Crédito privado para projetos de longo prazo

Jornal GGN – De todos os bancos de desenvolvimento que surgiram na América Latina, o único que sobreviveu ao teste do tempo foi o BNDES. De alguma forma, o banco brasileiro se manteve firme enquanto, nos países vizinhos, os seus pares quebravam ou eram vendidos.

Nos últimos anos, o banco estatal cresceu em importância. No auge da crise econômica, foi a atuação anticíclica do BNDES e seu protagonismo na emissão de crédito de longo prazo que manteve vivo o projeto de desenvolvimento.

No entanto, com o ajuste fiscal, a capacidade da instituição também deve ser puxada para baixo. E os bancos privados já estão demonstrando certo apetite para assumir os projetos de longo prazo.

A Lei nº 12.431, que zerou as alíquotas de imposto de renda para debêntures incentivadas, deu aos bancos comerciais um poderoso instrumento para fazer arbitragem fiscal e regulatória. E ela veio para ficar.

Essa é a opinião de Ernani Torres, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ele esteve presente no 65º Fórum de Debates Brasilianas.org, onde falou sobre os aspectos positivos e negativos dessa nova realidade do mercado financeiro e bancário.

Leia também: Os bancos estatais e a agenda nacional

A integração do Brasil no sistema financeiro globalizado

https://www.youtube.com/watch?v=Xy8DWmWXJAY&index=3&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc height:394]

“Se a gente olha do ponto de vista financeiro a evolução que houve no Brasil, dos anos 80 para cá, ela tem uma sequência, ela tem um rumo extremamente claro. Para fazer isso precisou mudar câmbio, precisou mudar banco, precisou mudar dívida pública, precisou mudar bolsa de valores. Mudou radicalmente tudo que a gente tinha no início dos anos 80. Se a gente voltar ao início dos anos 2000, esse era o quadro que a gente tinha com relação ao mercado de crédito. O crédito era escasso, 27% do PIB, porcaria. Pior do que isso, ele era extremamente volátil. Se a gente olha o que aconteceu daí em diante, nós somos o mercado financeiro que mais rapidamente cresceu no mundo. A explosão financeira que houve no Brasil foi cavalar. Tudo bem, as bases eram mínimas. Mas de qualquer maneira é uma coisa impressionante. Nós descolamos da média. Hoje o mercado brasileiro não é pequeno”.

Leia também: ‘Dinheiro de pobre’, a inclusão social no sistema financeiro

O baixo crescimento do crédito corporativo e a recessão do crédito privado

https://www.youtube.com/watch?v=fzM-QAFSRHc&index=1&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc height:394]

“Nós temos uma recessão de crédito privado há algum tempo no Brasil que não se manifestou, mas claramente não jogou a economia para baixo porque os bancos públicos seguraram. E agora veio tudo junto abaixo. Este ano, se você pegar o alinhamento astral é o pior possível em 20 anos do ponto de vista de todos os fatores operando para baixo simultaneamente. O sistema está tendendo a encolher mesmo no crédito à pessoa jurídica, não só na pessoa física, há muito tempo, e quem está segurando isso são os bancos públicos também”.

BNDES: O último banco de desenvolvimento da América Latina

https://www.youtube.com/watch?v=MdzihtN87Po&index=2&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc height:394]

“Dentro desse sistema tem um transatlântico chamado BNDES, que tem 20% do crédito. Isso não existe em nenhum lugar do mundo. Um banco de desenvolvimento com 20% do sistema de crédito é uma situação muito particular. O BNDES é a única instituição de desenvolvimento que sobreviveu na América Latina. Ele surge junto com todos os outros. E todos foram privatizados ou quebrados nos anos 80. No Brasil não. E isso eu acho que é um aspecto que é muitíssimo pouco estudado: por quê? E BNDES cresceu muito. O problema é que ele agora é parte do ajuste fiscal”.

