Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Adeus às metas de inflação, por André Araújo

Por André Araújo

O sistema de metas de inflação foi impantado no Brasil na gestão Armínio Fraga no Banco Central, através de um Decreto (3088/99) assinado pelo então Presidente FHC. O introdutor do sistema foi o então Diretor de Política Econômica do Banco Central, Sergio Werlang, que depois de sair do BC foi ser Vice Presidente do Banco Itaú. O sistema é um derivado do “modelo monetarista” e decorre de um axioma de Milton Friedman, em “A Contra Revolução da Teoria Monetária” de 1970. Dizia Friedman que “A inflação é sempre e em todo o lugar um fenômeno monetário e só pode ser produzida por uma expansão muito rápida da quantidade de moeda maior que a produção”.
 
Esse axioma pressupõe uma economia de livre mercado e sem interferência governamental nos preços. Se esta existir o axioma deixa de ser verdadeiro. Preços administrados causam inflação mesmo sem expansão monetária, é o que ocorre hoje no Brasil, a inflação de 2015 decorre do brutal aumento das tarifas de energia e combustíveis.
 
O problema da importação de modelos é esse. Em economia há conceitos e circunstâncias, não só conceitos, como pretendem os mestrandos em economia que saem do Brasil para estudar nos Estados Unidos e voltam com conceitos sem reparar nas circunstâncias do seu País, que são diferentes dos EUA, como qualquer outro País tambem.

Ontem a economista Monica de Bolle, de primeira linha e do círculo Millenium-Casa das Garças, portanto com credenciais impecáveis propôs o impensável: o abandono do sistema de metas de inflação, algo que venho propondo há dez anos em livros e artigos porque é um sistema que não convêm ao Brasil por circunstâncias.
 
A proposta é lógica, mas seu corolário é vicioso. De Bolle propõe abandonar a meta MAS para combater a inflação propõe queimar reservas cambiais para evitar que o dólar suba. Mais que um erro, é uma loucura. As reservas são a última trincheira da economia brasileira, sem elas haverá crise cambial e esta, como diz o sábio Mario Henrique Simonsen, “a inflação aleija mas a crise cambial mata”.
 
O sistema de metas de inflação foi concebido pelo sistema financeiro para a defesa de sua liquidez e de seus ativos em papel, que dependem mais que qualquer outro setor, da estabilidade da moeda. O único ativo dos bancos é papel financeiro, com inflação ele perde valor e ganham os devedores. Para o industrial não é tão grave, seu ativo são máquinas e estoques físicos, prédios e marcas, com inflação a correção é automática.
 
O problema do sistema é que torna-se a variável-mestre da economia e em torno dessa variável se traçam as outras políticas, especialmente a taxa de juros. É a conta de juros mais os swaps cambiais o maior custo do orçamento brasileiro, muito maior que todos os demais itens. É essa conta que existe para defender a “meta de inflação” que causa a recessão hoje invencível sem mudar os vetores que alimentam a recessão e o desemprego.
 
O abandono das metas de inflação é necessário para reativar a economia estagnada. Esta só pode ser vitaminada por expansão monetária que faz voltar a renda, a demanda, o emprego e o crescimento. O custo disso será mais inflação, mas este custo é suportável se voltar o emprego, que cria demanda e crescimento, depois volta-se a programar o controle da inflação com ou sem metas mas com as variáveis centrais da economia nos seus lugares, com emprego e arrecadação provocada pela reativação da economia os ajustes são faciveis.
 
Mas há um axioma, com o atual Plano jamais haverá crescimento da economia, para isso é necessário o oposto do Plano Levy, expansão monetária para fazer girar a capacidade ociosa em todos os setores, provavelmente a inflação nem subirá significativamente por causa da sobra de capacidade existente na indústria e nos serviços.
 
Fico feliz que uma economista do nível de Monica De Bolle tenha chegado a mesma conclusão embora sua segunda ferramenta seja absurda, não se queimam reservas para salvar a inflação, esta é menos importante que as reservas.
 
Na normalidade da vida de um País, a estabilidade monetaria deve ser o padrão, mas há tempos em que é preciso expandir a moeda para relançar a economia e nesse caso a inflação fica em segundo plano, depois cuida-se dela.
Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

67 Comentários

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  1. André: sempre leio o que

    André: sempre leio o que escreve. No texto de hoje acrescentaria a desonestidade daqueles que, por conta da inflação, aumentam absurdamente os preços, muito além do aumento dos custos. 

    Voltando ao seu texto, o que haverá por trás da manutenção do Ministro Levy? Acho que nós, por mais que procuremos nos informar, nunca chegaremos às raízes de determinadas decisões, presidenciais ou outras. Evidentemente, como pano de fundo estão poderosos interesses econômicos, sobretudo interesses financeiros. Porém, entre o “fundo e a suprefície” há muitas camadas não desvendadas.

    1. Hoje por causa da recessão e

      Hoje por causa da recessão e do desemprego não há espaço para aumentar preços abusivamente porque a demanda caiu. Isso se vê nos produtos importados, os estoques não foram remarcados porque os produtos iriam encalhar.

      O Ministro Levy foi indicado pelo sistema financeiro do qual  veio. Não tem o perfil para Ministro, não enfrenta cara a cara desafios, não entra em bola dividida. Deveria bater de frente contra aberrações de despesas como os “auxilios”

      que triplicam ou quadruplicam salarios no topo dos servidores do Estado, incluindo Legislativo e Judiciario.  Como pode uma

      insituição definir seus proprios gastos, se ela depende do Tesouro para paga-los? O empregado é que diz ao patrão quanto vai ganhar? Há tambem fraudes em todos os programas de auxilios, do pesacador ao bolsa familia, o Ministro não põe a cara para enfrentar esses desvios de dinheiro publico, era sua obrigação faze-lo para ganhar apoio da população.

       

      1. André: grata pela gentileza

        André: grata pela gentileza da resposta. Mas para vários produtos, está sim, havendo aumento abusivo de preços. Pelo menos nos supermercados, dos quais é difícil escapar. Afinal, temos de comer, não é? 

      2. Muito interessante seu

        Muito interessante seu comentario Andre. Nao sou economista, sou das ciencias sociais mas tenho nocoes fortes de economia e direito. Este ultimo, cursei quase ate o final mas por conta do mestrado na epoca abandonei. Moro no exterior ha quase 10 anos.

        Impressionante do seu comentario eh que, mesmo como leigo, cheguei a mesma conclusao no tocante aos “auxilios” e “outras despesas” qdo dei uma olhada no “portal da transparencia” do governo do Parana para dar uma ver as contas do Estado. A unica coisa que nao ha nos relatorios do portal é transparencia e clareza nas contas do estado. Sao escandalos apos escandalos no estado e esta todo mundo solto pq certas patotinhas politicas do estado ou fazem parte ou conseguem comprar a juizada toda.

         Hj estava vendo um video no qual um policial “daqueles do bem” atira uma bala de borracha a queima roupa com uma 12 num rapaz em protesto pacifico no nordeste. Nos comentarios tinha um gaucho com a imagem do “Sul eh o meu pais” falando que o rapaz mereceu, que “isso que da estudar humanas”, chamando todo mundo de pao com mortadela, sendo racista, xingando o pessoal de todas as baixarias e logico falando que no nordeste so tem preguicosos e que eles sao um fardo para o pais. Como sou do PR conheco bem o sul e SP muito bem e lamento profundamente esse tipo de atitude mas tenho consciencia que isso vai demorar para mudar.

        Resumindo, seu comentario reforca minha “tese” de que nao ha um passe de magica economico, formula das exatas ou uma matematica milagrosa para salvar um pais. O país tem um problema serissimo cultural de uma louvada e bem vista desonestidade em varios niveis e proporcoes que ainda acho que vai perdurar por geracoes. Tenho a seguranca que uma reforma educacional eh um passo desicivo para mudar isso. As escolas (privadas ou publicas) no formam papagaios de pirata oportunistas. Alem disso ainda no colegio, nao é ha espacao para a formacao de mao de obra razoavelmente qualificada = “tecnica” (mecanicos, construtores, marceneiros, informatica, logistica, treinamentos industriais, controle de qualidade…..). No Brasil eh dificil encontrar gente competente e disposta a trabalhar honestamente para qqer coisa, de pedreiro a medico.

        O ideal seriam escolas integrais publicas com matérias profissionalizantes (inclusive artes e musica, pois nao da para ter uma nacao de engenheiros) e “estagios de formacao” obrigatorios no periodo da tarde. O proprio fato dos alunos ficarem na sala e ao inves do  professor ja da muito pano para manga para o pessoal que trabalha com simbolismo, cultura e identidade. Nao eh a toa que nos EUA e na UE quem é o dono da sala eh o prof. Nao vejo no horizonte a mais infima chance da direita apoiar (eles nao tem capacidade de elaborar) um projeto que conceba um futuro decente para o país.

