Copom mantém taxa Selic estável em 14,25% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Taxa Selic segue sem mudanças desde o fim de julho de 2015

Jornal GGN – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros estável em 14,25% pela quinta reunião consecutiva por seis votos a dois, em decisão já esperada pelos analistas do mercado financeiro.

“​Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando as incertezas domésticas e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 p.p”, diz a autoridade monetária, em comunicado divulgado logo após a reunião.  Votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram pela elevação da taxa Selic para 14,75% os seguintes integrantes: Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

Os juros básicos estão nesse nível desde o fim de julho do ano passado. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no mesmo percentual de outubro de 2006.

Em termos reais, o Brasil segue na liderança do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo, segundo levantamento elaborado pela consultoria Moneyou em parceria com a Infinity Asset Management. Descontando-se a inflação projetada para os próximos 12 meses (estimativa), a taxa brasileira chega a 6,79%.

Em entrevista ao Jornal GGN, a economista do banco Santander no Brasil, Tatiana Pinheiro, explica que o comunicado divulgado é praticamente o mesmo da última reunião. “Houve uma leve alteração, o BC mudou o comunicado mantendo apenas a questão da incerteza doméstica e principalmente externa”.

Ela explica que a retirada da elevação das incertezas é apenas “uma questão temporal”, uma vez que na reunião de janeiro não se ressaltava tanto a questão quanto ao crescimento doméstico e as incertezas, e agora tais temas são mais relevantes. E, apesar do dissenso na votação, a expectativa é que a autoridade monetária dê início ao processo de corte da Selic no segundo semestre.

“Esperamos a redução da Selic. Temos esse call (indicativo) desde o ano passado, e o próximo passo seria de afrouxamento monetário. Mas vemos esse afrouxamento ocorrendo no segundo semestre, aonde o movimento de queda da inflação vai ser mais claro e também onde a sensação de recessão econômica estará mais latente”, explica Tatiana. “Esses fatores vão abrir uma janela de oportunidade para o corte dos juros. Vemos estabilidade na próxima reunião em 14,25%, e acreditamos que se encaminha para um consenso de decisão”.

A próxima reunião do Copom está programada para abril e, segundo as expectativas do banco Santander, a inflação deve ter entrado em trajetória de queda. “Já termos divulgados os dados de inflação de março, que deve ficar abaixo da média de janeiro – na casa de 1,20%, envolvendo o IPCA-15 de janeiro e o IPCA-15 de fevereiro – e, em março, o índice de preços deve ficar na casa de 0,60%. Essa informação já vai ter sido divulgada na reunião de abril, e os dados de desaceleração econômica devem fazer com que se consiga unanimidade pela manutenção”.

Para o ano de 2016, a expectativa do banco é de um ciclo pequeno de ajustes, com a taxa Selic fechando o período em 13%. “(O Banco Central) começa o afrouxamento lentamente, testando o processo de desinflação em si (…) O BC vai testar para fazer adequação do juro real, dado que você estará em ambiente recessivo não tem porque manter juro real no patamar dos atuais 8%. Em torno de 7% seria mais adequado, mas com um ajuste lento e sempre vendo a expetativa de inflação”, explica Tatiana.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

9 Comentários

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  1. Recessão Brutal

    E ainda tem 2 iluminados que votam pela elevação da Bolsa Juros. Desinformados é que eles não são. E economista de banco defendendo juro real de 7% como ideal. Pra quem? Só se for para os patrões dela. Pelo amor de Deus, quando é que teremos um debate verdadeiro e menos canalha sobre a Bolsa Juros?????????

    1. Mágica

      Quer que o os juros caiam? Eu também. O que deve ser feito de fato para que tenhamos juros civilizados igual aos países decentes, ou juros decentes como nos países civilizados ( tanto faz)? O inchado, ineficiente e esbanjador Estado brasileiro precisa URGENTEMENTE diminuir seus gastos. Apenas este primeiro passo teria um efeito gigantesco na recuperação econômica, mas claro que há muitas outras coisas a serem feitas para que deixemos de ser o eterno país do futuro.

      1. Desculpa esfarrapada

        Essa desculpa é velha. Então compara a situação da dívida brasileira com outros países. A Grécia, por exemplo, tem dívida de 1,8 vezes o produto interno e paga juros de 7% ao ano.

        A dívida brasileira era de 24% do PIB em 1994, quando FHC assumiu. A golpes de juros, que chegaram a 40% ao ano, chegou a 65% quando ele saiu e hoje está ainda em torno disso. Os juros e a rolagem da dívida absorvem 48% do orçamento federal.

        O estado brasileiro é gastador e esbanjador, sim, mas é entregando metade da arrecadação aos rentistas.

  2. E dois trem-fantasmas Sidnei

    E dois trem-fantasmas Sidnei Marques e Tony Volpon (quem inventou este camarada no BC?) votaram pel ALTA dos juros,

    o Governo Dilma realmente não precisa de inimigos, basta o fogo amigo.

    1. É o BC independente na prática, nos quatro mandatos do PT.

      Vai ver que é o tal “republicanismo”, no caso, o mais anti-republicano possível: salve o rentismo, dane-se a República.

  3. Inacreditável

    É Inacreditável haver 2 votos para aumentar a SELIC numa recessão projetada de mais de 3% e deficit fiscal galopante com queda de receitas.

    Isso é “ortodoxia econnômica”? ONDE? Só no Brasil…

    Já passou da hora de re-estatizar o Banco Central. Os reguladores capturados pelos regulados – num cativeiro onde bomba claramente a síndrome de estocolmo – so estao ali esperando mais uma girada da “revolving door”, quando voltam para trabalhar diretamente para seus patroes de fato.

  4. recessão é igual a juro real zero, por favor acordem !!!

    Pior que a chantagem dos lavajato da vida é essa drenagem de sangue do povo brasileiro feito pelos “nunca atingidos “”desde 1500.

    Estaremos perdidos se Governo e sociedade não enfrentar esses chupins.

    Banqueiros e todos os rentistas vivendo no paraíso terrestre chamado Brasil.

  5. As manipulações de pesquisas

    As manipulações de pesquisas de inflação de preços que acendem o âmbito de considerações, per si, em confinamento, sugerem uma certa simbiose com os vazamentos das operações da Lava Jato substituindo as notícias de tragédias na mídia. Isto acontecendo ao mesmo tempo como uma cultura conjunta para aumentar a taxa de juros e ocasionar crime de responsabilidade fiscal, nos afigura representações que dominam a previsibilidade da economia, e as premissas para pedir impeachment de presidentes da república podem se manter durante séculos.

    Por mais de cinco vezes seguidas, com a famosa decisão segundo a qual a eficácia da Ciência da Economia se desfaz no COPOM, a taxa de juros (lógico, para manter ganhos do pessoal do Banco Central e dos rentistas) destaca convicções anteriores que controlam a persuasão do sentido banal para manter alta a taxa Selic, tendo-se inflação contínua na base da sangria tributária, porque, para nossa fantasia mental, eles não apresentam uma relação de coerência que se prenda a vida presente.

    Fica claro, então, que as eventuais diferenças entre detratores econômicos e delatores criminosos não existem fora da mídia, sem a orientação histórica daquilo que constituem o primeiro passo co-movedor para ultrapassar investigações, e antecipar resultados da crise psicológica que ainda não existe, ou seja: No sentido de estruturar a dinâmica de publicidades, por elementos gerais deles, ocupam uma realidade absurdamente corrupta, atraída com as suas pesquisas de informações, e tais fatos de loucuras vão pertencer a história do cotidiano.

     

     

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