O mercado de títulos e a miragem no estoque de debêntures

https://www.youtube.com/watch?v=gFtjcENMSCU&index=7&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc height:394

“Crédito corporativo, títulos, debêntures, é uma experiência americana. Os únicos caras que tinham mercados e títulos corporativos para valer até 1980 eram os Estados Unidos. Basiléias, todas as restrições que foram sendo colocadas aos bancos, de certa maneira estimularam o desenvolvimento do mercado de títulos. Vamos olhar que debêntures são essas que estão surgindo no mercado. Isso é crédito de longo prazo? Esse vermelhinho? Não. Isso é miragem. Ou se vocês quiserem, na linguagem do mercado, isso não é nada mais do que um ‘Zé com Zé’. Trocando em miúdos: as debêntures não pagam imposto, o crédito de debêntures não é bancário, portanto, ele não tem que gerar reservas no Banco Central, então, eu vou emitir debênture, é muito melhor do que emitir um CDB. Mas eu não posso emitir debênture porque eu sou banco. Mas eu tenho uma leasing que pode. Isso aqui é CDBênture. A leasing emite o papel, o banco compra, o dinheiro volta pelo interbancário sem pagar imposto, o banco tem um papel na mão e vende como se fosse uma debênture sem pagar imposto e sem ter que provisionar no Banco Central”.

O tratamento assimétrico da CVM em emissões públicas e lançamentos a grupos restritos

[video:https://www.youtube.com/watch?v=dSmBh46-nEU&index=5&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc height:394

“Se você for lançar uma debênture, você tem duas maneiras de fazer isso. Você pode lançar um grupo restrito e a CVM não enche o saco. É um procedimento praticamente livre de responsabilidade. Agora, se você quer fazer emissão pública de debênture e vender para todo mundo, popularizar o mercado de capitais, a CVM enche o saco, torna isso caríssimo, você vai ter que botar no seu próprio prospecto que comprar debênture e entrar no mercado de capitais dá câncer, como aquelas coisas horrorosas que os caras botam no cigarro. Então, há um tratamento completamente assimétrico. Eu quero vender debênture e não quero crédito bancário não. Eu quero 8% sobre IPCA, sem imposto de renda. Tá bom pra vocês? Pra mim tá bom à beça. Isso é o que os bancos ganham. Por que a gente não pode ganhar também?”

O papel do BNDES e o interesse dos bancos privados no crédito de longo prazo

[video:https://www.youtube.com/watch?v=-3fknovxM7o&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc&index=6 height:394

“O padrão brasileiro é um padrão de longo prazo controlado por bancos. Quer sejam bancos públicos, quer sejam bancos comerciais. Qual é o papel do BNDES? A gente tentou medir isso. E encontramos algumas coisas interessantes. Do ponto de vista da originação, a participação do BNDES direta, ou seja, onde ele é responsável pela geração do ativo é pouco mais de 1/3. A participação dos bancos é 55%. Então, o que esse cenário mostra? Que a despeito que o BNDES tenha 70% da provisão de fundos, o mercado fora BNDES cresceu muito. Esse quadro muda na medida em que você vai trabalhando mais no longo prazo. Na medida em que você vai saindo dos cinco, sete anos, e indo em direção dos 20, 25 anos, a participação e a voz do BNDES é muitíssimo mais relevante. Mas do nosso ponto de vista isso não é o mais determinante. Nós já temos, hoje em dia, uma relevância do setor privado nas decisões de financiamento de longo prazo bastante grande, muito maior do que a gente imaginava”.

A competição do BNDES com os bancos privados e o peso político das críticas ao banco

[video:https://www.youtube.com/watch?v=dE9SvrirbwA&list=PLhevdk0TXGF69zi0lwYOuCoGt1Puhr1Zc&index=7  height:394

“Na maior parte não há competição entre dois sistemas, eles são complementares. Os bancos privados dão o pontapé inicial, dão um crédito de um ou dois anos e depois o BNDES fica com o crédito. É assim que se trabalha. Há uma certa percepção, do meu ponto de vista errônea, de que é ilegítimo que os bancos públicos façam ganho de capital. Como se houvesse um monopólio natural do setor privado. Por que o BNDES comprou a Vale do Rio Doce? Entre outros motivos porque ele tinha o direito de preferência. Obviamente tem um interesse político bastante operacional no setor. Onde é que eu acho que tem problemas? Quando a Selic descola da TJLP, isso é um problema. Por quê? Porque as empresas vão maximizar BNDES na veia. Provavelmente houve muito mais necessidade de aporte do Tesouro por má formação da taxa, por razões estritamente políticas.  Segunda coisa é a Selic alta. A Selic alta tira demanda e tira oferta”.

