Pequenas empresas do programa PIPE-Fapesp têm menor taxa de insucesso

E ainda, Fapesp e Finep financiam pequenas empresas brasileiras para atender maior projeto científico do país
 
Jornal GGN – A taxa de mortalidade de pequenas empresas que produzem tecnologia e inovação financiadas pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), gerido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é de 8%. O índice chama atenção, considerando que a taxa média de mortalidade de empreendimentos do mesmo perfil (de base tecnológica) é de 70%, segundo levantamentos do SEBRAE.
 
O dado foi disponibilizado pelo diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, durante sua palestra no 62º Fórum Brasilianas, sobre a importância das pequenas e médias empresas para o desenvolvimento do país, realizado na última terça (25), em São Paulo. Todos os anos a Fapesp lança quatro editais do PIPE, recebendo cerca de 450 propostas, sendo que apenas um terço, ou 150, acabam sendo selecionadas. “Ano passado aprovamos 3 projetos por semana, mas podemos aprovar ainda mais”, ressaltou o professor Brito Cruz. 
 
A data limite para a apresentação de propostas para o próximo edital é 3 de novembro, sendo que 30 dias antes a Fapesp realizará um encontro para interessados que tiverem dúvidas sobre os requisitos técnicos do projeto.  Cada proposta selecionada pode receber até R$ 1,2 milhão. “O interessado não precisa trazer o produto já desenvolvido, mas tem que nos convencer de sua potencialidade”, explicou Brito Cruz. 
 
O professor destacou que o PIPE faz parte de uma visão ampla que propõe o desenvolvimento local e regional baseado no incentivo às pequenas e médias empresas que produzem tecnologia e inovação, dado o potencial maior que possuem de gerar impacto sobre a economia. Um dos exemplos citados por ele é a Padtec, empresa criada em 2007 por estudantes de engenharia elétrica da Unicamp. Os jovens desenvolveram um equipamento para amplificar o sinal da fibra ótica, utilizado, sobretudo, por operadoras para transportar dados de telefonia, TV e internet. Em algumas localidades o sinal da fibra ótica chega mais fraco, assim esse equipamento permite a garantia da qualidade dos serviços. 
 
“No início de 2007, eles tiveram apoio do CPqD [Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações] para testar e fazer os primeiros aparelhos, que acabou se tornando um dos acionistas da empresa. No ano passado a Padtec, faturou 300 milhões de dólares, saindo da categoria de micro e pequena empresa”, contou Brito Cruz.
 
Atualmente a empresa tem laboratórios de pesquisa em Campinas, Israel, Itália e Califórnia. Alguns dos componentes utilizados pela Padtec são importados, fator que levou outro estudante da Unicamp a descobrir que uma das peças era fornecida por uma empresa de Washington. “Ele conseguiu um empréstimo do BNDES para comprar essa fornecedora, foi até os Estados Unidos, pegou todo o equipamento e trouxe para cá, criando uma nova empresa que está crescendo, a BR Fotonix”, completou Brito Cruz.
 
Outro exemplo de pequena empresa financiada pelo PIPE e que hoje apresenta potencial de crescimento é a Griaule. Começou com apenas um engenheiro formado pela Unicamp que iniciou o desenvolvimento de um software de reconhecimento de impressão digital. Com a chegada do investimento e a entrada de outros engenheiros criou um sistema melhor do que os que já existiam no mercado. “Há dois anos a Griaule conseguiu fazer parte do consórcio que ganho a licitação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral para identificação biométrica das urnas eletrônicas. Agora está crescendo e exportando o sistema de reconhecimento digital”, pontuou o diretor científico da Fapesp. 
 
Outro caso destacado foi da Movile, de um ex-estudante da ciência da computação da Unicamp. A empresa criou softwares que enviam mensagens de texto com propagandas ou notícias para celulares faturando, em 2014, R$ 400 milhões. “Quando você ficar chateado porque recebeu uma dessas mensagens, lembre que tem alguma pequena empresa gerando emprego e riqueza”, brincou Brito Cruz no fórum. 
 
Como é possível observar, todos os exemplos levantados pelo professor são de estudantes da Unicamp, que é atualmente a única instituição de ensino superior no país que faz esse tipo de levantamento, ou seja, de empresas criadas por professores ou estudantes seus . “São 254 empresas apresentadas, responsáveis por 16 mil empregos e faturamento anual total de R$ 2 bilhões. Algumas delas nem são mais micro ou pequenas. Assim eu acredito que esse número pode ser ainda maior, se outras universidades públicas como a USP fizessem o mesmo tipo de levantamento”, ressaltou. 
 
Sirius, o maior projeto científico do Brasil 
 
O Brasil está construindo em Campinas (SP) um anel acelerador de partículas do tipo sincrotron, chamado Sírius, no Laboratório Nacional de Luz Síncronton (LNLS). O equipamento terá 165 metros de diâmetro e ajudará no desenvolvimento de ciência em diversas áreas como física, química, biologia, geociência, medicina, engenharia e novos materiais. O orçamento previsto para a obra é de R$ 1,3 bilhão financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e outras agências de fomento, dentre elas a Fapesp.
 
O programa também está preparando pequenas empresas brasileiras para serem fornecedoras de peças e equipamentos. Para tanto foi feito um levantamento dos desafios de ciência e tecnologia que podem ser atendidos por pequenas empresas. “Baseado nesse trabalho, fizemos um edital e anunciamos recentemente os primeiros 13 projetos (de 8 empresas) que ganharam. Essas empresas vão aprender para depois fornecer para o governo por meio do LNLS”, explicou Brito Cruz.
 
Na última quinta-feira (27) Fapesp e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, do MCTI) anunciaram um novo edital disponibilizando R$ 1 milhão por projeto de pequenas empresas interessadas no desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores para o Sirius. No mesmo dia, as duas instituições lançaram outros dois editais, também para MPEs, sendo um voltado para a produção de manufaturas avançadas e outro para propostas com potencial de inovação em todas as áreas de conhecimento. Clique aqui para mais informações sobre as novas chamadas.  
Redação

2 Comentários

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  1. Estou lembrando-me do Porto

    Estou lembrando-me do Porto Digital em Pernambuco (sei de casos de sucesso de produção de softwares para celulares);

    Pólo do Software em Florianópolis (inclusive exporta software de Logística para o Porto de Santos – isso com a USP bem próxima a Santos);

    Pólo de Tecnologia da UFRGS em Porto Alegre.

    A questão que o professor Brito Cruz coloca: alguma desta universidade faz este tipo de levantamento?

    Algum leitor sabe de algo?

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