         

      3. Muito interessante seu

        Muito interessante seu comentario Andre. Nao sou economista, sou das ciencias sociais mas tenho nocoes fortes de economia e direito. Este ultimo, cursei quase ate o final mas por conta do mestrado na epoca abandonei. Moro no exterior ha quase 10 anos.

        Impressionante do seu comentario eh que, mesmo como leigo, cheguei a mesma conclusao no tocante aos “auxilios” e “outras despesas” qdo dei uma olhada no “portal da transparencia” do governo do Parana para dar uma ver as contas do Estado. A unica coisa que nao ha nos relatorios do portal é transparencia e clareza nas contas do estado. Sao escandalos apos escandalos no estado e esta todo mundo solto pq certas patotinhas politicas do estado ou fazem parte ou conseguem comprar a juizada toda.

         Hj estava vendo um video no qual um policial “daqueles do bem” atira uma bala de borracha a queima roupa com uma 12 num rapaz em protesto pacifico no nordeste. Nos comentarios tinha um gaucho com a imagem do “Sul eh o meu pais” falando que o rapaz mereceu, que “isso que da estudar humanas”, chamando todo mundo de pao com mortadela, sendo racista, xingando o pessoal de todas as baixarias e logico falando que no nordeste so tem preguicosos e que eles sao um fardo para o pais. Como sou do PR conheco bem o sul e SP muito bem e lamento profundamente esse tipo de atitude mas tenho consciencia que isso vai demorar para mudar.

        Resumindo, seu comentario reforca minha “tese” de que nao ha um passe de magica economico, formula das exatas ou uma matematica milagrosa para salvar um pais. O país tem um problema serissimo cultural de uma louvada e bem vista desonestidade em varios niveis e proporcoes que ainda acho que vai perdurar por geracoes. Tenho a seguranca que uma reforma educacional eh um passo desicivo para mudar isso. As escolas (privadas ou publicas) no formam papagaios de pirata oportunistas. Alem disso ainda no colegio, nao é ha espacao para a formacao de mao de obra razoavelmente qualificada = “tecnica” (mecanicos, construtores, marceneiros, informatica, logistica, treinamentos industriais, controle de qualidade…..). No Brasil eh dificil encontrar gente competente e disposta a trabalhar honestamente para qqer coisa, de pedreiro a medico.

        O ideal seriam escolas integrais publicas com matérias profissionalizantes (inclusive artes e musica, pois nao da para ter uma nacao de engenheiros) e “estagios de formacao” obrigatorios no periodo da tarde. O proprio fato dos alunos ficarem na sala e ao inves do  professor ja da muito pano para manga para o pessoal que trabalha com simbolismo, cultura e identidade. Nao eh a toa que nos EUA e na UE quem é o dono da sala eh o prof. Nao vejo no horizonte a mais infima chance da direita apoiar (eles nao tem capacidade de elaborar) um projeto que conceba um futuro decente para o país.

         

  2. André, me esclareça.

    Nem de longe possuo tua formação, mas quando afirma “O abandono das metas de inflação é necessário para reativar a economia estagnada. Esta só pode ser vitaminada por expansão monetária que faz voltar a renda, a demanda, o emprego e o crescimento. O custo disso será mais inflação, mas este custo é suportável se voltar o emprego, que cria demanda e crescimento, depois volta-se a programar o controle da inflação com ou sem metas mas com as variáveis centrais da economia nos seus lugares, com emprego e arrecadação provocada pela reativação da economia os ajustes são faciveis.” não há a variável tempo na análise. E mais, há o famose se. Como vivi os períodos áureas de inflação no Brasil, a variável tempo para mim é importante, e quanto ao se, sabemos que o Brasil não é fácil. 

  3. Concordo com você.
    A meta de

    Concordo com você.

    A meta de inflação é uma armadilha elaborada por cabeças de planilha, na qual o Brasil se meteu para preservar os ganhos dos rentistas. No caso, somente estes ganham e todo o resto perde. Pela lógica destes “economistas”, se a inflação sobe, para combatê-la aumenta-se os juros. Os lucros dos bancos estão aí para provar.

    Também acho que um pouco de inflação não fará mal a ninguém. 

    Mas, devemos nos lembrar que o atual caos começou com a campanha pró inflação desencadeada pela globo quando não havia inflação. A campanha tinha o claro objetivo de provocar instabilidade econômica para prejudicar o governo.

    Uma rede que é praticamente um monopólio de alcance nacional falando de inflação 24 horas por dia poderia causar, como causou, inflação de “expectativa”.

    Jamais vou esquecer daquela maldita ana maria braga(minúsculo mesmo) com o colar de tomates no pescoço. pena que não se enforcou com ele. 

    1. A cultura inflacionária no Brasil

      Essa resposta é uma boa amostra de como a cultura inflacionária no Brasil é tão enraizada, que o ato de combater a inflação é visto como truque malicioso de alguém.

      Também acha que um pouco de inflação não faz mal a ninguém? Acha, é?

      1. Para, Pedro, para! Acorda!

        Você não mora na Suiça. Um pouquinho de inflação existe há vinte anos no Brasil. Repara que no ano em que ela foi mais baixa, o país quebrou:

        1. Um pouquinho de inflação…

          Um pouquinho de inflação existe no mundo inteiro, inclusive na Suíça. E em todos os lugares onde ela existe, ela é nociva.

          Quando a inflação foi baixa, o país quebrou? Vamos ver se suas ideias correspondem aos fatos. Na era do real, o período de inflação mais baixa, menos de 5%, aconteceu durante os oito anos de Lula. Naquele tempo o país estava quebrado, certo? O auge da inflação aconteceu no final dos anos 80, entre Sarney e Collor. naquele tempo o país estava bombando e crescendo a mil, certo?

          1. A inflação não é DESEJAVEL

            A inflação não é DESEJAVEL como objtivo, ela é um instrumento para combater a recessão e a depressão em CERTAS CIRCUNSTANCIAS. Foi assim que se enfrentou a Grande Depressão de 1929 e Keynes propos exatamente isso na carta enviada a Roosevelt em 30 de maio de 1933, base do New deal. É um remedio para reativar a economia que se encontra paralisada. O proprio Japão com 30 anos de estagnação está usando a inflação para voltar a crescer e está dando certo.

            Portanto deve ser vista como um REMEDIO temporario e dirigido a um fim, no Brasil atual estamos nesse quadro.

          2. Longe de mim ter saudades do Sarney.

            Foi o período de inflação mais alta da história do país, que chegou ao auge nas mãos do maílson, que hoje vive dando lições nos circuitos onde você se informa sobre economia. Mas, olha só:

            Você precisa corrigir seu déficit de leitura, eu escrevi de modo claro: que no ano em que ela [a inflação] foi mais baixa, o país quebrou.

            Não falei em período, mencionei ano. Vai lá no gráfico postado e confira que, em 1998, houve o registro da inflação mais baixa. Sabe como foi? Era ano da reeleição, que FHC havia comprado no congresso nacional. Então ele bancou a demagogia do Real super-apreciado, como queria os rentistas de sua equipe econômica, promoveu uma farra de importações para segurar a inflação bem baixa e assim se reeleger. Foi reempossado com o país falido, em meio a uma crise cambial, aquela que mata, na observação do Simonsen, lembrado pelo André em comentário aí acima.

            PS: Você também não sabe ler gráficos, pois escreve: “o período de inflação mais baixa, menos de 5%, aconteceu durante os oito anos de Lula”. Somente em 3 dos 8 anos, menos da metade, portanto, a inflação ficou levemente abaixo de 5 % nos governos Lula. Em média ela ficou em 6,4 %, acima dos cinco como você diz. O primeiro mandato da Dilma foi o período de mais baixa inflação e piores resultados do PIB na era do Real.

          3. brincadeira, o sujeito bota

            brincadeira, o sujeito bota os períodos e só… governo collor/itamar crescimento baixo em função da desorganização econômica (inflação) do governo anterior.

      2. “”Assim sendo a inflação é

        “”Assim sendo a inflação é injusta e a deflação é ineficiente, das duas a deflação é a pior porque é mais grave em uma economia empobrecida provocar desemprego do que desapontar os rentistas.””  JOHN MAYNARD KEYNES em “”Essays in Persuation”.   Lord Keynes, maior economista do Seculo XX, com suas ideias relançou a economia americana aniquilada pela Depressão de 1929 e criou em 1944 o sistema financeiro global que permanece até hoje, o Sistema Bretton Woods.

