As manobras do esquema Cachoeira

Na condição de réu, o senador Demóstenes Torres teve acesso às peças do inquérito Monte Carlo.

Agora, está selecionando informações para, em conluio com jornalistas do esquema Cachoeira, jogar o foco das investigações na Construtora Delta.

Sabendo-se das ligações de Cachoeira com a Delta, é até risível matéria informando sobre as tratativas do bicheiro para conseguir acesso a altos executivos da empresa – como se fosse uma figura menor aproximando-se da toda poderosa Delta.

A lógica da estratégia Cachoeira-Demóstenes-aliados é simples. A Delta é parte do universo a ser investigado; Cachoeira é o todo. Focando na Delta, tenta-se tirar do foco o chefe da quadrilha, Cachoeira, seu principal lugar-tenente, Demóstenes, assim como as ligações midiáticas da estrutura criminosa.

De quebra, desestimulam-se peemedebistas – já que a Delta tem relações com o governador Sérgio Cabral Filho – e petistas – relações com o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz.

Nos próximos dias, haverá um aumento da chantagem de alguns veículos sobre políticos. É um jogo intimidatório pesado. Parlamentares escolhidos para a CPI serão alvo de represálias do esquema criminoso. Haverá também a estratégia de misturar factóides com fatos objetivos, visando embolar o entendimento da opinião pública.

A CPI de Cachoeira mostrará se o país poderá aspirar a um lugar no mundo moderno, se dispõe de instituições capazes de enfrentar toda sorte de poderes – do Executivo, Judiciário, Legislativo ao até agora intocado poder midiático.

Se se quiser, de fato, passar o país a limpo, o Congresso terá que pagar para ver, assim como parece estar sendo a posição do Executivo.

Seria medida de prudência jornais e jornalistas se darem conta de que rompeu-se a muralha do silêncio e do medo. Veículos e jornalistas que entrarem no esquema correrão o risco de serem indiciados pela Justiça.

Está chegando ao fim a era da plena impunidade para o mau jornalismo e para o uso de dossiês criminosos.

Luis Nassif

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