Ernani Torres, professor do instituto de economia da UFRJ from Jornal GGN
Redação

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Não sem motivo, a revista

    Não sem motivo, a revista Piaui, editada por dono de banco, trouxe uma extensa reportagem na edição de outubro rebentando com o BNDES. O título diz tudo: O Ralo. E tome declaração de “experientes  e competentes agentes do mercado financeiro” falando de como o Bndes não faz nada pelo desenvolvimento país e só desvia dinheiro público. Como eu, dona de pequena empresa, fiz uso de empréstimo (e paguei) do Bndes, contratanto serviço de uma ferramentaria, também pequena empresa, e não vi uma só menção sobre a imensa abertura que os governos petistas deram as pequenas empresas incluindo-as nos cadastros de financiamento tive a dimensão da manipulação da matéria. E de como o BNDES é importante para que possamos fugir dos astronômicos juros de bancos particulares.

    Sei também de amigos que compraram injetoras financiadas pelo BNDES e mordernizaram a sua produção. A jornalista que escreveu a matéria, e nunca pisou num chão de fábrica, não sabe, mas eu me lembro da época do FHC em que nós, pequenos, visitávamos feiras do plástico só para olhar e sonhar com novas máquinas e equipamentos. Financiamento do BNDES era oferecido só para as grandes empresas. 

    Matérias claramente encomendadas pelos ex-donos do Unibanco e sócios  do Itaú. Nesse mês a revista tras outra extensa matéria sobre a empresa mais incompetente e endividada do mundo: a Petrobrás. No Brasil nem o jornalismo cultural se livra da canalhice e sabujice de seus jornalistas para com os patrões.

    Vou cancelar minha assinatura. 

    1. Mas de onde o BNDES tira dinheiro para emprestar?

      Fico até surpreso de saber que agora o BNDES também empresta para pequenos empresários. Ponto para o PT. Mas esse não é o X da questão. Onde o BNDES arruma dinheiro para emprestar a juros baratinhos? Será que no jardim do banco tem uma árvore que dá dinheiro?

      Criando dinheiro donada, o BNDES manda a conta para toda a população. É evidente que o processo não é auto-sustentável, no máximo engana os trouxas até a próxima eleição. E por que os juros dos bancos privados são astronômicos? Vale aqui a mesma lógica comercial de qualquer produto: tudo o que é raro, é caro. O dinheiro é raro, então o preço do dinheiro é alto. E o dinheiro é raro porque o governo suga a poupança do país, para sustentar, inclusive, o BNDES.

      O que precisa ser feito é diminuir a voracidade do Estado, vender os bancos estatais, e assim os juros dos bancos privados cairão.

      1. Os juros só vão diminuir

        Os juros só vão diminuir quando o nivel  poupança nacional subir.

        Claro  que o estado diminuir o confisco da renda privada a poupamça vai aumentar mas não é o suficiente para resolver o problema.

      2. Os spreads dos bancos

        Os spreads dos bancos privados são muito superiores aos bancos públicos. O BNDEs é altamente lucrativo mesmo cobrando juros bem menores. 

        Mas ai vem ignorantes como você e ao invés de apoiar o lógico, que é a diminuição forçada dos spreads particulares através da atuação dos bancos públicos, quer que vendam os bancos públicos… Nesse caso meu caro… Só haveriam juros caros, adeus juros baratos… e com eles milhões de empregos !! 

        http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-03/bndes-registra-alta-de-54-no-lucro-liquido-em-2014

      3. Solução política internacional

        Como já está mais do que comprovado que o governo não consegue “estimular” a competição entre os bancos que operam no Brasil,  a ÚNICA saída que resta é trazer bancos estrangeiros, que cativados pelas excelentes remunerações dos empréstimos cobrados com juros pornográficos aqui no Brasil, farão fila para emprestar para os brasileiros à taxas superiores ao que conseguem em seus países de origem.

