A estratégia do PSD para São Paulo

O PSD – o novo partido, do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab – tem uma característica que, em outros tempos, foi a essência do antigo PSD e, de certa forma, do DEM: esperteza política.

Por exemplo, sabe que José Serra é carta fora do baralho. Se candidato a prefeito, morre politicamente prefeito se vencer, morre politicamente sem cargo, se perder. Mas sabe que o cimento que consolida partidos é a lealdade partidária. Por isso apoiaria Serra, caso ele se candidatasse.

Mas a avaliação interna é que Serra é politicamente tão incompetente que acabou permitindo o renascimento de seu maior inimigo, o governador Geraldo Alckmin, ao permitir que se candidatasse novamente a governador.

O partido sonha com Guilherme Afif Domingos no Ministério das Pequenas e Micro Empresas. De fato, é o melhor quadro no país, homem que praticamente liderou todas as batalhas de afirmação do setor. Mas o convite teria que ser feito de tal maneira que não parecesse adesismo.

É uma preocupação permanente com a imagem em construção do partido.

Para as próximas eleições municipais, julga que a aliança com o PT formaria uma chapa imbatível, o PT com seu 35% de votos, a prefeitura (seja qual for o prefeito) com 10 a 15%. Considera manipuladas as conclusões dos jornais sobre os índices de desaprovação: colocam regular como sendo desaprovação, quando, no máximo, é posição de quem não se considera incomodado com defeitos do analisado.

Seu candidato a vice prefeito é o jovem Alexandre Schneider, secretário da Educação, bom quadro, com melhor preparo que Bruno Covas e mais juventude que José Aníbal.

Sendo bem sucedida a eleição, imagina que São Paulo passaria a contar com três políticos no cenário nacional: Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e, segundo o PSD, Gilberto Kassab.

O inimigo Alckmin

O inimigo figadal do PSD é Alckmin. Acumulam-se queixas contra a motoniveladora que Alckmin passou a manejar contra o partido, a ponto de ter demitido o próprio vice-governador Afif da presidência de uma autarquia, por ter aderido ao PSD. E também o sistema de informação que montou, monitorando todos os passos do PSD para torpedea-lo.

A leitura que fazem de Alckmin é que sua primeira opção para a prefeitura é Serra – inclusive porque o alijaria da disputa nacional. E a segunda é o seu ex-Secretário da Educação Gabriel Chalita. Ao apostar em Bruno Covas – verde -, a intenção de Alckmin, segundo o PSD, seria esvaziar o PSDB e permitir a vitória de Chalita.

Mas Chalita não teria chance, ainda segundo o PSD, pois estaria contra ele o chamado partido da mídia. Na sua avaliação, ante o risco Chalita os jornais tapariam o nariz e, se não apoiarem Haddad, pelo menos se mostrariam neutros.

O único capaz de juntar o PSDB (isto é Serra mais jornais) seria Andrea Matarazzo, que não dispõe, efetivamente, do appeal de candidato. Mas, indo para o segundo turno, desaparecem nomes e volta com tudo a polarização PT x PSDB.

O ideário político

Quanto à posição dos partidos no espectro nacional, o PSD se considera de centro. Julga que o PT ficará no centro-esquerda e o PSDB cada vez mais na direita.

Indago qual a diferença com o DEM. O PSD acredita em um estado forte para atender às demandas da população por educação, saúde e demais políticas sociais. Quer ser um partido de centro com ideário social. Já o DEM defende apenas um estado enxuto. O alvo do partido é a nova classe média emergente, usuária do serviço público de saúde e do ensino público, formadora de opinião e exigente e demandando estado forte. E montar uma base forte de trabalho partidário através das Associações Comerciais, Clubes de Dirigentes Lojistas e demais organizações que trabalham com PME.

É muito pouco para um ideário mas, enfim, o partido ainda não constituiu seu grupo de intelectuais. No momento, quem trabalha no programa do partido é Afif Domingos, dirigindo a Fundação Espaço Democrático, que pretende restaurar o ideário liberal sem o fundamentalismo do DEM.

Mas, segundo as lideranças do PSD, a ideia é construir o programa com a futura militância. O trabalho de Afif seria, portanto, indicativo, com um conjunto de 12 diretrizes. E se tentaria atrair quadros jovens com a bandeira da gestão.

Aliás, o partido quer ser reconhecido como bom gestor. Esta foi uma das razões para entregar as subprefeituras a oficiais aposentados da Polícia Militar. Aposentam-se jovens, acordam cinco da manhã e são exigentes com a corrupção. Com isso, conseguiram tirar as subregionais das páginas de polícia.

Luis Nassif

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