Comentando a crise do PSDB

Por Moacir Teles Maracci

Considero bastante oportuno esse esforço de Inês Nassif, equivalente a um diagnóstico sobre a mesmice da oposição. Pode-se argumentar que o PSDB levou um “grande azar” quando transformou o candidato José Serra em uma espécie de imagem do partido, não apenas por questões midiáticas ou de marketing, mas imagem que ilustraria a postura do partido em relação ao que eles chamam de lulismo.

Como assim, “grande azar”? É que José Serra projetou na campanha eleitoral uma imagem de um sujeito prepotente, arrogante, com respostas e atitudes muitas vezes “desaforadas” diante de adversários de seu ponto de vista ou de jornalistas que muitas vezes apenas faziam seu trabalho.

Há muitos posts aqui no blog que enfatizam essa personalidade viril do candidato tucano, quase nunca disposto ao diálogo mesmo com seus correligionários mais próximos.

Acontece que ao projetarmos essa análise da personalidade do ex-governador paulista devemos tomar algum cuidado para não isolá-la do contexto em que se insere grande parte da história do PSDB, desde pelo menos a morte de Franco Montoro.

Com o desaparecimento desse velho democrata cristão, além de Mário Covas e talvez alguns outros, o PSDB perdeu a imagem de um partido de pessoas esclarecidas, bem intencionadas que sonhavam com um Brasil livre da ditadura, mas de fisiologismos que marcaram sempre a história política brasileira.

Lembro-me bem que o candidato  a presidente Mário Covas teve mais simpatias que Lula nos setores universitários, especialmente entre alunos na eleição que levou Collor à presidência. Era a ideia de modernidade do PSDB que ganhava os jovens universitários.

Tudo isso acabou com a chegada de FHC à presidência e o desaparecimento citado daqueles líderes políticos. Sobrou José Serra e sua “estupidez” no trato da política e da coisa pública. Mas essa “estupidez” não é só de Serra, ela é de todo o PSDB e de toda a oposição antipetista em maior ou menor grau.

Só para realçar um detalhe, não vi um só membro do PSDB ou dos partidos coligados a fazer a crítica necessária à atitude de Serra em se aliar ao mais puro esgoto do jornalismo brasileiro. 

A postura “sublime” da outra candidata, Marina Silva só serviu para dar legitimidade à arrogância serrista e de quebra, da oposição na medida em que ficou completamente neutra quando a disputa eleitoral caiu para um baixo nível sem precedentes na história republicana brasileira, onde a calúnia, a difamação, a injúria eram acontecimentos cotidianos.

A crise vivida pela oposição, notadamente o PSDB é resultado de tudo isso. Não conseguem transformar José Serra em “cachorro morto”, pois tem que reparar à sociedade as consequências danosas das suas opções à intolerância, à estupidez e até à violência que comprometeram seriamente o seu projeto (que deveria ser legítimo) de poder, mesmo a longo prazo.

Luis Nassif

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