        Keynes não tinha nenhum problema com a inflação em certas fases da economia.

        1. Pois é.

          Eu não sabia que Keynes era… da CEPAL, um defensor de “teses cepalinas”, como foi dito acima. Um arauto da “cultura inflacionária”, vai ver, ele viveu uma longa temporada no Brasil, onde adiquiriu a tal “cultura”. É o que dá no cara se informar sobre economia no circuito leitão-sardenberg, além das ladainhas, fica repetindo como papagaio até o jargão dos santuários rentistas.

  4. De volta às teses cepalinas

    Um pouquinho de inflação é necessário para ativar a economia e baixar o desemprego? Era uma tese muito propagada pelo Celso Furtado lá pelos anos sessenta, década em que a cabeça de muitos intelectuais brasileiros permanece estacionada.

    Mas afinal, inflação faz crescer a economia e diminui o desemprego?

    Emitir moeda sem lastro é como imprimir dinheiro falso. Quando se diz que a inflação é de 9%, o que se quer dizer é que para cada 109 reais emitidos pela Casa da Moeda, 9 reais são dinheiro falso. Ora, empregos criados com dinheiro de mentira são empregos de mentira, criados à custa da perda do poder aquisitivo daqueles que já estão empregados. É como se o seu patrão chegasse para você e dissesse: vou descontar 9% do seu salário para dar emprego ao seu colega que está desempregado. Não deixa de ser uma redistribuição de riqueza… do trabalhador para o trabalhador!

    Mas não me admira que tenha tanta gente doida para detonar o sistema de metas de inflação. Inflação não é problema nenhum para quem emite a moeda, é problema para quem usa a moeda. Para quem emite, então, longe de ser problema, é solução: basta imprimir mais dinheiro que os rombos do governo estão magicamente cobertos e a fatura vai para o infeliz usuário do papel-moeda, que a paga mediante a perda de seu poder aquisitivo. É como criar um novo imposto sem precisar da aprovação do parlamento. Permite também diminuir os salários, o que é proibido por lei: basta dar reajuste inferior à inflação acumulada que o efeito é o mesmo. Enfim, é uma ferramenta que concede ao governo amplo poder em colocar a mão no bolso dos cidadãos, coisa que fará sob o argumento de que assim estará induzindo o crescimento e beneficiando a população, e que se coaduna perfeitamente com a ideologia totalitária e não reconhecedora da inviolabuilidade da propriedade privada – segundo creem, para realizar o suposto bem comum, o governo deve ter total autonomia para se apropriar do dinheiro da população, inclusive por intermédio da inflação, que é uma forma de roubo tão sofisticada que prescinde até da necessidade de se remover fisicamente as notas da carteira dos cidadãos. É o que o governo sabe fazer melhor: roubar. Roubar. Roubar. Roubar e dizer que é para o bem do povo. Roubar. Roubar. Roubar. Roubar. Roubar.

    O sofisma de que “um pouquinho de inflação” faz crescer a economia podia fazer algum sentido lá nos tempos do Celso Furtado, quando o Brasil tinha uma indústria incipiente e uma carga tributária baixa. Na época atual, será um desastre. Vale lembrar que todos os surtos de crescimento anteriores do Brasil foram acompanhados de alta da inflação, e por este motivo não foram sustentáveis. Foi assim na época de JK e do “milagre”. Mas nos dois primeiros mandatos de Lula, o surto de crescimento foi sustentado pela expansão do crédito, coisa que obviamente só acontece em um cenário de inflação sob controle. Fazer voltar a inflação agora fará voltar para a classe D todos os brasileiros que passaram à classe C nos anos Lula.

    1. Moeda sem lastro?  E qual

      Moeda sem lastro?  E qual moeda do mundo tem lastro? NENHUMA. O dolar tem qual lastro? O Banco Central do Brasil NÃO está emitindo moeda nem com e nem sem lastro, o meio circulante está estavel, nossa inflação não vem da expansão monetaria e sim da elevação de preços administrados na maior parte e na menor no crescimento de gastos correntes do Governo.  Não proponho emissão de moeda e sim a baixa dos juros que automaticamente vai fazer a moeda sair do rentismo e ir para investimentos produtivos. O juro alto inibe o investimento produtivo e gera a recessão.

      A expansão monetaria que decorre da baixa dos juros não é um objetivo permanente, é um instrumento anti-ciclico para sair de uma recessão, é como remédio que se usa quando se está doente.

      1. Basta não gastar mais do que se arrecada

        O dólar não tem lastro, mas não desvaloriza. Por que será?

        Não tem segredo, basta não gastar mais do que se arrecada. Isso se chama responsabilidade fiscal. Como dinheiro não nasce em árvores, se o governo gasta mais do que arrecada, alguém paga a conta. Esse alguém sou eu e você, que pagamos a conta através da perda de nosso poder aquisitivo.

         

        1. Comentar chutando informação é mole.

          O cara não sabe dizer qual é o lastro do dólar, então chuta chavões do circuito leitão-sardenberg: “basta não gastar mais do que se arrecada”; “Isso se chama responsabilidade fiscal”; “dinheiro não nasce em árvores”; “governo gasta mais do que arrecada”.

          Vamos olhar o gráfico a seguir e achar outra desculpa para o dólar não se desvalorizar. Vai, Mundim, para de ouvir a dupla leitão-sardenberg, estude um pouquinho, que você vai achar uma explicação melhor, para o dólar não se desvalorizar muito, ao menos por enquanto.

          Haja responsabilidade fiscal do Tio Sam:

          PS: Além de não explicar qual é o lastro do dólar, você não respondeu ao André sobre qual moeda do mundo tem lastro.

          1. Dê sua interpretação para o gráfico.

            A que você acha que é correta. Já que você é um bom interpretador de gráficos, aproveite para interpretar o gráfico seguinte e explicar, por que a dívida americana se comportou, em consonância com o gráfico anterior, encolheu quando houve superativ no orçamento.

            Em tempo: Aproveita também para contestar o André e mostrar os dados que comprovem, de que está havendo emissão de moeda, de crescimento do meio circulante.

    2. Não li mas concordo. Em vez

      Não li mas concordo. Em vez de se apropriar do dinheiro do povo, deviam taxar grandes fortunas, taxas heranças exorbitantes, rever a tábua rasa do IRPF, recuperar dinheiro de sonegador que se esconde em terras virgens, embora prostitutas..

      1. Taxar as grandes fortunas

        Se você acha que taxar as grandes fortunas vai resolver alguma coisa, deve acreditar que o dinheiro dos ricos está debaixo da cama prontinho para ser confiscado e convertido em escolas, hospitais, bolsas e tudo o mais, né?

        Ocorre que as grandes fortunas estão aplicadas de várias maneiras, e se voce confisca esse dinheiro, você joga na pobreza todos aqueles que dependem direta ou indiretamente da forma como esse dinheiro está aplicado.

        Você acredita mesmo que tirar o dinheiro daqueles que sabem criar empreendimentos e dá-lo àqueles que só sabem roubar, dar emprego aos padrinhos e contratar as empresas dos compadres vai beneficiar a população?

  5. [  O sistema de metas de

    [  O sistema de metas de inflação foi impantado no Brasil na gestão Armínio Fraga no Banco Central, através de um Decreto (3088/99) assinado pelo então Presidente FHC  ]  basta dizer isso para que todo saiba que se trata de coisa  politicamente imoral

  6. Nada a ver. Nada a ver.
    O que

    Nada a ver. Nada a ver.

    O que Mônica disse é que o sistema de metas de inlfação não está funcionando, ou seja, deve-se suspender o que não está funcionando; e  ela propôs uma discussão de outras alternativas de forma TEMPORÁRIA como, por exemplo, a âncora cambial.  

    Ouçam aqui:

     

    http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/economia-de-quarta/2015/10/14/AUMENTO-DOS-JUROS-NAO-COMBATE-MAIS-A-INFLACAO-SEM-PREJUIZOS-AS-CONTAS-PUBLICAS.htm

     

     

     

     

    1. Quando postei este comentario

      Quando postei este comentario em FORA DE PAUTA coloquei o link da fala da Monica na CBN, não sei porque não entrou no artigo. Ela propõe o fim das metas de inflação por razões erradas mas o fato é que propõe , depois disso propõe uma insanidade que é queimar reservas cambiais para segurar a inflação, na linha dos “economistas de mercado” que é ter a inflação como ONSESSÃO, acima de todas as demais variaveis, inclusive a manutenção de reservas cambiais. O Ministro Mario Henrique Simonse, que era ultra ortodoxo, jamais proporia isso porque para ele a crise cambial é fatal, enquanto a inflação não é.

