Alta de 0,50% leva taxa Selic de volta aos dois dígitos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Em decisão esperada pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) aumentou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual em sua última reunião de 2013, levando a Selic para 10% ao ano. Com a decisão, a taxa atingiu seu maior patamar desde janeiro de 2012, quando os juros estavam em 10,5%. O processo de queda teve início em março do ano passado, e só foi interrompido em março deste ano, ocasião em que a Selic chegou a 7,25%.

“​Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,00% ao ano, sem viés”, diz a autoridade monetária, em nota divulgada após a reunião. Votaram por essa decisão Alexandre Antonio Tombini (presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

O economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, destaca que a decisão veio em linha com o esperado, mas aponta mudanças no comunicado, com a autoridade monetária deixando de se referir ao ajuste da taxa básica e passando a se referir ao processo de ajuste. “A gente acredita que, se [o Banco Central] não mudasse o comunicado, haveria a probabilidade de o mercado apostar em nova alta dos juros. Com a mudança, passa a ficar mais dependentes de dados para a decisão entre 0,25% ou 0,50%).

Molan explica que o processo de ajuste dos juros envolve mecanismos de transmissão de política monetária, e existe uma defasagem nesse processo. “Em algum momento, o Banco Central vai mencionar que, apesar da inflação não estar caindo e das expectativas elevadas, vai esperar um tempo até que o processo de ajuste das condições faça efeito na economia e na inflação. Ao se referir ao processo, estamos mais perto desse momento, onde se diminui o ritmo e interrompe o ciclo de alta, acreditando que isso não interrompe o ciclo de ajuste”.

Além disso, a autoridade monetária lembra que o ciclo foi iniciado em abril. “O Banco Central procura lembrar que esse ciclo de aperto monetário já vem de algum tempo. Ou seja, como começou em abril, leva-se tempo para o início desse aperto fazer efeito, o chamado efeito defasado do ciclo monetário”. Ao se retirar a frase falando que o aumento vai contribuir para o processo de ajuste, Molan interpreta que as autoridades estão mais perto do fim do ciclo. “Não tira a frase objetiva, mas fica implícito que eles acreditam que a decisão provavelmente vai se aproximar daquela taxa de juros compatível com taxa em declínio”. A ata que detalha os fatores que levaram ao aumento dos juros será divulgada na próxima quinta-feira (5).

Para o economista-chefe do Santander, o ciclo de aperto tem contribuído para a melhora das expectativas com relação a política monetária – por algum tempo, o mercado questionou se o Banco Central caminharia no sentido de trazer juros para dois dígitos, e o fez, em um sinal de que a política monetária está sendo conduzida de forma independente. “As declarações no sentido de contenção de gasto e reversão de algumas isenções de encargos ano que vem podem ser o inicio do processo de recuperação da credibilidade no sentido fiscal”, acredita Molan.

Apesar disso, existem alguns riscos que não devem ser descartados, como a questão dos preços dos combustíveis e a recente alta da moeda norte-americana. “Acho que o maior risco está no dólar. Na gasolina, tem que ocorrer o reajuste de preços, no que chamamos de reajuste relativo – que gera inflação no primeiro momento, e depois não mais. A gente vê a taxa de repasse do dólar para a inflação abaixo do imaginado, mas se a continuidade do ciclo de depreciação for mais intensa, traz risco para o cenário de convergência da inflação”, diz Maurício Molan.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

12 Comentários

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    1. Depois o governo se nega a

      Depois o governo se nega a acabar com o fator previdenciário alegando que causará um rombo nas contas publicas.

      O único lugar que o fator previdenciário causa rombo é no bolso de todos os futuros e passados aposentados sob suas regras.

       

  1. Ja to vendo um monte de

    Ja to vendo um monte de banqueiro engravatado cantando e dançando a musica do meu xará: 1, 2, 3 para mim tanto faz já to com a burra cheia e cada vez eu quero maaaaaaaaaaaais, cada vez eu quero maaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiisss…

  2. O mercado venceu, ou estava certo?

    Em abril, logo após a primeira subida da taxa Selic comentei:  Se a intenção era acalmar alguns setores, a ilusão já pode ser desfeita. (…) Chantagem funciona assim; se você ceder a primeira vez , então se ferrou. Aguardemos.

    E apresentei a matéria do O Globo – 18/04/2013 : “Professor do Ibre/FGV diz que a Selic precisa subir a 10,25% ao ano para conter a inflação, “

    No link: http://advivo.com.br/comentario/re-a-logica-do-copom-de-aumentar-a-selic-em-025-66

    1. Explicação fácil

      A explicação veio fácil. Manchete d’o Grobo online agorinha:

      “Fundos de DI voltam a ser competitivos com a elevação da Selic para 10% pelo Copom Com alta, fundo DI com aplicação de R$ 1 mil bate inflação. Mudança beneficia 392 mil cotistas”

      1. Enquanto isto, no MEC,

        Enquanto isto, no MEC, Mercadante oferece R$ 200,00 de bolsa aos Professores..

