‘As forças do mal estão celebrando’, diz Araújo sobre vitória de Fernández na Argentina

Ministro das Relações Exteriores brasileiro ataca chapa vencedora nas eleições argentinas: 'As forças da democracia estão lamentando', completa

Jornal GGN – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, usou sua conta no Twitter para atacar a decisão dos argentinos de eleger, neste domingo (27) e em primeiro turno, a chapa da esquerda, encabeçada por Alberto Fernández e tendo como vice a ex-presidente Cristina Kirchner.

Segundo avaliações do chanceler brasileiro, que tem no currículo inúmeras declarações polêmicas, os sinais do resultado eleitoral no país vizinho “são os piores possíveis”. “Fechamento comercial, modelo econômico retrógrado e apoio às ditaduras parece ser o que vem por aí”, disse.

Ainda hoje mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em viagem oficial aos Emirados Árabes, também fez declarações negativas sobre as eleições na Argentina.

“Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas eu acho que a Argentina escolheu mal”, disse o brasileiro. O presidente chegou ainda a dizer que não pretendia parabenizar Fernández, dando a entender que o diálogo entre os dois governos não seria aberto, pelo menos da parte do Brasil.

Mais tarde, Bolsonaro voltou atrás. “Pretendo dialogar, sim [com Fernández], não vamos fechar as portas. Agora, estamos preocupados e receosos, tendo em vista até o gesto que ele fez de Lula Livre. Temos a informação de que muita gente do PT estaria lá na Argentina para comemorar com o ele o que seria a vitória dele”, comentou.

Neste domingo também foi aniversário de 74 anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fernández publicou uma foto em nas redes sociais, onde, além de comemorar o resultado do pleito, parabenizou Lula. Na imagem, ele aparece com um grupo fazendo um L com as mãos, acompanhada a hashtag #LulaLivre.

Ainda via Twitter, Araújo foi além na sua avaliação, apontando que “as forças do mal estão celebrando” a vitória da chapa Fernandez-Kirchner, enquanto “as forças da democracia estão lamentando pela Argentina, pelo Mercosul e por toda a América do Sul.”

Prosseguindo na sua análise, o chefe do Itamaraty disse que a “esquerda é totalmente ideológica no apoio aos regimes tirânicos da região”. “Mas, quando se relaciona com as democracias (das quais depende), a esquerda pede ‘pragmatismo’. Curioso. ‘Pragmatismo’ significa sempre a direita se acomodar aos interesses da esquerda”, completou o aluno de Olavo de Carvalho.

Comércio e Mercosul

O Brasil e a Argentina mantém forte relação comercial. Para a Argentina, o Brasil é o principal parceiro, enquanto para o Brasil, a Argentina assume o terceiro posto de importância comercial, atrás da China e Estados Unidos.

Em suas declarações, Bolsonaro falou ainda que pretende manter as relações bilaterais com o país vizinho, afirmando, porém, que o vizinho pode ser afastado do Mercosul, se ameaçar o acordo com a União Europeia.

“Não digo que sairemos do Mercosul, mas poderemos juntar com o Paraguai. Não sei o que vai acontecer com o Uruguai, vamos ver o que vai ser nas eleições do Uruguai, e decidimos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não. Se ferir, nós podemos afastar a Argentina. A gente espera que nada disso seja necessário. Espero que a Argentina não queira, na questão comercial, mudar o seu rumo.”

O principal risco do acordo entre o Mercosul e União Europeia, entretanto é o próprio governo Bolsonaro. Em setembro, o Parlamento da Áustria aprovou em peso uma moção contra a parceria comercial, obrigando o país a vetar o acordo no Conselho Europeu.

Apesar de ser uma negociação que dura duas décadas, quando a parceria comercial foi fechada, em junho deste ano, durante os eventos do G-20, em Osaka, o presidente Jair Bolsonaro anunciou como sendo um feito do seu governo. Mas, para vigorar, o acordo ainda precisa da ratificação de todos os países membros em seus respectivos parlamentos.

Ainda em agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron se manifestou contra a parceria Mercosul-UE, acusando Bolsonaro de ter mentido durante a cúpula do G-20 ao dizer que seu governo manteria os acordos internacionais pelo meio ambiente, um dos requisitos para selar a parceria Mercosul-UE.

Até antes dos incêndios na Amazônia, apesar frequentes declarações anti-ambientalistas de Bolsonaro, a possibilidade de algum veto contra o acordo comercial era considerada baixa. Com a crise das queimadas, provocadas, ao que tudo indica, por agropecuaristas incentivados pela postura do presidente brasileiro, somada aos ataques de Bolsonaro contra lideranças europeias, aumentou a pressão de organizações civis para que os países europeus não ratifiquem o acordo.