      De qualquer modo, é a primeira entre os ” de mercado” que advoga a heresia de acabar com as metas de inflação, jamais Tombini proporia isso e ninguem do BC, portanto devemos dar a Monica o mérito de um “insight” audacioso.

      1. olha o mota araujo aí de novo

        olha o mota araujo aí de novo palpitando.. simonsen falou essa frase num contexto de câmbio fixo.. câmbio flutuante a história é outra mota araujo..

  7. Tratar a inflação como

    Tratar a inflação como variável pouco importante é relegar a própria teoria à irrelevância. A inflação é o maior instrumento de concentração de renda que existe. Isso é reconhecido até mesmo pelos governos petistas que, quando tentaram a tal da “nova matriz econômica” fracassaram. Tanto que voltaram, a despeito do alto custo político, ao sistema original. Teorias heterodoxas precisam fundamentar muito bem os efeitos sobre a inflação, para além de “um pouquinho não faria mal” ou “depois voltaria ao normal”. Tivemos o suficiente de planos heterodoxos na década de 80 para dispormos de amostragem representativa.

    1. http://www.nybooks.com/articl

      http://www.nybooks.com/articles/archives/1971/may/06/living-with-inflation/

      A inflação só existe para combater a depressão e é desejavel em certas circunstancias, como é um pouco de alcool.

      Grandes economistas de relevancia mundial, sem falar de Lord Keynes que era favoravel à inflação para combater a depressão, outros como James Tobin, Premio Nobel de Economia, tambem pretendem ser a inflação um instrumento a se usar quando necessatiro reativar a economia.

      O mantra da INFLAÇÃO PROXIMA DE ZERO é dos anos 80 e é um bandeira do sistema financeiro para proteger seus ativos, quanto mais proxima de zero melhor para os bancos e pior para os devedores dos bancos.

      A atual concentração de renda e riqueza atingiu uma escala NUNCA sntes alcançada na histori da humanidade e isso se deve às politicas de INFLAÇÃO PROXIMA DE ZERO, que aumenta o poder dos credores, que são a minoria, contra os devedores, que são a maioria e estão na economia da produção, enquanto os credores estão na economia do rentismo.

      1. Poderia explicar melhor sua

        Poderia explicar melhor sua teoria? Inflação é alta de preços. Quem precisa pagar preços mais altos são os consumidores. O peso do consumo na renda das famílias é inversamente proporcional à sua renda. Então, inflação maior é transferência de renda para empresários donos dos meios de produção de bens e serviços. Você quer dizer que eles ganhariam também na desvalorização de seus passivos junto aos bancos? Eles ganhariam nas duas pontas e seriam uma classe privilegiada em detrimento dos consumidores e bancos? Quase lá. Sabe porque? Por que os ativos bancários são protegidos e indexados. Não haveria perda para eles. Então, se não há perda para os bancos que protegem seus ativos e não há perda para os empresários que ganham no aumento de preços, quem paga a conta? Isso mesmo, os consumidores. É tanto mais quanto maior for o peso do consumo em sua renda, ou seja, os mais pobres. Quanto a economistas keynesianos, não à toa estão circunscritos a teóricos afeitos a romantismos, pouco havendo de pratica no mundo hoje. Aí incluso o Nobel.

        1. Nada é tão simples. A

          Nada é tão simples. A altrnativa é entre pagar mais com emprego ou não ter emprego e não poder comprar nem com preços estaveis. As duas coisas são ruins, é preciso fazer um trade-off entre o ruim e o muito ruim.

  8. caro mota araujo, não queira

    caro mota araujo, não queira implementar modelitos sem fazer um mínimo de análise crítica.. expansão monetária como incentivo em economias com inflação alta não funciona.. somente iria aumentar inflação, o que inibe investimentos.. é simples.. o problema brasileiro é o déficit fiscal, que acaba sendo financiado via juros ou inflação.. os números da economia brasileira pioraram em 2014, a expansão monetária de 2014 não nos livrou da crise em 2015..

    tempos atrás vc escreveu neste blog sobre a famosa frase de friedman “não existe almoço grátis”..complementou vc: “ora, tb não existem sapatos grátis, geladeiras grátis”.. realmente vc não entendeu o que friedman, de forma simples e elegante ,quis dizer, de que escolhas são feitas numa sociedade.. e realmente o sistema de metas de inflação é algo complexo, não é para leigos.. sinceramente se eu pegasse uma peça de direito acho que pouco entenderia tb.. enfim, parece que o brasil escolheu conviver com defcits fiscais permantentes, e o preço será o de crises e crises.. com certeza vc não consegue entender este fato.

      1. Deficit fiscal quase todos os

        Deficit fiscal quase todos os paises tiveram em algumas fases da economia, os EUA chegou a ter 9% de deficit fiscal.

        Se não houvesse deficit fiscal nenhum Pais teria divida publica e todos tem.

        1. sim, governos têm deficts,

          sim, governos têm deficts, empresas têm dívidas, o problema é quando a trajetória torna o pagamento inviável.. p.ex, deficits contínuos em países com histórico de deficts contínuos..

          mas aproveito caro mota araujo, o que quis dizer com a assertiva “ora, mas tb não existem sapatos, geladeiras grátis”, em crítica à frase “não existe almoço grátis”… acha que existe almoço grátis?

           

    1. Almoço grátis

      Sou muito ignorante mesmo. Achava que isso de almoço grátis tinha relação com financiamentos de campanha eleitoral, pagamentos de contas de água e luz. Concorde ou não..

  9. “O único ativo dos bancos é

    “O único ativo dos bancos é papel financeiro, com inflação ele perde valor e ganham os devedores.” 

    Contradição:

    “Jossimar: “… o Brasil se meteu para preservar os ganhos dos rentistas. No caso, somente estes ganham e todo o resto perde. Pela lógica destes “economistas”, se a inflação sobe, para combatê-la aumenta-se os juros. Os lucros dos bancos estão aí para provar.”

    “Para o industrial não é tão grave, seu ativo são máquinas e estoques físicos, prédios e marcas, com inflação a correção é automática.”

    Contradição:

    A crise recessiva provocada pela queda nas vendas, com interesses dos banqueiros pelo aumento de juros, não está sendo tão grave para o industrial? Então não tem crise.

    Na economia não existe tese alguma que funcione. Se não fosse o BC e a mídia promoverem as metas de inflação|juros não existiria nem uma coisa nem outra.

    Este ano o emprego de algumas centenas de economistas estão custando o desemprego de milhões de brasileiros.

  10. O povo enlouqueceu…

    querem deixar a inflação correr solta com déficit em balança de pagamento e ser termos moeda conversivel… O nosso problema se chama Eduardo Cunha, que impede qualquer tentativa de se fazer um ajuste com cpmf hoje, aliado a um psdb terrorista sob a guia de um play boy q está disposto a destruir o valor institucional de papéis do país devido a sua sede de poder e vaidade. O Brasil ainda não acordou pra realidade de q o seu sistema patrimonialista sob o comando dessa gente acima e dependente de tecnocratas burocraticos fará o país perder 10 anos, de 2012 até 2022. Deixar a inflação denlado numa época de deflação por falta de demanda no mundo é uma tragédia para credibilidade de capacidade de nossas instituições no longo prazo, que levará em mercados internacionais por uma geração o vinculação de nossos papéis a imagem dos revoltados online.

  11. O povo enlouqueceu…

    querem deixar a inflação correr solta com déficit em balança de pagamento e ser termos moeda conversivel… O nosso problema se chama Eduardo Cunha, que impede qualquer tentativa de se fazer um ajuste com cpmf hoje, aliado a um psdb terrorista sob a guia de um play boy q está disposto a destruir o valor institucional de papéis do país devido a sua sede de poder e vaidade. O Brasil ainda não acordou pra realidade de q o seu sistema patrimonialista sob o comando dessa gente acima e dependente de tecnocratas burocraticos fará o país perder 10 anos, de 2012 até 2022. Deixar a inflação denlado numa época de deflação por falta de demanda no mundo é uma tragédia para credibilidade de capacidade de nossas instituições no longo prazo, que levará em mercados internacionais por uma geração o vinculação de nossos papéis a imagem dos revoltados online.

  12. André, o governo nunca deixou

    André, o governo nunca deixou de emitir moeda, e o custo a longo prazo é muito maior que os ganhos temporários e deste mal que estamos hoje passando.

