Jornal GGN – Empresários brasileiros estão divididos com a postura do ministro interino de Relações Exteriores, José Serra, na relação com os países da América Latina. Alguns temem prejuízos ainda maiores com uma escalada nas tensões entre Michel Temer e Nicolás Maduro. Outros já não esperam muito da Venezuela e consideram que a postura agressiva do Itamaraty faz pouca diferença.
O Valor Econômico ouviu opiniões de executivos brasileiros com negócios no país vizinho. Entre 2001 e 2015, O Brasil acumulou um superávit comercial de US$ 38,9 bilhões com a Venezuela. Em 2015, as exportações caíram 35%. Entre janeiro e abril deste ano, houve uma nova queda, de 61%.
Do Valor Econômico
Retórica crítica à Venezuela divide empresários do Brasil
Por Fabio Murakawa
A retórica mais crítica em relação aos “países bolivarianos”, adotada pelo Ministério das Relações Exteriores desde que tucano José Serra assumiu a pasta, na semana passada, tem dividido dirigentes e empresários brasileiros com negócios na Venezuela.
Em meio à grave crise econômica no país vizinho, que tem feito minguar o comércio bilateral e acumularemse atrasos nos pagamentos às exportações brasileiras, alguns temem prejuízos ainda maiores com uma eventual escalada de tensões entre os governos Michel Temer e Nicolás Maduro.
A tradição chavista de retaliar empresas de países de governos considerados “inimigos” só faz aumentar essa apreensão.
Outros, porém, veem uma situação econômica tão grave na Venezuela que acreditam que a postura mais agressiva do Itamaraty não fará muita diferença para seus interesses. Esse grupo inclui empresários satisfeitos com a troca de governo no Brasil e avessos ao modo chavista de fazer negócios, baseado na amizade entre governos e com pouca previsibilidade.
“Há preocupação para que seja mantido o diálogo de parte a parte e que negociações empresariais sejam preservadas”, disse ao Valor José Francisco Marcondes, presidente da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria VenezuelaBrasil (Fecamvenez).
Para ele, “as relações comerciais entre Brasil e Venezuela são extremamente importantes, considerandose que a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e é parceiro do Brasil no Mercosul”. “As relações não podem ser preservadas nem prejudicadas por razões ideológicas”, afirmou.
Caracas foi alvo da primeira nota diplomática emitida pelo Itamaraty após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. No documento, o ministério “rejeita enfaticamente” manifestações de Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua contrárias ao processo de impeachment no Brasil. Todos esses países são governados por esquerdistas tradicionalmente aliados ao PT e haviam classificado como “golpista” o governo Temer.
Em outra nota, o Itamaraty atacou o secretáriogeral da Unasul (União das Nações SulAmericanas), o expresidente colombiano Ernesto Samper, também crítico do processo em curso no Brasil.
Ontem, na cerimônia oficial de transmissão do cargo, em Brasília, Serra afirmou que, sob seu mandato, a diplomacia brasileira estará “a serviço do Brasil como um todo, e não mais da conveniência e preferências ideológicas de um partido político e de seus aliados no exterior”.
“Estaremos atentos à defesa da democracia, das liberdades e dos direitos humanos em qualquer país, em qualquer regime político”, afirmou o chanceler brasileiro, no que foi interpretado por empresários e diplomatas mais como um recado à vizinha Venezuela do que, por exemplo, à China.
Essa postura, porém, gera apreensão entre empresários com negócios com Caracas. “Se receber dos amigos já é difícil, imagina receber de inimigos”, disse um deles ao Valor, pedindo anonimato.
Com os dólares minguando na Venezuela, devido à baixa internacional dos preços do petróleo, os venezuelanos devem cerca de US$ 2 bilhões a empresas brasileiras, segundo estimativa de governo e setor privado do Brasil. O número referese tanto a atrasos no pagamento de importações como ao atraso na troca de bolívares por dólares para empresas brasileiras que querem repatriar recursos.
A boa relação com o vicepresidente da Área Econômica da Venezuela, Miguel Pérez Abad, que tem amizade com alguns empresários brasileiros, poderia até ajudar se dólares houvesse. “Que diferença faz [a retórica do Itamaraty]?”, questiona um executivo, também sob anonimato. “Não faz diferença nenhuma. Os caras [venezuelanos] não estão comprando nem pagando mais nada mesmo.”
Outro empresário, do setor alimentício, afirma ter deixado de exportar para a Venezuela nos últimos meses, uma vez que o governo Maduro deixou de pagar adiantado por seus produtos prática comum desde que os dólares começaram a minguar no país vizinho.
Sem dinheiro e crédito na praça, a Venezuela tem cortado drasticamente as importações, tornando ainda mais aguda a escassez de produtos básicos no país. O reflexo no comércio com o Brasil, um dos principais fornecedores de alimentos e medicamentos, foi muito grande.
Entre 2001 e 2015, O Brasil acumulou um superávit comercial de US$ 38,9 bilhões com a Venezuela. Mas, em 2015, as exportações ao país vizinho caíram 35%. E, entre janeiro e abril deste ano, houve um novo tombo, de 61%.
Fernando Portela, da Câmara de Comércio VenezuelanoBrasileira, estima que o comércio bilateral não deva chegar neste ano a US$ 2 bilhões, algo inédito desde 2004.
O sistema irracional de câmbio e o controle de preços desestimulam a produção local e funciona como um convite ao contrabando dos produtos importados. Relatos de saques a supermercados e de hospitais com falta até de antibiótico são cada vez mais frequentes.
Segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB venezuelano deve se contrair 8% em 2016. A inflação, que fechou o ano passado em 180,9%, deve disparar a 700% neste ano.
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Comentário.
josé serra está tão bem no cargo quanto ele é economista.
O mapa mental do serra só tem os estados unidos, e o Brasil como mais um estado norte-americano.
Vale até quebrar a geografia para a aliança do pacífico.
A Dilma tinha o cardoso como pedra, agora, o temer tem o serra, o jucá…
Peçam para o pastor diplomático dar uma bênção no devoto.
Çerra está prestando um
Çerra está prestando um grande serviço ao Brasil. Está atiçando ódios contra o governo usurpador e apressando sua queda.
Israel e Arábia Saudita que se cuidem
” estamos atentos à defesa da democracia, da liberdade, e do dh…” josé serra
contrabando nada…
o que o Serra está fazendo é quase um incentivo à pirataria não reconhecida como crime
Collor e FHC manobraram a produção interna de forma muito parecida e deu no que deu
Serra eh um elefante numa
Serra eh um elefante numa casa de cristais.
Qualquer movimento que ele faca, quebrara alguma coisa.
“….Todos esses países são governados por esquerdistas…”
Que governinho mais tosco.