A pesquisa CNI/Ibope sobre a presidência de Dilma

Especial para o Blog       

A pesquisa CNI/Ibope divulgada neste 29/06, sobre a avaliação da população brasileira relativa ao governo federal e ao desempenho pessoal da presidente Dilma Roussef, aponta tendência de consolidação em índices positivos elevados, tanto num quanto no outro quesito. São 59% dos entrevistados que apontam o governo Dilma como ótimo ou bom, contra 56% em março, enquanto 32% o avaliam como regular, contra 34% em março, e apenas 8%, tanto em março quanto agora, entendem que o governo é ruim ou péssimo. Ao mesmo tempo a avaliação positiva da presidente permaneceu em 77% de aprovação.      Passados um ano e meio da posse, Dilma parece ter consolidado junto a parcela significativa da sociedade a imagem de boa gestora, mais preocupada com a condução segura do governo do que com o rame-rame cotidiano da política e dos políticos, em geral tão mal vistos pelo cidadão comum. Seus índices de aprovação são recordes, sendo que sua avaliação positiva é superior àquelas que Fernando Henrique Cardoso e mesmo de Lula tinham após dezoito meses de mandato. É verdade que entre a última pesquisa, em março, e esta de agora, o governo enfrentou dissabores perante a opinião pública, como a conturbada votação do novo Código Florestal, mas também colecionou pontos junto à sociedade quando apertou o cerco na questão dos juros bancários. O saldo, ao que parece, foi favorável a ela. Dilma alcança índices positivos superiores a Lula porque amplia seu arco de apoio para setores da sociedade que tradicionalmente torciam o nariz para o ex-presidente. E a gestão macroeconômica é a chave para a compreensão destes altos índices de aprovação. As medidas que o governo tem tomado, visando o fortalecimento do consumo, têm impacto concreto no dia a dia dos setores de baixa renda, ao mesmo tempo em que transmitem a setores médios da sociedade a sensação de segurança diante das turbulências que caracterizam a crise econômica que atinge Europa e EUA. Além disso, o estilo da presidente, mais sisudo que o do antecessor, e, conforme acabou se construindo e consolidando, pouco afeito aos malfeitos de assessores e aliados, agrada às parcelas da população de perfil mais conservador. A comparação com Lula, para estes setores, é inevitável, e a simpatia por Dilma é quase uma conseqüência natural.        Caso seja mesmo verdadeira esta hipótese de que Dilma bate recordes de aprovação nunca antes vistos porque amplia a base de apoio social para além daquela com que Lula contava, então coloca-se a questão de que Dilma está avançando sobre setores do eleitorado que antes eram cativos da oposição, configurando-se não apenas como franca favorita para sua própria sucessão, caso não ocorra nenhum acidente de percurso daqui até 2014, mas também como cabo eleitoral fundamental para as pretensões do PT nas eleições municipais deste ano.Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor do Curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

Luis Nassif

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