Piora nas expectativas de inflação leva Copom a aumentar juros para 8%

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Ao contrário do que o mercado esperava, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 8% ao ano. A decisão foi unânime e sem viés. Os analistas esperavam um ajuste na casa de 0,25 ponto percentual.

Em comunicado divulgado logo após a reunião, a autoridade monetária afirma que “essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”. Votaram por essa decisão todos os membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

 

Na visão do economista Carlos Acquisti, da Infinity Asset Management, a decisão teve como principal vetor de influência o comportamento da inflação oficial, uma vez que a taxa está muito próxima do teto da meta estabelecida e houve uma deterioração – “de certa forma razoável” – do controle das expectativas inflacionárias. Os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses até abril é de 6,49%, ante uma meta de 4,50% com dois pontos percentuais para baixo (2,50%) ou para cima (6,50%) de variação.

Para Maurício Molan, economista-chefe do banco Santander, havia uma divisão entre um ajuste de 0,25 ponto e um aumento mais agressivo, e a escolha da alternativa mais agressiva pode sinalizar que a autoridade monetária está “pouco incomodada” com o fato de a demanda doméstica manter um ritmo de expansão tão fraco. “Uma subida da taxa em 0,50 ponto significa que o BC não se incomoda em desacelerar ainda mais uma demanda doméstica que já é fraca. Por outro lado, esse ajuste também pode estar ligado a possibilidade de um câmbio mais elevado estar afetando a inflação”.

Segundo Molan, os números ruins do PIB (Produto Interno Bruto) anunciados mais cedo nesta quarta vão levar a uma revisão do consenso das projeções para um resultado anual inferior a 3%. De acordo com o IBGE, o crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre foi de 0,6% ante o quarto trimestre do ano passado. “A análise mostra que a economia persiste com um crescimento bastante moderado; a expansão da demanda doméstica foi praticamente zero, e ela é o principal canal pelo qual a política monetária afeta a inflação”.

Nesta quarta-feira (29) a cotação do dólar apresentou uma depreciação relevante ao longo do dia e chegou a bater na casa de R$ 2,10 sem intervenção do Banco Central. De acordo com Molan, ainda não está claro que haverá uma mudança de patamar, e a moeda voltará à cotação abaixo de R$ 2,10 em questão de dias. “Uma eventual persistência do câmbio acima de R$ 2,10  vai ter um impacto relevante sobre a inflação”.

Diante da decisão do BC, o mercado vai aguardar com expectativa a divulgação da ata da reunião, que será publicada na próxima quinta-feira (dia 06 de junho). “É possível que a ata venha a sinalizar uma probabilidade elevada de que essa tenha sido uma alta definitiva, que ele tenha aumentado os juros em 0,50 ponto e que não vá realizar movimentos posteriores”, diz Molan. O analista ressalta que a linguagem utilizada nos comunicados anteriores apresentou uma mudança sutil, como a pontuação, no comunicado lançado esta noite, do objetivo de “manter a taxa em declínio”. Segundo o economista-chefe do Santander, “na falta de dados adicionais, essa mudança sutil pode sinalizar que a decisão tenha sido final”.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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