A disputa política por territórios, analisa Andre Araujo

 
Autor: Andre Araujo

Há claramente uma disputa politica para marcação de territorio, diminuindo os poderes do Congresso e do Executivo e aumentando consideravelmente os poderes da Procuradoria Geral da Republica e do Judiciario. Os perdedores parecem que não se incomodam ou não percebem o prejuizo que estão sofrendo. A decisão para incluir 40 reus como acusados especiais, invés de 3, como manda a Lei, foi a demonstração para lembrar quem manda e decide. Penas aberrantes no meio de um oceano de impunidades por crimes muito maiores servem para dar carta patente de mando e poder a não eleitos contra os representantes da soberania popular pelo voto.

A questão da fidelidade em politica foi triturada. No entanto a fidelidade é o eixo central da politica, é o fator mais importante nas democracias. Há dois tipos de infidelidade: o infiel simplesmente acha que não precisa ser fiel porque não há como punir a infidelidade. Outro caso é que o nomeado não acha que deve alguma coisa ao indicante porque ele é tão bom que foi indicado por causa disso, portanto não deve nada.

Os efeitos colaterais sobre a concessão de credito no sistema bancario serão profundas a partir do julgamento do Banco Rural. Se as garantias não forem excelente será melhor não dar crédito, pois há risco de prisão de quem concedeu credito. Não é preciso dizer que haverá um arrocho na concessão de credito em geral, visto haver agora jurisprudencia de que as regras devem ser rigidamente observadas na concessão de emprestimos. A economia vai sofrer com isso mas obviamente os julgadores não veem qualquer problema nisso.

Os efeitos sobre o proprio Banco Rural evidentemente serão pesados, condenar  criminalmente um presidente de banco é caso raro em um Pais que viu 1.146 liquidações extrajudiciais de bancos e instituições financeiras nos ultimos 60 anos, casos de qubras com prejuizos de 30 ou 40 bilhões não sofreram punição nem remotamente proximo do que se impos a Katia Rabello, uma moça timida, bailarina, que se viu alçada à presidencia do Rural por causa da morte tragica da irmã Junia em um acidente. Puni-la dessa forma em um pais de grossas impunidades e um auto-da-fé, queima-se um para expiar as culpas de muitos.

É uma triste pagina na historia do Supremo. Não demonstrou equilibrio, visão de Pais, quando pode melhorar o sistema politico que gerou as causas desse processo, quando podia consolidar a clausula de barreira para evitar a porliferação de partidos não o fez. Quando pode barrar espertezas politicas rasteiras, como Kassab criar do nada tempo de televisão e morder o fundo partidario, abiu a porteira para a mais nova aventura partidaria. Quando pode firmar o conceito de fidelidade partidária, não o fez. Tudo isso seria fundamental para melhorar o sistema politico e impedir novos mensalões, seriam decisões sistemicas, de largo horizonte para melhorar o Pais. O Supremo preferiu o espetaculo da fogueira da Inquisção, queimando pretensos hereges, mostra que o Pais mudou pouco desde a visitação do Santo Oficio, afinal a queimação em publico de acusados de bruxaria era um espetaculo

para mostrar quem mandava na colonia, é o nosso DNA no seu esplendor.

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