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia, entretanto, interessa especialmente a Alemanha, país que, apesar de sofrer ataques de Bolsonaro ao questionar a política ambientalista do presidente brasileiro, seria o maior beneficiado e, por isso, não se manifestava no sentido de discordar da parceria comercial União Europeia-Mercosul.

Redação

11 Comentários

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  1. Este pseudo ministro de relações exteriores é forte exemplo de situações onde jogam a criança fora e criam a placenta.
    O Brasil tá f* mesmo, só imbecil no poder.

  2. Sei que é uam intromissão mas vale a pena Nassif e companhia.

    O Fernando Brito está reproduzindo uma canção da Orquestra Sinfonica do Chile tocando uma música que tem como refrão “O povo Unido Jamais será vencido” Impossível não ser remetido as barricadas da revolução francesa ao som da Marselhesa, alem claro de texto curto e lindo.

    Leiam e ouçam todos, Nassif incluso.

    http://www.tijolaco.net/blog/o-direito-a-grandeza/

  3. Enquanto Portugal, França, Espanha, Bolívia, Venezuela, Argentina, Uruguai e, em breve, o Chile dizem não a direita golpista, anti Patriótica, gananciosa e rentista, a direita brasileira com Bolsonaro e amestrados(as) sofrem um vigoroso processo de deterioração e degradação. Se tornaram um bando de charlatães e más companhias. Perderam o pouco da credibilidade interna e externa que ainda lhes restava, além de se tornarem as chacotas nº 1 do planeta. O desespero além de ser pela bem possível e bastante próxima saída do governo, pela porta dos fundos, também poderá ser pela futura cobrança que a nação e a justiça fará, por todos os estragos, prejuízos e ilegalidades cometidas ao longo da desastrosa, incompetente e irresponsável ingovernabilidade.

  4. O papel ideológico claramente subserviente de Ernesto Araujo coloca forças econômicas acima das comunidades às quais deveriam servir. Faz par com ele o ministro da economia. Paulo Guedes não tem plano de desenvolvimento, apenas quer entregar os bens que são da população às instituições privadas e tem como modelo ideológico a ditadura chilena (Araujo faz de conta que não sabe…), cujos reflexos temos visto, cujo medo deste governo submisso e esperando aprovação externa (Trump, que diz obrigado e nada entrega, nada mais cínico, aliás).
    O papel de subintelectuais fracassados é conhecido ideologicamente, aproximando-se da direita e, evidentemente, do nazismo e do fascismo. Esperam com isso cargos e um reconhecimento que se dá por oportunismo e não por aquilo que pregam, a competência.
    Eles não têm compromissos conosco. O pouco que escrevem pode ser destroçado facilmente, se tivessem coragem de responder objetivamente a apenas uma pergunta: “O que os senhores têm feito de fato?”
    Mas eles não têm coragem. Melhor falar mal do vizinho. Mas o vizinho também é o Chile…
    Agora, a população tem que acordar e parar de votar mal (verdade, falar é fácil…). Fernandez tem uma bomba nas mãos; ou desmonta ou explode.

  5. Os “do bem”…bem imbecis, inacreditavelmente imbecis, estão “EVOLUINDO”!
    Saíram de uma imagem ridícula de um PowerPoint para um vídeo de leões e hienas legendados.
    Qual a idade mental dessa turba adolinquente que está no governo de 220 milhões de infelizes?
    Até quando um pagamento de sérios compromissos públicos com “cheque especial”, logo coberto, valerá um impeachment “pela família, por Deus, pelo coronel Ulstra e o kct” enquanto dias de fogo na Amazônia, óleos desprezados em praias, atritos gratuitos com países amigos e nossas instituições e propostas “soberanas” de venda dos recursos do país não são crimes (graves) de responsabilidade?
    Melhor mais uma vergonha para o país do que não sobrar país para passar vergonha

  6. Totalmente previsível: no governo de um presidente débil mental, o ministério também deve ser composto por débeis mentais. E este Ernesto Araújo se supera cada vez que abre a boca.

  7. Maniqueísmo fanático, fundamentalista, atribuindo “forças do mal” ao pensamento divergente.
    Previsível, para os terraplanistas que negam até mesmo a teoria heliocêntrica.
    Infelizmente, esse tipo de gente ascendeu ao poder.

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