Comissão na Câmara realiza audiência sobre conflito entre grileiros e descendentes de Canudos

Assista ao vivo audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias sobre o conflito entre grileiros e os geraizeiros na região do Matopiba

Jornal GGN – A Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados, realiza nesta quarta-feira (30) uma audiência com representantes de várias entidades sobre a situação de conflito entre grileiros e geraizeiros, nome dado às comunidades tradicionais da zona rural de Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia.

Os “gerais” do Alto Rio Preto do Cerrado é habitado há séculos por descendentes de indígenas, quilombolas e sobreviventes da Guerra de Canudos (1896-1897).

O conflito começou com o expansão irregular de fazendas do condomínio Estrondo, que ocupa hoje uma área de 305 mil hectares na região – equivalente a quase duas cidades de São Paulo, como mostrou reportagem da Agência Pública. A empresas é produtora de soja, milho e algodão.

O conflito na região se acentuou a partir de 2010, durante a discussão em torno do Novo Código Florestal, explicou o advogado Maurício Correia, da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR).

Naquela época, ao fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a Estrondo transferiu a parcela de reserva legal do empreendimento — por lei, é obrigatório manter 20% da cobertura vegetal nativa — para as áreas de vale, historicamente ocupadas pelos geraizeiros.

“Eles começaram a construir guaritas, colocaram uma empresa de segurança e passaram a fazer controle da circulação das pessoas entre comunidades. Foram fazendo uma espécie de confinamento em que, ao final, o pessoal vai ficando encurralado”, contou Correia.

Há denúncias de geraizeiros que foram baleados por seguranças da Estrela Guia, empresa contratada pela Estrondo para impedir o acesso à área que ela assumiu como sua.

A fazenda está localizada na região do país conhecida como Matopiba, que envolve os estados da região Norte, Mato Grosso e oeste do Maranhão, e engloba os biomas da Amazônia e do Cerrado.

O conflito entre a Estrondo e as comunidades levou uma comitiva da missão do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a visitar o local. Eduardo Nunes de Queiroz, representantes do Conselho, participa da audiência que acontece hoje na Câmara.

Também foram convidados para falar na sessão, Dilvanice Alves das Chagas, representante da Comunidade de Cachoeira, Formosa do Rio Preto (BA); Victor Moura do Amaral Fernandes, coordenador de Ação Fundiária da Secretaria de Desenvolvimento Rural do estado da Bahia; Marco Paulo Fróes Schettino, secretário-executivo da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal e Antropólogo; Martin Mayr, representante da Agência 10envolvimento; e Joyce Silva Bonfim, da associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (ATTR-BA).

Redação

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