Copom mantém taxa Selic estável em 14,25% pela quarta vez

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central encerrou a primeira reunião de 2016 decidindo pela manutenção da taxa básica de juros em 14,25% ao ano, em decisão que não foi unânime. Esta foi a quarta reunião em que o BC decidiu pela manutenção dos juros nos patamares atuais.

“Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 p.p”, diz a autoridade monetária, em comunicado divulgado logo após a reunião.

Votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% o presidente do BC Alexandre Antonio Tombini, além de Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso, enquanto Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.foram favoráveis à elevação da taxa Selic para 14,75% a.a.

Em entrevista ao Jornal GGN, Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander no Brasil, disse que a decisão da autoridade monetária surpreendeu o mercado, que precificava um ajuste em torno de 0,50%. “Até a semana passada, era quase unânime a (hipótese de) alta de 0,50%, e começaram a surgir algumas apostas de 0,25%. A decisão foi uma surpresa”.

A economista explica ainda que o comunicado divulgado pela autoridade monetária mudou bastante em relação ao visto na última reunião de 2015. “O dissenso de dois diretores foi mantido, mas o resto foi bastante modificado, dando destaque à maior preocupação com relação à atividade doméstica e externa, o que chama um pouco a atenção, mas tem um pouco de sentido devido a volatilidade do mercado internacional, com temores sobre o mercado chinês e o desempenho da bolsa norte-americana no começo do ano. Para a gente, ficou claro que tem uma combinação de fatores”.

Além disso, Tatiana pontua a importância da atividade econômica e doméstica sendo afetada pelo cenário mundial. “A preocupação com a atividade econômica ganhou importância, e provavelmente o Banco Central deve ter avaliado a expectativa com relação a atividade no ano de 2016 ante o que ele tinha no Relatório de Inflação publicado ao fim de dezembro. A preocupação com a atividade econômica aumentou, como também muito provavelmente a avaliação com relação ao desempenho da atividade. Essa mudança levou à reposta pela manutenção da política monetária, bastante contrária à expectativa que os agentes tinham”.

No caso da inflação, a economista disse que houve uma mudança de preocupações. “Em novembro e ao longo de dezembro, o Banco Central através de seus comunicados demonstrou uma preocupação bastante elevada com relação ao desempenho da inflação corrente, em cima das expectativas de inflação e da preocupação com relação ao alcance das metas estipuladas ara 2016 e 2017. Com um começo de ano mais conturbado, principalmente externamente, essa preocupação que era mais focada com inflação acabou a ser desviada para a atividade econômica”. Fica claro que o objetivo principal da autoridade monetária é controlar e garantir a estabilidade dos preços, além de levar a inflação para a meta, mas os últimos eventos deixaram claro que a preocupação do BC, que estava inicialmente assimétrica à inflação, indicou uma assimetria para a atividade econômica.

Sobre as expectativas traçadas, Tatiana diz que o mercado tinha a expectativa de mais um ciclo de ajustes por conta de toda a comunicação da autoridade monetária desde novembro até a última semana. “O comunicado, eu acho que foi claro e válido, ressaltando a questão da atividade doméstica, da questão do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e ressaltando a volatilidade com relação à expectativa que vai afetar a atividade que já está em recessão. Não dá pra dizer que não é válida a preocupação com relação à atividade, e sinaliza que provavelmente houve uma mudança para a pior na expectativa que o BC tinha para a atividade”.  Tal mudança de posicionamento aumenta as expectativas pela divulgação da ata desta reunião, que será publicada na próxima semana.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

5 Comentários

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  1. O cenário está realmente muito esquisito,

    Grandes safras de cereiais pelo mundo afora.  Brasil produzindo sua maior safra de café, ao mesmo tempo que os preços destes produtos estão em queda brutal.  Petróleo e ferro estão mais baratos do que banana no bananal. As bolsas de valores em todo o mundo não param de dar sustos em todos.  De uma hora para outra um pavio será aceso e a uma bomba explodirá.  Lembram-se da quebra das bolsas em 1929?  Lembram-se da queima do café no Brasil? 

    Bom, pelo menos espero que desta vez o café  e o petróleo, a soja, o milho,  sejam queimados para produzir energia elétrica, poupando nossas grandes represas para um ano vindouro, quando a crise amainar.  De uma hora para outra o Brasil poderá ter que decretar um regime de estado de guerra para evitar os males da crise, e para isto precisaremos de união nacional.  Espero que Dilma tenha a estatura que a situação exige.

  2. Caipira “Chicago boy”

    “Tatiana pontua a importância da atividade econômica e doméstica sendo afetada pelo cenário mundial”

    Menino: “Está mais caro hoje, por conta da queda da Bolsa em Nova Iorque, o menor preço das commodities e, ainda, pelo novo valor do dólar. Isso afeta o preço do ovo, também. Ainda bem que o BC manteve a taxa SELIC. Vai levar um frango?”

  3. chutei e acertei..,
    sou

    chutei e acertei..,

    sou leigo…

    talvez tenha acertado no prognóstico de que não aumentaria,

    usando os mesmos métodos canhestros da maioria desses

    especialistas que navegam pelo caos na grande midia basileira….

    o chutometro…

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