        Começaria com bancos Chineses.

  2. Já o Bndes não merece ser saneado e sim extinto

    Assim abre lugar para uma verdadeira agência de desenvolvimento com capacidade efetiva de financiamento do desenvolvimento brasileiro.

    Como os americanos gostam de falar : Porão o dinheiro onde estão suas palavras.

    Dilma acorda, venho propondo a extinção desta porcaria desde não sei quando e você continua esperando ele começar a trabalhar.

    Perca as esperanças, a estrutura dele não foi montada para isto e seus quadros são imprestáveis.

    1. P2P

      Interview: Michel Bauwens on Peer-To-Peer Economics and Its Role in Reshaping Our World p2p

       

      Michel Bauwens, the founder of the Peer-to-Peer Foundation, discusses the transformative power of peer-to-peer economics and its role in reshaping our world with Futurism contributor Daniel Araya. Michel Bauwens is a writer, researcher and conference speaker and a noted expert on the subject of peer-to-peer economics. He is Primavera Research Fellow at the University of Amsterdam, external expert at the Pontifical Academy of Social Sciences, and the founder of the Peer-to-Peer Foundation. Recently, he spoke with Futurism contributor Daniel Araya about the transformative power of peer-to-peer economics and its role in reshaping our world. DA: Michel, you have a global reputation as a writer and speaker on peer-to-peer (P2P) economics, particularly the sociopolitical dynamics of peer production. What drives your interest in P2P? How do you define P2P? Michel Bauwens via WikiMedia MB: I came to define P2P as a relational dynamic in which people are empowered to interact with one another in the creation of common resources. After about a dozen years in the business world, I became extremely dissatisfied with short-term corporate thinking. So I quit the corporate world and took a two-year sabbatical to study alternatives. Researching the rise of network technologies, I began to believe that the affordances of peer-to-peer networks could have a key role in transforming the problems inherent to industrial society. In peer production, productive communities were creating shared resources through networked collaboration, through entrepreneurial coalitions and value-driven business platforms, and through new kinds of for-benefit association, such as the FLOSS Foundations. I started documenting these new practices and created a wiki, which has since mushroomed to over 20,000 articles viewed nearly 30 million times. I found other people who wanted to serve and support this new p2p/commons movement and together we created the P2P Foundation. DA: There appears to be several modes of P2P/distributed collaboration (i.e., for-profit, not-for-profit, co-operative, commons-based). What is your perspective on these modes? Are they competitors to one another or somehow mutually reinforcing? MB: ‘Netarchical’ forms of peer-to-peer infrastructure (net-archy meaning the hierarchy of the network) do not reinvest their profits. Rather, they are a kind of parasitical force contributing to a value crisis in which more and more “use value” is created by the people themselves–even as scarce monetization is exclusively captured by the owners of the network platform. My work is largely predicated on the view that we need to look beyond netarchical organizations and toward platform cooperatives, data cooperatives, and new forms of ethical entrepreneurship. DA: There is strong overlap between peer production and the so-called “sharing economy” (particularly in terms of what Rachel Botsman describes as collaborative consumption). I know that your own work focuses on the value of a collaborative commons over “platform capitalism”. How do you define a collaborative commons? How does it differ from the current wave of platform startups that we see today? MB: There are, I believe, four types of commons to distinguish in this context. The first type is the immaterial commons we inherit, such as language and culture. The second type is the immaterial commons we create. This is where the hugely important knowledge and digital commons come in (since it this digital commons that is currently exploding). The third type is the material commons we inherit, the oceans, the atmosphere, the forests, etc.; and the fourth type is the as yet underappreciated potential for the created material commons, i.e. productively manufactured resources. The kind of commons I am usually discussing is a knowledge commons, that is, a commons that uses digital networks to organize both immaterial and material production. Whereas the sharing economy is a way of mutualizing physical infrastructure—and in particular idle material resources—by allowing P2P exchanges, commons-based peer production occurs when productive communities share their knowledge about production. The important difference is that in peer production, real commons are created by communities that have a huge influence on the production process. By comparison, in the sharing economy we have the instantiation of “peer-to-peer market transactions” through private platforms, which frankly atomize individuals by denying ownership or control of the platform, and inherently isolating people from one another through secret algorithms, etc. It’s hard to see where the commons in private platforms