Entidades criticam manutenção da taxa de juros

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Entidades do setor produtivo criticaram a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em manter a taxa básica de juros estável em 11% ano, conforme decisão anunciada na noite desta quarta-feira.

Em nota, Benjamin Steinbruch, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, disse que a manutenção dos juros coloca em risco a situação financeira de empresas e trabalhadores. “Por causa do cenário desenhado pelos números do PIB, somado à contínua deterioração da confiança das empresas e dos consumidores, esperávamos um corte na taxa básica de juros, que infelizmente não ocorreu, mantendo o Brasil com a taxa mais elevada do mundo”, afirma Steinbruch.

“A divulgação dos resultados do PIB no segundo trimestre confirmou o que todos já sabiam: a economia brasileira encontra-se em recessão.  O caso da indústria de transformação é ainda pior, pois a queda do segundo trimestre foi a quarta consecutiva. Os investimentos também mostraram a mesma dinâmica.”

Para José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a taxa básica de juros do Brasil é refém do problema fiscal, sendo necessário “reduzir as despesas públicas, em todas as instâncias governamentais, pois com o Estado gastando mal e muito, não temos como baixar os juros, e o alto preço do dinheiro é inimigo do aporte de capital em empreendimentos produtivos”. Segundo o executivo, “produzir no Brasil, atualmente, é pelo menos 34% mais caro do que nas economias com as quais concorremos. Por isso, não se pode entender os juros como algo isolado. Trata-se de um processo atrelado a uma estratégia com ações de curto, médio e longo prazo para o crescimento sustentado da economia”.

Já Levi Ceregato, presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, disse que a manutenção da Selic em 11% já era esperada e reforça esse movimento de acelerar e puxar o freio de mão ao mesmo tempo com que a economia tem se conduzido neste ano. “Os juros na ponta – para o consumidor e para o tomador de crédito – estão altos e exercem um efeito perverso sobre a mercado, pois são diretamente repassados aos preços dos produtos, o que dificulta vendas e compromete as margens das empresas, muitas vezes já pressionadas pelos importados”.

Em nota, o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, também disse que a decisão do Copom não surpreendeu, embora acredite que haveria espaço para uma redução moderada da taxa, considerando o baixo nível das atividades econômicas. “O Banco Central, no entanto, parece mais preocupado com a inflação – que efetivamente continua elevada – do que com o crescimento da economia. As medidas macro-prudenciais adotadas recentemente pelo BC, visando a estimular o crédito, ainda não surtiram efeitos, pelo que se espera que o Copom, em sua próxima reunião, reduza as taxas de juros para estimular a economia”.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão de manter os juros básicos da economia em 11% ao ano “prolongará as dificuldades da indústria brasileira e a retomada da atividade produtiva” e defende a redução gradual dos juros, “o que possibilitará o retorno dos investimentos, o aumento do consumo e a retomada do crescimento da indústria brasileira”.

O sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) também falou a respeito dos juros. De acordo com a nota, “o resultado negativo do PIB no segundo trimestre confirmou o quadro de baixo crescimento da economia brasileira retratado pelas pesquisas setoriais e pelos índices de confiança de empresários e consumidores. Apesar disso, ainda que os resultados para a inflação tenham sido mais favoráveis desde a última reunião do Copom, permanecem relevantes desafios quanto à sua trajetória, em especial no que diz respeito à correção dos preços administrados”. A entidade também insiste “que uma política fiscal mais equilibrada, com redução dos gastos públicos de natureza corrente, é essencial para um recuo sustentável da inflação, de forma a abrir espaço para um processo de queda permanente da taxa de juros”.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

14 Comentários

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  1. “Entidades do setor produtivo

    “Entidades do setor produtivo criticaram a decisão do Copom”:

    Nao leio mais:  EM QUEM o bc esta se “apoiando” pra manter essa decisao estapafurdia?

    Se nao eh em “entidades do setor produtivo”, isso eh so mais prova do que eu sempre falei:  o bc eh agente externo, sempre foi, sempre vai ser.

  2. Na China onde funciona, o sócio da Empíricus dá testemunho

    O Bill Bonner, dono da Agora e sócio da Empiricus viveu estes dias uma experiência digna de nota na China, graças a sua generosidade podemos partilhar de seus insights e quem sabe aproveitar alguma coisa aqui para o Brasil. Mas um ponto que me chamou a atençaõ, é justamente que os industriais são jovens, dispostos a arriscar e a perder e a começar tudo de novo.

    Aqui industrial com menos de 90 anos não é levado a sério.

    Tá na hora de mudar.

    by Bill Bonner, 

    Bill Bonner

    Beijing, China

    Dear Diary,

    We are sitting in the lobby of the China World Hotel in Beijing. It is a very large space and very unlike most hotels.

    Monday, we stopped into the lobby of the Marriott Opera Ambassador Hotel on Boulevard Haussmann in Paris. Like most lobbies, it was quiet, with just a few people having coffee.

    Here, there are hundreds of people – almost all young. I am the oldest person, a fossil from another continent and another time. The young people are dressed casually but well. They sit in groups talking… as though planning their next marketing campaign.

    There is scarcely anyone over the age of 40. We have started a small publishing business in China. It, too, is staffed by people in their twenties.

    What happened to the old people? Maybe they have not been able to keep up with the breathtaking changes in China. This is no country for old men…

    “Everyone has great confidence in the future,” says a Chinese colleague. “Things have gotten so much better over the last 20 years. And we expect that to continue.

    “Our new president, Xi Jinping, is serious about trying to get rid of corruption, even at the highest levels. He is trying to deregulate whole industries. Regulations and licenses were just a way for officials to demand bribes and payoffs. So, Xi wants to get rid of a lot of this so we can do business more freely.”

    Whether he will succeed or not, we can’t say. But at least it sounds promising.

  3. Realmente não é uma boa

    Realmente não é uma boa notícia mas e se a taxa tivesse sido baixada em 1 ponto? Áí toda a imprensa e os demais candidatos iriam dizer que era casuísmo por estar às vésperas da eleição!

  4. Setor Produtivo

     

     Como parece que o setor produtivo está votando contra Dilma, é bom irem se acostumando. Lá na frente terão o PSDB/Marina e  a Selic aos 45% a.a., caso a coligação de todo mundo contro o PT vença as eleições.

     Não observei pronunciamento da FIESP a respeito dos programas do PSB e do PSDB.

  5.  
    Quem critica? Só se for os

     

    Quem critica? Só se for os rentistas.

        Pro povão,tá pouco se lixando se o cheque especial ou o cartão de crédito subirá miséria.É tudo em 10x mesmo.

             Como disse meu amigo: ” Pra mim a gasolina nunca sobe, eu sempro coloco 30 reais”

  6. esses empresários não

    esses empresários não sentiram nada do que será um possíveel governo marina em termos e alta dos juros…

    esses mesmo economistas dela são os emsorepresentantes da quebradeira geral da ea fhc quando a selic foi a  45 por cento.

  7. É………………..

    É a eterna luta entre os que produzem e os especuladores que querem ganhar fácil!!!!!

    Tudo isto não passa de pressão em véspera de eleições!!!!

    Pressionan para verem se tiram mais das tetas do governo, e quase todos eles dizem que tem que reduzir gastos do governo, leia-se investimentos sociais!

    Vão se catar, seus abutres!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  8. Redução de gastos públicos e juros

    Não dá para entender: o principal gasto cortável são os juros, aí representantes dos “empresários” dizem que o Brasil só pode cortar os juros depois de reduzir o gasto público.  Esses cara não enganam, vivem de juros e não querem ver a Selic lá embaixo.

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