    O que gera uma crise  e a perda de confiança no sistema de formação de preços, emitir moeda e interverir na economia só piora a situação.

    André nos propoe que se aplique e amplie aquilo que nos levou a crise atual.

    1. Nada a ver. O Governo JK

      Nada a ver. O Governo JK emitiu moeda e produziu alto crescimento porque tinha METAS definidas e perseguiu essas metas, usou a expansão monetaria para construir usinas, estradas, cidades e industria.

      Nossa inflação atual  é resultante de dois vetores ruins, gastos correntes do governo e elevação de preços administrados, não é virtuosa porque não decorre de investimento publico.

      1. nada a ver o seu nada a ver,

        nada a ver o seu nada a ver, mota araujo..a inflação contratada por JK foi sentida anos e anos depois,e ademais, somos uma nação bastante rica, não? de que adiantou esse milagre econômico com inflação?..estude um pouco de dinâmica inflacioinária…mas antes estude algebra linear, calculo diferencial, econometria..senão não vai compreender

        1. “estude algebra linear, calculo diferencial, econometria..”

          Faltou também especificar cálculo vetorial, cálculo tensorial, sitemas não lineares, processos estocásticos, análise combinatória, otimização, programação linear, teoria do caos, lógica difusa, geometria fractal… Sei, a economia é uma “ciência” exata, não são escolhas políticas da sociedade, aliás, esta última não existe, o que existe são indivíduos…

          “de que adiantou esse milagre econômico com inflação?”

          Nos chamados Anos Dourados, um crescimento econômico extraordinário, em mais de quarenta por cento, com democracia em vigor; no salário mínimo mais alto registrado em nossa história, além das citadas pelo André, “usinas, estradas, cidades e industria”, que até hoje movimentam nossa economia.

          Mas, lógico, isso não cabe no seu “modelo”, vai contra sua “ciência” econômica, contraria seus cânones.

          1. Trouxe benefícios e

            Trouxe benefícios e crescimento de longo prazo? O Brasil virou uma Alemanha, uma Suíça? Pois então…

  13. Eu postei esse texto sobre

    Eu postei esse texto sobre controle da inflação algum tempo atrás. Acho oportuno postá-lo novamente.

     

    Ha-Joon Chang, a inflação e a estabilidade econômica

     

    Ha-Joon Chang, um professor da Faculdade de Economia da Universidade de Cambridge, escreveu um livro de economia indispensável ao público leigo – categoria à qual pertenço – ou àquele nem tão leigo assim. Trata-se de “23 things they don’t tell you about capitalism”, que se propõe a desmistificar alguns paradigmas econômicos neoliberais, dentre eles, o caráter ideológico do livre mercado.

    Segundo Chang, o livre mercado não existe, dado que não há como definir objetivamente o quão livre é o mercado, sendo portanto uma definição política, sujeita a interpretações subjetivas. Assim, o discurso corrente de que os liberais estão defendendo o livre mercado da interferência política dos governos é falso. Acontece que o governo está inexoravelmente envolvido no mercado e os liberais, ora, estão apenas fazendo política. Ainda segundo o autor, reconhecer que os limites do mercado são ambíguos e que não podem ser determinados de modo objetivo nos faz perceber que a economia não é uma ciência como a física ou a química, mas um exercício político. 

    O professor Chang tem muito a dizer aos brasileiros, especialmente no que se refere à discussão sobre o controle da inflação. Ele inicia esse tema acentuando que o discurso dos liberais toma a inflação até os anos 70 como o inimigo público número um da economia, com vários países sofrendo do mal da hiper-inflação. Segundo os liberais, mesmo quando não se atinge níveis de magnitude hiper-inflacionária, a instabilidade econômica que surge da inflação inibiria o investimento e, assim, o crescimento. 

    Ainda segundo eles, a inflação mundial nos anos 90 foi controlada devido ao controle mais rígido do déficit público e a introdução de bancos centrais politicamente independentes, livres para focar no controle da inflação. Assim, foi-se construindo o alicerce ideológico em que a estabilidade econômica seria necessária para o investimento de longo prazo e, portanto, para o crescimento. 

    Porém, Chang discorda, afirmando que a inflação pode ter sido controlada, mas a economia mundial se tornou consideravelmente mais instável durante as últimas três décadas, com várias crises, incluindo a crise financeira de 2008, de modo que o excessivo foco no controle da inflação desviou a atenção de questões importantes, como emprego e crescimento econômico. Assim, as políticas de controle da inflação trouxeram na verdade crescimento anêmico desde os anos 90, apesar da premissa liberal de que a estabilidade de preços é pré-condição do crescimento.

    Desde os anos 80, economistas liberais conseguiram convencer o resto do mundo de que a estabilidade econômica, traduzida numa inflação próxima de zero, ou idealmente zero, deveria ser alcançada a todo custo. Em números, essa inflação recomendada gira em torno de 1-3%, sugerida por Stanley Fisher, professor do MIT e chefe do FMI entre 1994 e 2001. No entanto, segundo Chang, não há evidência de que a inflação seja ruim para a economia, desde que não se trate de uma hiperinflação. De fato, alguns estudos realizados por economistas liberais da Universidade de Chicago ou FMI (Roberto Barro e Michael Sarel) sugerem que uma inflação abaixo de 8-10% não tem nenhuma relação com a taxa de crescimento do país. Alguns estudos colocaram o limiar ainda mais alto: 20-40% (M. Bruno & W. Easterly).

    A experiência ainda diz que uma inflação alta é perfeitamente compatível com rápido crescimento econômico. Como exemplo, Chang cita o Brasil, que durante os anos 60 e 70 tinha uma taxa média de inflação de 42%, mas era uma das economias de crescimento mais rápido do mundo, com uma renda per capita crescendo a 4,5% ao ano. Algo parecido acontecia com a Coréia do Sul, que apresentava crescimento de 7%, apesar da taxa de inflação de 20%. Por outro lado, quando o Brasil desde 1996 iniciou uma política de controle da inflação por meio do aumento da taxa real de juros – entre 10 e 12% ao ano, uma das maiores do mundo – a inflação caiu para 7,1%, porém o crescimento econômico também sofreu, causando um crescimento da renda per capita de apenas 1,3% ao ano.

    De acordo com um estudo do FMI, a taxa média de inflação caiu em 97 dos 162 países pesquisados entre 1990 e 2008, em comparação com as taxas dos anos 70 e 80. A luta contra a inflação obteve sucesso particularmente nos países ricos, caindo em todos eles. Nos países da OCDE, a taxa caiu de 7,9% para 2,6% no mesmo período. No entanto, apesar do controle inflacionário, o mundo se tornou economicamente mais instável.

    De acordo com um estudo de Kenneth Rogoff, antigo economista chefe do FMI e atualmente professor da Universidade de Maryland, virtualmente nenhum país estava em crise bancária entre o fim da Segunda Guerra e meados dos anos 70. Entre meados dos anos 70 e final dos 80, quando a inflação acelerou em muitos países, a proporção de países com crises bancárias aumentou para 5-10%, ponderada pela parcela da renda mundial, aparentemente confirmando a visão centrada no controle da inflação. Porém, esse número saltou para 20% nos anos 90, quando a inflação foi controlada, e para 35% após a crise global de 2008.

    O mundo nas últimas três décadas também se tornou mais instável se considerarmos a estabilidade do emprego. Nos países ricos, a insegurança do trabalho aumentou nos anos 80, relativamente aos anos 50-70, em grande parte devido ao controle inflexível da inflação. Dentre os indicadores de insegurança do trabalho, Chang destaca, primeiro, o fato de que a parcela de empregos de meio período aumentou na maioria dos países ricos. Segundo, em alguns países uma maior proporção das demissões se tornou involuntária, especialmente nos EUA. Terceiro, especialmente nos EUA e Reino Unido, categorias profissionais consideradas portos seguros se tornaram inseguras desde os anos 90. Por último, em muitos países ricos houve um corte acentuado da rede de amparo social, o “welfare state”, desde os anos 80.

    Por fim, Chang comenta que o pacote de políticas neoliberais enfatiza menor inflação, maior mobilidade de capital e maior insegurança no trabalho (eufemisticamente chamada de flexibilidade do mercado de trabalho), essencialmente porque satisfaz os interesses dos que possuem ativos financeiros. A inflação é destacada porque os juros de muitos desses ativos são nominalmente fixados, de modo que a inflação reduz o ganho real desses investimentos. A maior mobilidade de capital é promovida porque, do ponto de vista dos investidores financeiros, isso permite mover o capital para onde ele rende mais. Ou seja, o controle da inflação faz parte desse pacote de medidas econômicas neoliberais e tem por objetivo beneficiar financistas ao custo do crescimento econômico e felicidade humana.

