A manifestação do conselheiro Caixeta, do CNMP, é uma tunda na Lava Jato

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Pareceu que a apresentação da denúncia [do triplex] vinha com o propósito de fazer o chamado julgamento pela mídia", admitiu

Sebastião Caixeto. Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – A Lava Jato é uma operação importante, mas não é irrepreensível nem pode querer ser maior que o próprio Ministério Público Federal e as instituições. A declaração é de Sebastião Caixeta, membro do Conselho Nacional do Ministério Público.

O conselheiro afirmou nesta terça (25) que a forma como a força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba anunciou à imprensa a denúncia contra Lula no caso triplex, em 2016, “maculou a imagem do Ministério Público”.

Os procuradores chamaram Lula de “maestro” da orquestra que “saqueou os cofres públicos”. Trataram o investigado como culpado antes do julgamento, violando seu direito constitucional à presunção de inocência. Externaram à mídia nacional e internacional uma “convicção” pessoal. Não tiveram o “zelo” de separar e esclarecer os fatos aos ouvintes. Agiram “como se não estivessem com dúvidas” da condenação e, assim, “influenciaram a opinião pública” contra o réu.

Os procuradores “exorbitaram” de suas funções no discurso, fazendo acusações a Lula que sequer seriam processadas pela 13ª Vara Federal, então sob Sergio Moro.

Há “indícios suficientes de que os procuradores extrapolaram”, passaram da “transmissão de informação”, um direito e dever do Ministério Público, ao “juízo de valores”.

Haveria, portanto, “justa causa para instauração de processo administrativo disciplinar” contra Deltan Dallagnol e outros envolvidos na coletiba, pois a “manifestação desbordou do dever de informar, culminando em verdadeiro julgamento pela mídia.”

“Pareceu que a apresentação da denúncia vinha com o propósito de fazer o chamado julgamento pela mídia”, insistiu o conselheiro.

Caixeta ainda disse que “comportamento personalíssimo, em detrimento da institucionalidade, não favorece o combate à corrupção em bases sólidas e prolongadas, como o povo exige.”

Apesar da tunda na Lava Jato dada pelo conselheiro, o desfecho dessa história foi uma vitória os procuradores de Curitiba.

Nesta terça (25), depois de quatro anos, o CNMP se reuniu para julgar a ação movida por Lula, por causa do uso do Powerpoint e outras infrações cometidas na coletiva de imprensa em que a Lava Jato apresentou a denúncia do caso triplex.

Caixeta foi o autor do voto vencedor. Por maioria, o CNMP decidiu pelo arquivamento do pedido de providências contra a força-tarefa, embora reconheça que havia elementos suficientes para instaurar um PAD (processo administrativo disciplinar) contra os procuradores.

O PAD foi abandonado porque a única pena que ainda resta no caso -e que prescreve em cerca de 20 dias – seria a demissão dos envolvidos, sanção que foi sumária e antecipadamente descartada pelo CNMP.

Cabe recurso da decisão.

Powerpoint: Dallagnol “extrapolou” contra Lula, mas não vai ser demitido, decide CNMP

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Quer dizer que depois de 42 adiamentos da vergonha do powerpoint eu vou ter que me contentar com uma tunda deste picareta do mp? Se isso é só o que eu posso querer de justiça em relação a este homem massacrado pela mídia e que , como um peregrino, bate em todas as portas da justiça do pais do judiciário mais caro do mundo e é ´tratado como um lixo humano, um leproso, eu não quero justiça.

  2. Pois, o dito cnmp é outro que merece tundas a varrer, quer por ter deixado o caso correr por 4 anos, sem qualquer providência, quer, por agora, se negar a demitir quem maculou a instituição. Mais vale macular a instituição e sair rindo da cara dos vitimados do que agir parcimoniosamente e cumprir com as suas obrigações. Afinal, se “tiverem convicção”, como tiveram os agora conselheiros, a casa da mãe joana continua aberta a todas as criminalidades. Dão nojo em lesmas.

  3. Nassif. me perdoe a ignorância, mas pelo que eu entendi, quem continua levando TUNDA é o Presidente Lula. Ou será que sou idiota? Ou banana? Ou palhaço? Ou todas as alternativas anteriores?

  4. Se fosse um funcionário público comum, que não tivesse participado do GOLPE, que não fizesse parte de nenhuma máfia política, o processo teria sido agilizado e o funcionário demitido sumariamente. São os moralistas sem moral dominando todos os segmentos da justiça. Corporativistas de carteirinha e mal intencionados.

  5. Temos que reconhecer que este procurador, cercado por uma alcatéia sedenta de sangue, se portou com a maior dignidade. Há um massacre midiático e no seio do sistema de justiça de defesa do discurso infame da Farsa a Jato e manifestar-se publicamente na contra-corrente da narrativa dominante, não é fácil.

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