        Com a grana que foi pro ralo, com a Selic indo de 7,25% pra 10%, quantos IFES daria para fazer no país?

        Ontem mesmo apareceu que um Instituto Federal foi o melhor colégio público no ENEM no RN..

         

  3. Parabéns ao Banco Central

    Dou meu parabéns ao Banco Central, pela demonstração de “independência” para bem servir à tortuosidade da lógica financeira.

  4. De  7,25% pra 10% o Brasil

    De  7,25% pra 10% o Brasil perde quanto pros banqueiros? Uns R$ 60 bilhões?

    Aí depois não tem dinheiro pra saúde, educação, previdência, e por isto tem que privatizar portos, rodovias, ferrovias (pra iniciativa privada investir com a grana do Bndes, diga-se de passagem)… 

    Isto porque há muito tempo a inflação arrefeceu, mas o Bacen continua aumentando o juros, reunião após reunião do Copom. A redução dos juros ao menor patamar histórico Era a principal bandeira da Dilma. Os banqueiros agradecem.

  5. Mais uma do PIG, favor se

    Mais uma do PIG, favor se algum comentarista possui estômago para fazer o pinga-fogo.. (a propósito, em que pé anda a ley dos medios?)..

     

    O vídeo acima exibe um pedaço de pronunciamento levado ao ar em 30 de abril de 2012, véspera do feriado de 1º de Maio. Falando em rede nacional, Dilma Rousseff chicoteou os banqueiros. “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo”, disse.

    O BC acabara de reduzir a taxa básica de juros para 9% ao ano. Empurrados por Dilma, os bancos estatais baixavam suas taxas. E a presidente malhava as casas bancárias privadas no horário nobre. Fazia isso com extremo gosto.

    “Os bancos não podem continuar cobrando os mesmo juros para empresas e para o consumidor enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável, e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade os seus compromissos”, bateu Dilma.

    O Banco Central começara a passar os juros na lâmina em agosto de 2011. A Selic saíra de um patamar de 12,5% ao ano, passava pelos 9% que entusiasmavam Dilma e atingiriam o mínimo histórico de 7,25% ao ano em março de 2013. No mês seguinte, abril de 2013, o BC virou-se para trás e começou a fazer o caminho de volta.

    Na noite desta quarta-feira (27), foi anunciada a sexta elevação consecutiva da taxa de juros. A Selic fecha 2013 em 10% ao ano. Voltou ao patamar dos dois dígitos. E ainda pode subir mais um pouco no início de 2014. Virou pó o discurso de Dilma. Ficou entendido que o gogó não é um bom domador de juros.

    Em privado, Dilma e seus operadores econômicos dizem que o maior erro de Brasília foi dar ouvidos ao empresariado. Os investidores queixavam-se dos juros lunares e do fardo dos impostos. Além de podar a Selic, o governo serviu mais de R$ 70 bilhões em desonerações de tributos.

    Dilma mandou para o beleléu suas metas fiscais. E imaginou que a resposta aos juros baixos e à moderação do apetite do fisco seria um aumento expressivo dos investimentos privados. Deu-se coisa bem diferente.

    A redução da Selic minou o lucro financeiro das empresas. E as que obtiveram algum tipo de desoneração usaram o refresco tributário para recompor suas margens de lucro, não para investir.

    Com a taxa de inflação a moder-lhe o calcanhar, Dilma parou de torcer o nariz dos banqueiros e viu-se compelida a dar liberdade ao BC para elevar os juros. Trocou o discurso fácil por um esforço árduo para fechar o ano com IPCA inferior aos 5,84% registrados em 2012 —muito acima do centro da meta oficial de inflação, que é de 4,5% ao ano.

    Nesse contexto, uma taxa de juros de dois dígitos não é propriamente uma opção. É uma fatalidade. A carestia, como se sabe, costuma azedar o humor do eleitorado. Dilma sopesou os custos e os benefícios e concluiu: melhor perder o discurso do que a eleição.

  6. Está na Carta Capital 776,

    Está na Carta Capital 776, desta semana, na pag. 42: “Os presidentes de Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht estiveram  nas ultimas semanas em audiencias individuais no Planalto. Falaram sobre o País e a relação governo-PIB. Para um deles, o “mercado” não engole duas perdas no governo atual: de lucro, fruto da queda da taxa de juros do Banco Central e dos bancos estatais, e de influencia, com a nomeação para o comando do Banco Central de um funcionário de carreira, e não de um dos “seus”, como tinha sido nas gestões Lula e Fernando Henrique Cardoso.”

    Concluam….

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