    1. Excelente comentario, em

      Excelente comentario, em linha com o que eu expus neste post. A mistica de INFALAÇÃO PROXIMA DE ZERO é uma

      bandeira daqueles que perderiam com a inflação, o sistema financeiro global e suas ramificações domesticas.

  14. Inflação, onde?

    O autor do texto citou dois motivos para a alta inflação. Aumento de energia elétrica e fóssil. Tá, tudo bem.

    Tais aumentos não entram no “core” da inflação em um monte de países, mundo afora.

    Daí, o resto.

    Retire do “core” nacional e o BACEN não precisará fazer o que faz, hoje.

    Enfim…… eu, depois do cara do Exército analisar TCU, tô nem mais aí!

    Vou perder tempo com um simulacro de país?

    Com uma Presidente mais republicana que os republicanos?

  15. Abandonar o sistema de metas de inflação?

    O sistema de metas de inflação foi implementado pela primeira vez na Nova Zelândia, em 1990. Hoje a maioria dos países centrais e em desenvolvimento adota o sistema. 

    No grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) absolutamente todos os países adotam o sistema de metas de inflação. A Índia foi o último país a aderir ao sistema, em março deste ano de 2015. 

    Todos os países da Aliança do Pacífico adotam o sistema de metas de inflação. Todos os países da Europa adotam o sistema de metas de inflação. A Coréia do Sul, o Canadá, os EUA, o Japão e dezenas de outros países mundo afora adotam o sistema de metas de inflação. 

    É absolutamente fantasioso imaginar que a saída da crise econômica passa pelo afrouxamento do controle da inflação. A maior economia do mundo (EUA) teve uma inflação média de apenas 3,2% ao ano entre 1914 e 2014. 

    O principal problema atual do Brasil nada tem a ver com o sistema de metas de inflação, hoje bastante disseminado, e sim com a precariedade fiscal.

    Feita a recomposição fiscal abre-se espaço para a queda na taxa de juros e a inflação voltará para a meta do Banco Central a partir do ano que vem, sem problema algum. 

    1. Alguns detalhes. O sistema de

      Alguns detalhes. O sistema de MI NUNCA foi usado nos EUA. Os países que usam com eficiência o fazem com metas de inflação para preços que podem ser afetados por política monetária. Ou seja, usam NÚCLEO DE INFLAÇÃO expurgando preços que não são afetados por políticas de contenção de demanda (exemplo: preços indexados, comoditties, sazonais agrícolas, combustíveis). A César o que é de César. Inflação de demanda precisa de contenção de demanda, inflação de custos, importados, sazonal e outras precisam de medidas heterodoxas: congelamentos parciais, estoques reguladores para alimentos, subsídios para setores com alto repasse de custo, remarcação de indexadores da economia, aumento da concorrência em setores oligopolizados, etc…

      Samba de uma nota só com inflação complexa não funciona.

    2. Eu morro e não vejo tudo.

      Petista papagaiando discurso neoliberal. Depois ainda dizem que o André é um direitista daqui do blogue. Mais um pouco e vai ter petista dizendo que, o que é bom para o EUA é bom para o Brasil.

      Você começa dizendo que o sistema de metas de inflação “foi implementado pela primeira vez na Nova Zelândia, em 1990”. Que paulatinamente foi sendo adotado em todos os países, hoje é um consenso. Sabe de onde veio esse Consenso? Reparou na coincidência de datas e períodos? Alguém pode se dizer de esquerda e defender ardorosamente uma merda dessas?

      Comparar Brasil e EUA é o fim da picada, são realidades históricas diferentes, transpor soluções, ter mesma receita para situações que diferem, como se economia fosse ciência exata, que segue modelos matemáticos precisos, isso é coisa de econometrista neoliberal. Esse modelo é o que interessa ao rentismo mundial, dominante no capitalismo sua fase atual, não é uma coisa somente nossa, virou praga internacionalizada; aqui ele é mais selvagem, um canibal praticante de taxas de juros estratosféricas. Economia são interesses, não é ciência exata, o que interessa ao capital, sobretudo o rentista, não coincide com os interesses do mundo do trabalho, que o petismo diz tanto defender. O rentismo é parasitário do mundo da produção, gera um mínimo de empregos, basta alguns econometristas para operá-lo e ideólogos para repetir suas ladainhas nos meios de comunicação.

      Em 1914, o EUA já era a maior economia do mundo, um país industrial e urbano, com pauta de exportações diversificada. O Brasil era uma economia agrária, um país rural, suas exportações dependiam de uma única commodity. Nesses cem anos o EUA cresceu em média 3 %, cerca de dezenove vezes; o Brasil cresceu em média 4,5 %, mais de oitenta e duas vezes. A moeda deles era o dólar e assim continua, a nossa era o réis, passou por várias outras e hoje é o real. Soluções que se aplicam no EUA, nem sempre cabem no Brasil, os interesses lá são outros. Eles lá controlam inflação e nível de empregos, essa segunda parte o rentismo tupiniquim não quer copiar aqui.

      Como é que se vai fazer recomposição fiscal pagando quinze por cento de juros? Como é que o governo vai arrecadar, se o dinheiro em vez de ir para a produção, que fica travada com juros alto, ele é “investido” no tesouro? A sonegação existe, entre outras causas, porque ninguém é trouxa de ver o dinheiro sair em impostos e não retornar em serviços, em saúde, em educação, em segurança, em infraestrutura, enquanto vê metade do orçamento se esvair para pagar os juros que o “mercado” estipula para os juros.

      O “mercado” é uma restrita coleção de banqueiros e plutocratas, os donos do dinheiro, que compram ideólogos e propagandistas nos meios. O “mercado” caga e anda para serviços públicos, sobra-lhe grana bastante para pagar escolas particulares, serviços de saúde e segurança privada; o “mercado” não usa transporte público, anda de helicóptero, não põe carro na estrada e nem se mistura em aeroportos, tem jato particular. E fica esses babacas de classe média seguindo essa ideologia de ricos, apropriada para quem é muito rico mesmo, a ideologia do rentismo: o neoliberalismo.

      1. Caro colega, vamos por partes:

        1. Eu não disse que o sistema de metas de inflação é um consenso. A palavra consenso sequer existe no comentário que fiz anteriormente. Não há absolutamente nenhum consenso a respeito do sistema de metas de inflação, em nenhum lugar do Planeta Terra. Eu também não disse que o sistema de metas de inflação foi adotado em todos os países depois de 1990. E não disse porque isso é absolutamente falso. Há vários países que não adotam o modelo do sistema de metas de inflação. O que eu disse, e repito, é que a maioria dos países centrais e em desenvolvimento adotam hoje este sistema, não todos os países. 

        2. Eu não comparei o Brasil com os EUA. Se eu quisesse fazê-lo seria preciso confrontar os índices de inflação do Brasil, dos últimos 100 anos, com este mesmo índice nos EUA. Não fiz essa comparação até porque os dados estatísticos do Brasil são horríveis em se tratando de datas anteriores aos anos 70 e 60. Apenas utilizei o exemplo dos EUA para dizer que a complacência com a inflação não é um bom termômetro para país algum quando este país procura sair de uma crise econômica. Falei dos EUA mas poderia ter utilizado o exemplo de outros vários países para defender a tese de que a inflação minimamente controlada é benéfica no médio e no longo prazos. 

        3. Por fim, também não há rigorosamente nenhuma defesa minha em relação ao sistema de metas de inflação. O que há é um questionamento no título do comentário: “Abandonar o sistema de metas de inflação?” e uma contextualização histórica da implementação do sistema de metas de inflação em diferentes países desde 1990 até hoje. E citei, para exemplificar, os BRICS, bloco em que todos os países adotam o sistema de metas de inflação. E também citei outros países que adotam este sistema. A intenção é fazer um apanhado histórico e contextualizar a discussão, até para que se consiga defender ou contestar o sistema de metas com base em fatos e não em achismos aqui ou acolá. 

        1. Ótimo, vamos por parte também.

          1. Você citou, além de nós: “No grupo dos BRICS… absolutamente todos os países”; “Todos os países da Aliança do Pacífico”; “Todos os países da Europa”; “A Coréia do Sul, o Canadá, os EUA, o Japão e dezenas de outros países mundo afora”. Sobrou o quê, na economia mundial? Se isso não é um consenso…

          2. Sinceramente, não entendi sua referência ao EUA nesse contexto. Até porque lá, o mandato dos responsáveis pela moeda é para conter a inflação e segurar o nível de emprego, não se fixa numa única meta. Aqui o sistema de metas se transformou na meta.

