Apesar da revisão, dados sinalizam redução do PIB no segundo semestre

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) referente ao primeiro semestre de 2013 (quando o crescimento econômico superou as expectativas, chegando a 1,5%), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou a revisão de três dados do PIB de trimestres anteriores. No quarto trimestre do ano passado, o indicador saiu de 0,6% para 0,8%. No terceiro trimestre de 2012, o PIB foi revisado de 0,3% para 0,4% e, no segundo trimestre de 2012, o PIB foi alterado de 0,3% para 0,1%.

Apesar da melhora vista na maioria dos dados, é preciso ter em mente que a revisão equivale a olhar para o que houve no passado, e não é a partir daí que se realiza um diagnóstico para projeções futuras, como explica Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austin Ratings. “A revisão de um PIB pode ser para cima ou para baixo, o que é normal pois o IBGE trabalha com coleta de informações, onde se responde uma parte do questionário e depois se revisa. Às vezes isso acontece por conta de dados mais voláteis”.

Em entrevista, o economista explica que houve surpresa no PIB, que veio muito acima do esperado e ainda outros números foram revisados para cima, mas outros dados não vieram tão bons conforme a consultoria esperava. “Esperávamos que o PIB ante o mesmo trimestre de 2012 fosse de 3,8%, e veio 3,3%. Contudo, o número que deveria ter surpreendido era o do primeiro trimestre, por conta da manutenção dos juros até abril, a perspectiva de melhora devido ao aumento vigoroso do crédito dos bancos públicos, ambiente com consumidor e empresários otimistas e o uso de mecanismos ficais para estimular consumo”. Isso surtiu efeito durante o primeiro semestre, mas agora a trajetória caminha para a desaceleração com o início do ciclo de alta dos juros, aliado ao cerceamento do programa de desoneração do governo e ao aumento da inadimplência da população. “É bom aumentar o endividamento, mas não a inadimplência. Porém, isso aconteceu quando o governo veio estimular a demanda por crédito para reforma, linha branca e carros, foram itens com mais valor agregado e é preciso financiar por um tempo signficativo, o que “engessa” o consumo por tempo prolongado”, explica Agostini.

Na visão do economista, o segundo semestre guarda mais fatores negativos do que positivos para a economia brasileira, uma vez que o efeito da alta dos juros começa a ter uma concentração mais expressiva, fazendo com que a revisão dos dados para cima não faça tanto sentido agora. “No segundo semestre, os estoques cresceram muito e a produção de veículos caiu em julho; o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) ficou abaixo das expectativas, mostrando que perdeu fôlego. Além disso, a confiança do empresário e do consumidor entraram em terreno negativo e, adicionalmente, teve a alta do câmbio. A inflação alta inibiu a demanda crescente até o primeiro trimestre, reduziu no segundo trimestre e está meio acomodada”.

A piora dos dados de mercado de trabalho também conspira para a piora da perspectiva econômica – e a piora do nível de emprego gera uma redução no consumo, e a inflação também diminuiu a renda média. “Quando havia necessidade de revigorar a economia, os malabarismos eram necessários. Agora, o mercado cobra os ajustes fiscais. Com a necessidade do governo de se manter o superávit, tira-se o fôlego para investimentos. A revisão dos dados para cima ficou estranha. Ainda está cedo para ver se está certo ou errado, mas não faz muito sentido”.

Governo reduz PIB de 2013 para 2,5%

O governo federal reduziu seu prognóstico para o crescimento da economia ao fim deste ano. Segundo o Relatório de Receitas e Despesas do quarto bimestre, divulgado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que revisa as receitas e despesas estimadas na Lei Orçamentária do exercício, prevê crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 3% estimados no relatório do terceiro bimestre previa crescimento de 3% para o PIB deste ano.

O relatório bimestral continua trabalhando com inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 5,7% e uma taxa de câmbio média a R$ 2,09.

O relatório registra ainda aumento de R$ 4,7 bilhões nas receitas líquidas primárias com relação ao terceiro bimestre, por conta da previsão de alta da arrecadação previdenciária, de receitas de concessões, do complemento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e outros.

Do lado das despesas, o documento registra acréscimo igual de R$ 4,7 bilhões. O volume é direcionado à Conta de Desenvolvimento Energético (R$ 1,9 bilhão), abono e seguro-desemprego (R$ 1,5 bilhão), créditos extraordinários (R$ 1,3 bilhão), subsídios (R$ 1 bilhão) e sentenças judiciais relativas a benefícios previdenciários (R$ 612 milhões).

O documento também aponta cortes no valor de R$ 1,6 bilhão, incluindo redução de R$ 568,2 milhões na complementação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e uma redução no valor de R$ 543,9 milhões nos gastos com pessoal, sentenças judiciais e anistiados.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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