na PLOA (Proposta de Lei Orçamentária) de 2021: programas sociais como o Renda Brasil ou Renda Cidadã e a desoneração da folha. Contraditoriamente, Guedes afirmou que ambos estão dentro dos gastos do próximo ano.

Para cumprir o Teto, sem se desfazer do “Renda Cidadã” ou da desoneração prevista para diversos serviços, e tampouco aumentando impostos, como acrescentou Guedes, o ministro deu a dica de como deverá solucionar o problema: “reavaliar, progressivamente, o uso de recursos” de investimentos públicos e o “barateando do custo de trabalho”.

“Vamos começar a reavaliar, progressivamente, o uso desses recursos. E por outro lado, foi também dito, com muita propriedade aqui, que nós não vamos aumentar impostos. Estamos substituindo. Então aonde não houver consenso, na reforma tributária, são vários capítulos”, afirmou.

“Um deles é a desoneração da folha, porque nós descobrimos duas coisas gravíssimas. Primeiro, o problema da renda, da desigualdade da renda, Renda Cidadã, agora encontra timing perfeito, do ponto de vista político, para entrar na pauta. Agora, nós vamos ter que aterrisar o auxílio emergencial nessa renda básica a partir de 1º de janeiro. Outro problema, os invisíveis, 40 milhões de brasileiros, vamos ter que pensar em carteira verde e amarela, desoneração de folha, esse pessoal volta ao mercado de trabalho, informal, nós gostaríamos que eles fossem absorvidos pelas empresas, barateando o custo de trabalho, o custo de criar emprego”, completou o ministro, em sua solução.

Ainda, segundo Guedes, “a economia brasileira está voltando aos trilhos”. “Do ponto de vista político, continuamos estudando esse capítulo particularmente na reforma tributária, o resto praticamente já está acertado.”

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Sim…..que tal retorno à escravidão? Cada empresario senhozinho teria direito a dez escravos e escravas……..VTNC!!!!! Bando de canalhas sem vergonha…..

  2. Como sou de outros tempos, já vou me adiantando…
    brasileiros e brasileiras que confiaram nas novas relações de trabalho do moderníssimo governo Bolsonaro, saibam que os entreguistas safados de sempre estão fazendo de tudo para que todos fiquem tão felizes como os nativos das colônias africanas de Portugal ficaram.

    Bem-vindos àquele passado de muito sofrimento para os trabalhadores, mas deveras agradável e lucrativo para os empregadores

    e nada de revoluções, porque vocês merecem tudo isso por terem confiado e apoiado as reformas

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