Entidades repercutem decisão do Copom

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Após decisão, entidades pedem ajuste das contas públicas

Jornal GGN – Embora a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em manter a taxa básica de juros estável em 14,25%  tenha ficado dentro do esperado pelos analistas, representantes do setor produtivo dizem que outros pontos ainda exigem preocupação, como a inflação e o ajuste fiscal.

Segundo Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), todos os indicadores da atividade econômica mostram que a recessão vem se aprofundando e o desemprego, em trajetória de alta. “É urgente que se tenha uma política fiscal que sinalize com o equilíbrio das contas públicas, mesmo que gradativo, o que exige forte contenção dos gastos e reformas estruturais do orçamento público, a começar pela Previdência. Esse ajuste, contudo, não pode ser baseado em aumento da tributação, pois qualquer majoração de impostos sobre as empresas ou os cidadãos somente provocará mais recessão”, opina Burti.

Na análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), “um conjunto de equívocos de política econômica colocou o País em uma verdadeira encruzilhada. Apesar da retração acentuada da atividade, a inflação segue elevada mesmo com o crédito em queda e os juros altos. Isso porque, sem um efetivo ajuste fiscal, a capacidade da política monetária de conter a alta de preços é cada vez mais limitada”. 

Ao mesmo tempo, a entidade diz que esperar que a retração da atividade econômica e o aumento do desemprego segurem a inflação diante de tal cenário parece ser praticamente a única opção viável do Banco Central. “Entretanto, tal caminho representa um risco grave para a economia brasileira, visto que o crescimento acelerado da dívida poderia levar à emissão de moeda e, consequentemente, à retroalimentação do processo inflacionário”.

Para a FecomercioSP, “a saída é atacar a raiz do problema (que é fiscal), avançando na reforma da Previdência, na desindexação da economia e na desvinculação das receitas. Entretanto, embora haja praticamente consenso a respeito do diagnóstico e da saída para a crise, falta agilidade, clareza, convicção e coerência por parte do governo, bem como capacidade de articulação política”.

Em comunicado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que os juros básicos da economia só poderão começar a cair se o governo cortar gastos. Em comunicado, a entidade destacou que a manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano não surpreende, mas cobra rigor com o ajuste fiscal para que tanto a inflação como os juros possam diminuir.

Para a CNI, o aprofundamento da recessão possibilitaria a redução da taxa básica de juros, porque, em tese, reduziria a demanda e as pessoas consumiriam menos, mas a inflação persistentemente alta e distante do centro da meta – de 4,5% para este ano – motivou a cautela do Banco Central em manter a Selic inalterada.

Além do ajuste fiscal, a confederação cobra reformas estruturais para melhorar a competitividade da economia e fazer o país voltar a crescer. “A redução dos juros depende de reformas estruturais e de um ajuste fiscal efetivo, que restabeleça a confiança dos agentes econômicos e afaste o risco de uma trajetória crescente e insustentável da dívida pública brasileira, abrindo caminho para a reorganização da economia e à retomada do crescimento”, concluiu o comunicado.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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