          3. Ninguém quer inflação destrambelhada, mas o “terror operário” continua se chamando desemprego. Tentar controlar deficit fiscal e simultaneamente elevar juros pagos pelo para estratosfera, assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, tapar sol com peneira e enxugar gelo, são todas atividades correlatas.

          Saudações.

        1. Nem uma coisa, nem outra.

          Ao longo do tempo, no período de um século mencionado pelo Diogo, houve momentos em que a inflação beneficiou ambas economias, noutros que se mostrou prejudicial.

  16. A lista de metas pedidas pelo

    A lista de metas pedidas pelo mercado não pára de chegar, a começar pela inflação, taxa de juros, crise do ajuste fiscal, crise com recessão de crédito, recessão de empregos e salarios.

    Os choques do mercado comeram todo o crescimento potencial; a inflação inercial acima de 10% não precisa mais de ser manejada pelo BC. 

    O Comitê de Política Monetária controla a medida que quer manter a classe dominante dissociada das classes da sociedade.

    Agora, BC, o mercado quer comer as reservas internacionais.

    A sociedade como um todo divide-se, cada vez mais, em dois grandes campos hostis.

    Esta submissão intelectual dos indivíduos trouxe sua sujeição para todas as especies de ideias.

    Portanto, a redenção da humanidade depende do domínio material do sistema de circulação!!! 

    Por que não queremos, por sua vez, alcançar uma nova relação ao intercâmbio dos indivíduos, pela competição dos próprios trabalhadores; de tal modo que estes se encontrem predestinados nas suas condições de existência?

    A maior ignorância coletiva é a dissolução da esfera de estocagem monetária desses dois grupos sociais. Os seus distintivos são poderosos porque reivindicam o direito ao status histórico das forças de produção e consumo; sobre as quais os indivíduos estão em oposição total para criar os seus pressupostos de valores. Em virtude desse sistema de valores simultâneo não existe espaço para inflação ou juros. 

     

     

  17. Enigma

    Não existem magica ou milagre para estabilizar uma economia em frangalhos, são necessários recursos financeiros e um ambiente favorável para atrair estes capitais.

    Como fazer isto?

    Discute-se interminavelmente e adota-se planos econômicos, muita vez apenas releitura de velhos planos econômicos e chegamos a dura constatação de que a tão almejada mudança no Brasil, continua uma utopia inalcançável.

    Quem e qdo respondera esta pergunta?

    No governo do presidente Médici foi implantado no Brasil uma medida de crescimento econômico, o principal idealizador dessa medida foi o ministro da fazenda, que atuava desde o governo Costa e Silva, Antonio Delfim Netto, esse projeto tinha como princípio o crescimento rápido. O que ocorreu para provocar esse chamado “milagre” foi o imenso capital estrangeiro no país.

    Para consolidar o crescimento rápido foi implantada uma expansão de mercado internamente e externamente, a produção não era absorvida apenas pelos brasileiros e países de terceiro mundo, mas também pelos países industrializados, como EUA e países da Europa.

    Delfim foi o principal idealizador de planos que favoreceram a indústria e a exportação ganhou forte alavancagem durante sua permanência pela área econômica.

    Foi nesse período que o Brasil, de forma concreta, entrou no processo de industrialização, mas de certo modo foi um processo sem planejamento social e que agravou mais ainda as desigualdades. Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência.

    O milagre econômico durante a ditadura aconteceu enquanto a cornucópia estava disponível, entrou em colapso assim que o mana deixou de cair do ceu. Em 1973, último ano do governo Médici, por vários motivos, o “milagre econômico” estava quase com seus dias contados. A crise do petróleo e a desigualdade social foram a gota d’agua para o fim deste período.

    De la pra ca planos econômicos substituíram planos e a situação continua quase a mesma. Nada mudou para o individuo, a mesma realidade que lhe nega acesso a mudanças efetivas continua a mesma. Novos planos econômicos diferentes apenas na roupagem surgirão para manter as coisas como são. E estas discussões todas apenas levantam poeira, já se dizia que qdo se examina a politica econômica não se deve esquecer um fato óbvio: ela é decidida qdo o futuro ainda é futuro, desconhecido, incerto com base na confiança maior ou menor que se deposita nas informações disponíveis, a bola de cristal utilizada pode reluzir transparente, mas igualmente pode estar embaçada.

    O Brasil se tornou o maior laboratório de teorias econômicas das ultimas décadas, no mundo. Tudo foi tentado, e continuamos a discutir qual a melhor teoria econômica para o brasil. Que herança maldita é esta? Porque não saímos do atoleiro?

    Mudando o atual governo, o outro poderia alterar esta herança? Porque os outros não conseguiram?

    Respondida esta pergunta, talvez a luz no fim do túnel, deixara de ser como até então a locomotiva em sentido contrario.

  18. Nâo gostaria de dispersar o

    Não gostaria de dispersar o interesse e posições que desperta o texto do André Araujo.

    Não me apego a qualquer mérito pela descoberta da existência de classes da sociedade moderna. O que fiz de novo foi mostrar que a anatomia econômica é uma mera inter-relação ao nível local, e não geraria qualquer vinculo para a especulação internacional.

    O modo de produção capitalista, cujas respectivas fontes são o câmbio e os juros, seguiriam naturalmente estratificados para uma forma pura de ganhos da estrutura global. 

    Lamento que o avanço de debates para todas as sociedades, porém, irá existir até o momento em que os mestres de ofício do capital discutem os grupos sociais, políticos e meios de produção apenas para transição ao mercado financeiro.

  19. Algumas questões importantes

    Algumas questões importantes foram aqui levantadas sobre o sistema de METAS DE INFLAÇÃO;

    1.A questão dos preços não decorrentes da demanda pura e sim por efeitos exogenos, caso dos preços administrados.

    No Reino Unido em 2009 os preços subiram 5% por causa da alta do preço do petroleo e não por causa do excesso de demanda. O sistema de metas não conseguiu prever ou processar esse efeito externo e falha quando isso ocorre.

    2.Uma critica importante de economistas de primeira linha ao sistema de metas é que os Bancos Centrais se concentram excessivamente no atingimento de metas e ignoram problemas muito mais importantes em outras areas.

    3.Outra critica extensa é que por causa do sistema de METAS os Bancos Centrais deixam de usar ESTIMULOS MONETARIOS para ações contra-cicclicas visando criar demanda e garantir empregos, quer dizer , para atingir as metas

    os Bancos Centrais se esquecem de um de seus principais objetivos, garantir a prosperidade e o emprego. Isso não acontece nos EUA porque o Federal Reserve usa as metas apenas como orientação, não está fixado nelas e tem em seus Estaturos a obrigação do Banco Central em GARANTIR ESTABILIDADE MONETARIA E O EMPREGO, portanto não é só inflação a meta do Fed, é tambem garantir o emprego. Essas são as METAS ESTATUTARIAS do banco central americano.

    4.Outra visão de economistas criticos é o sistema de METAS é util em tempos de NORMALIDADE economica mas não tem serventia em épocas de crise profunda, de recessão e de instabilidade do sistema economico. Existendo metas de inflação, os Bancos Centrais passam a dar MUITO MAIR PESO a essa meta grafica do que aos problemas sociais e economicos gerandos por um desemprego prolongado.

    1. “os Bancos Centrais se

      “os Bancos Centrais se esquecem de um de seus principais objetivos, garantir a prosperidade e o emprego.”

      Isso mostra que a formação de políticas públicas começam com a reforma econômica de um monstro estatal?

    2. Sistema de metas de inflação não impede expansionismo algum

      Vamos colocar alguns dados na mesa de discussão. A partir destes dados teremos mais elementos para discutir o tema da dívida pública no Brasil e no mundo. Vejamos:

      -Dívida pública de países selecionados (trajetória entre 2008 e 2015)

      1) EUA: dívida pública de 64% do PIB em 2008 e de 103% do PIB em 2015. A taxa de juros dos EUA está em 0,25% ao ano, de forma ininterrupta, desde dezembro de 2008;

      2) Zona do Euro: dívida pública de 66% do PIB em 2008 e de 92% do PIB em 2015. A taxa de juros da Zona do Euro caiu de 4,25% ao ano, em 2008, para 1% em 2009. Hoje a taxa está em irrisórios 0,05% ao ano;

      3) Espanha (taxa de juros da Zona do Euro): dívida pública de 36% do PIB em 2008 e de 98% do PIB em 2015;

      4) França (taxa de juros da Zona do Euro): dívida pública de 64% do PIB em 2008 e de 95% do PIB em 2015;

      5) Itália (taxa de juros da Zona do Euro): dívida pública de 103% do PIB em 2008 e de 132% do PIB em 2015;

      6) Alemanha (taxa de juros da Zona do Euro): dívida pública de 65% do PIB em 2008 e de 75% do PIB em 2015;

      7) Reino Unido: dívida pública de 44% do PIB em 2008 e de 89% do PIB em 2015. A taxa de juros do Reino Unido é de apenas 0,5% ao ano, de forma ininterrupta, desde março de 2009;

      8) Japão: dívida pública de 167% do PIB em 2008 e de 230% do PIB em 2015 (mais alta dívida pública do mundo). A taxa de juros do Japão é de irrisórios 0,1% ao ano, de forma ininterrupta, desde dezembro de 2008;

      9) Grécia (taxa de juros da Zona do Euro): dívida pública de 105% do PIB em 2008 e de 177% do PIB em 2015;

      10) Brasil: dívida pública de 58% do PIB em 2008 e de 64% do PIB em 2015. A taxa de juros do Brasil era de 13,75% ao ano em 2008 e é de 14,25% ao ano em 2015. Neste meio tempo a taxa caiu para 8,25% ao ano em 2009 e fechou 2010 em 10,75% ao ano. Depois caiu para o patamar mínimo histórico de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e abril de 2013, e fechou o ano de 2014 em 11,75% ao ano.

      Qual é a constatação óbvia, absoluta e cristalinamente óbvia deste panorama agora apresentado?

      Simples: os países que mais foram impactados pelo Crash de 15 de setembro de 2008 (EUA, Japão, Reino Unido e países da União Europeia), em que pese estarem com taxas de juros praticamente em 0% ao ano há muito e muito tempo, viram as suas dívidas públicas crescerem de forma exponencial.

      Já países como o Brasil (também poder-se-ia citar a Índia, a China, a Rússia, a Argentina e outras nações), em que pese estarem com taxas de juros altas em comparação com os países desenvolvidos, viram as suas dívidas públicas ficarem estáveis, com alta apenas residual ou até queda no valor da dívida pública.

      Conclui-se, portanto, que é um erro crasso e rotundo falar em dívida pública tendo como premissa básica apenas o valor nominal da taxa de juros (a atual taxa real de juros do Brasil, de 4,7% ao ano, é similar a taxa real de juros, de 4,8% ao ano, que tínhamos no final do ano de 2010).

      As políticas anticíclicas de expansionismo fiscal e monetário (Quantitative Easing), praticadas pelos países centrais, tiveram como consequência o aumento exponencial das dívidas públicas, em que pese as taxas de juros terem desabado.

      Aliás, diferente de países emergentes como o Brasil, a inflação dos países centrais está em pouco mais de 0% ao ano desde o estouro do Crash de 2008. Justamente por isso, para tentar ”fabricar” mais inflação, é que as taxas de juros estão no menor patamar da história.

      Não fosse assim e os EUA, a Europa e o Japão teriam entrado numa espiral deflacionária pior que a da década de 30 do século passado (aí sim o mundo saberia o que é convulsão social).

      Repito, o expansionismo fiscal dos países centrais, com colossais e sucessivos déficits públicos, elevou enormemente as suas respectivas dívidas públicas. Não é uma crítica, mas apenas uma evidente constatação. 

      O processo de expansionismo, com velocidades maiores ou menores, está sendo revertido principalmente nos EUA, que estão muito próximos da normalização na política monetária e fiscal.

      A Europa mantém um expansionismo monetário considerável e começa a apertar na questão fiscal.

      O sistema de metas de inflação, presente em todos os países citados, não impede que estes países pratiquem políticas fiscais e monetárias ultra expansionistas se assim entenderem ser necessário (como já estão fazendo há muito tempo).

  20. Excelente artigo

    André, seu artigo está perfeito. Bem explicado, as principais causas da inflação, são os preços administrados pelo governo. Agora faço um comentário adicional de que as principais causas da inflação são os gastos governamentais com os que estão no topo da pirâmide social. Como por exemplo a Selic, que é de longe o maior gasto do governo, ou as mega aposentadorias do funcionalismo público, ou os mega salários dos servidores públicos do judiciário, legislativo e executivo.

    Só que para enfrentar estes gastos com os do topo da pirâmide, falta pulso e coragem ao governo Dilma, por isto não é de se crer numa melhoria. O governo fala fino com os poderosos, e fala grosso com os humildes.

    Ironicamente, os do topo da pirâmide social, são os que mais protestam contra a inflação, e exigem que o governo arroche mais ainda as classes sociais mais humildes. Combater a inflação arrochando quem não tem culpa, é como se uma pessoa tivesse perdido uma agulha na sala e fosse procurar a mesma na cozinha, pois lá a ailuminação é melhor.

  21. Bom dia.
    Os países ditos de

    Bom dia.

    Os países ditos de 1º mundo pagam juros negativos ou próximos de zero. Emitiram trilhões de moeda. Quem dá lastro a esta dinheirama, visto que a inflação nestes paises esta baixíssima, beirando a deflação, apesar dos déficts fiscais e dívidas altíssimas? São os países periféricos, que aceitam pagar juros pornográficos,que sustentam o sistema criado no pós guerra (Breton Woods). Trocam-se as pessoas, trocam-se os pronomes, mas o fim é sempre o mesmo.

  22. Se verifica comparação de alhos com bugalhos.

    Dizia Friedman que “A inflação é sempre e em todo o lugar um fenômeno monetário e só pode ser produzida por uma expansão muito rápida da quantidade de moeda maior que a produção”. Esse axioma pressupõe uma economia de livre mercado e sem interferência governamental nos preços. Se esta existir o axioma deixa de ser verdadeiro.

    Usar essa premissa, é tão ingenua quanto a regra da mão invisível de Adam Smith. Faz me rir, qua , qua, qua….

     como diz o sábio Mario Henrique Simonsen, “a inflação aleija mas a crise cambial mata”.

    A afirmação do saudoso brasileiro e com base no contexto era 1973, depois da criação da OPEP. Brasil, pais sem reservas e importador de 90% das necessidades e petróleo, e dependente de transporte rodoviário.

    Faz me rir,  de novo: qua , qua, qua….

    Se verifica comparação de alhos com bugalhos.

     E sabido que aumento da inflação brasileira é decorrente de elevação de preços administrados e de aumento de  impostos indiretos . Nada com questão de excesso de demanda e de falta de produtividade. Aumento de taxa de juros provoca aumento de custo de capital de giro e inviabiliza taxa de retorno de atividades produtivas. Uma vergonha, vilania disfarçada de incompetência. 

    Mais importante do que o  montante do endividamento público (ou para empresa e cidadão)  e ter um custo baixo sobre a divida, Essa a outra razão para Fed manter a taxa de juros básica, mais baixa quanto possível. EUA tem aprox.  US$ 17 trilhões de divida,  105% PIB. Assim merecem rate AAA.

    A primeira ação para correção de uma administração, seja da dona de casa, seja do empresário, seja do administrador da coisa publica é acertar administração da finanças : Cortar despesas de juros. A mais errática das despesas.Brasil com 15% do PIB atrelado ao comercio com exterior. E tem capacidade de gerar excedente de moeda estrangeira como  exportador de petróleo, agronegócio e minérios.

    Dívida elevada e falta de recursos são justificativa de Levy e Barbosa para governo fazer mais privatização. Entrega de patrimônio publico, de prédios a negócios estratégico ( comunicação / mineração / energia ) a grupos nacionais e estrangeiros. Transação danosa para a Nação. 

    Problema do pais tem nome Banco Central do Brasil e Ministério da Fazenda  com interventores nomeados por Banqueiros privados, no lugar de gente desvinculada desse seguimento. E  por isso  existe falta de compromisso com a responsabilidade financeira da perspectiva do interesse da moralidade da administração da coisa publica. Congresso e Governo não impões limites as despesas de juros, no máximo de 1.5% do PIB e fazer Banco Central cumprir Constituição Federal, no lugar de proteger moeda e efeitos da inflação

    Governo precisa  acabar com a indexação, fim da vergonhosa correção monetária inventada por Roberto Campos, mantida pela taxa SELIC. Governo parar de  proteger dinheiro dos magnatas, para com  o ganha-ganha sem risco e trabalho. Brasil é o Paraíso dos ricos vagabundos  da Casa Grande

    Levy  e Tombini não  saem  do MF, por pedido de demissão. Simplesmente porque tocam o tambor no acéfalo Banco Central do Brasil  e MF e sob pontos de vista de grupos particulares vão muito bem obrigado.,

     

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