like Uber and AirBnB is found, but their value is actually in making possible the efficient use of idle resources. The shortcoming of these platforms is their extractive behavior, which essentially externalizes all the risks to the workers and consumers. In this way, these “sharing economy” platforms create social regression by undermining the solidarity, social collaboration and risk management processes that emerge organically with P2P networks. DA: Paul Mason has recently argued that capitalism is now reaching an end game in which technology has undermined the economic function of the market by moving toward the elimination of scarcity. What is your take on this? Do you see capitalism persisting in the age of Moore’s Law? MB: Both Paul Mason and Jeremy Rifkin point to the fact that the increased availability of abundant goods–be they immaterial, such as knowledge, or material, such as renewable energy—operate outside the market function since they are not scarce. This is correct. But as we see, netarchical capitalism uses this process to organize a more parasitical form of capitalism, in which capital no longer organizes production, but facilitates P2P exchanges. The problem is that these platform companies are doing this as a means of externalizing investments, which then artificially creates ever more scarcity. I do not think these types of relations of production are the most appropriate but they continue regardless. In fact, I think the more fundamental question is whether an infinite growth system (capitalism) can persist over limited natural resources (the Earth) indefinitely? The obvious answer is, of course, no. Rather than platform capitalism, we need to move toward platform-cooperatives and multi-stakeholder arrangements for the sharing and commons economy. DA: Assuming that the sharing economy is only a transitional stage in the development of the peer-to-peer society, how might we support the evolution of peer production from an institutional standpoint? What do you have in mind regarding the role of say, government in supporting commons-based peer production? MB: In my view, we have potentially three types of responses from the state to the emerging commons. This includes two negative responses and one positive. The first response is hostility. This is the case with the Rajoy government in Spain, which has initiated active measures against distributed renewable energy and makes crowdfunding difficult. The second response is the neoliberal option of the UK Conservatives with their use of the Big Society ideology of Phillip Blond, and the so-called “participation society” of the Dutch­ (where the “welfare state” was officially abandoned in 2013). The third response –and the preferred option in my view– is what is often called the Partner State. The idea here is that the state learns from for-benefit associations in open source production but applies this institutional support to society as a whole. This means that a partner state empowers and enables individual and social autonomy in civic terms, by creating the right infrastructural and legal conditions for it. The eminent example is Co-Bologna in Italy and its Regulation for the Care and the Regeneration of the Urban Commons. This turns the state logic around by enabling civic groups in local neighborhoods to work on urban improvement themselves, while the state (federal and municipal) supports this bottom-up process through financing or other infrastructural support. DA: I agree with you that P2P represents a kind of social revolution. In fact, my own assumption is that advanced technologies are moving postindustrial societies into uncharted waters. The rise of automated factories, self-driving cars, artificial intelligence, and 3D printing portend major social changes ahead (including perhaps the need for a universal basic income). Are you optimistic about the future of P2P? Where do see the most potential for distributed collaboration working for the benefit of society as a whole? MB: I’m neither optimistic nor pessimistic, as transitions are always chaotic and painful. But to insure that the outcome of this transition benefits the majority, we will need civil society to become more autonomous in its commons-oriented peer production, and we will need to re-invest in the state, i.e. to end the corporate welfare state model of neoliberalism and re-create commonfare processes of human solidarity. This is a political struggle with an uncertain outcome, but in order to mobilize social forces, we need to be resolutely optimistic in our energies for change. Not because we are naïve, but because we have no other choice. We must lose all trepidation in order to be hopeful, and realize that while the mainstream system is dislocating, it’s up to us to plant the seeds of the future system, and use technology for the benefit of the majority. Perhaps most importantly, we need a mode of production that is at the same time, fair, sustainable and “free” (i.e., sharing knowledge and infrastructure). This is the task of our age. In the hands of the 1%, the technological promise will become a nightmare, but it doesn’t have to be that way. We can work together to distribute its benefits fairly.

      Read more at Futurism: http://futurism.com/p2p

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador