CPI de Goiás não cita Cachoeira nem Demóstenes

Do Brasil 247

CPI de Goiás sequer cita Cachoeira e Demóstenes

No aniversário de um ano da Operação Monte Carlo, todos os envolvidos estão livres; apenas o ex-democrata perdeu o mandato no Senado, embora continue a receber sem trabalhar no Ministério Público; na Assembleia de Goiás, relatório da comissão instalada para investigar os tentáculos da organização criminosa do contraventor no poder se limitou a mencionar as relações entre a empreiteira Delta e prefeituras do PT e do PMDB; mas tudo sem efeito, porém, já que e Justiça proibiu o acesso da comissão aos contratos entre a construtora e os municípios

Goiás247_ Adepto da boa vida e de comemorações requintadas, o contraventor Carlinhos Cachoeira tem motivos para celebrar nesta quinta-feira. Um ano após ser preso pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal, Cachoeira termina o mês do carnaval livre, assim como todos os seus comparsas.

De habeas corpus em habeas corpus, o contraventor conseguiu se livrar da prisão e escapar das garras da Justiça – pelo menos por agora – naquela que parecia ser a chance de por fim ao jogo ilegal e à sua relação nada republicana com o poder público.

Cachoeira casou com Andressa, cumprindo a promessa que fez na cadeia, e hoje vive em Goiânia livre, na sua bela casa em um condomínio de luxo. Frequenta os melhores bares e restaurantes da Capital e, segundo consta, ainda possui um patrimônio invejável.

Cláudio Abreu, o diretor da Delta no Centro-Oeste, e que era o braço direito de Cachoeira, também está solto. Abreu era uma espécie de articulador e tinha passe livre em diversas prefeituras de Goiás. Ele também fazia negócios em outros Estados.

José Olímpio, que explorava os jogos de azar no Distrito Federal também foi solto. Assim como Wladmir Garcêz, o ex-vereador por Goiânia que era unha e carne com Cachoeira.

A construtora Delta teve seu nome manchado com o escândalo, mas nada que abalasse seu poder e influência. A empreiteira continua sendo uma das que mais possui contratos milionários com os diversos governos em todas as esferas.

Demóstenes

O ex-senador Demóstenes Torres não chegou a ser preso, mas sua vida está longe de ser um martírio. Sem mandato e sem partido, ele buscou abrigo no Ministério Público de Goiás, onde atua como promotor. Não tem a simpatia dos colegas, que querem sua expulsão do órgão. No entanto, está afastado aguardando julgamento pelo Conselho Nacional do MP. Enquanto isso embolsa, sem trabalhar, um salário em torno de R$ 20 mil, fora os benefícios.

Livre dos compromissos na repartição, Demóstenes bate ponto em restaurantes caros e badalados de Brasília, Goiânia, Rio e Paris. Pensa em voltar à política futuramente e confessou a amigos que se a coisa apertar pode abrir uma adega de vinhos.

CPI de Goiás

Diante do quadro nacional de impunidade, em Goiás não seria diferente. A CPI Delta/Cachoeira na Assembleia Legislativa do estado acabou esta semana. Curiosamente (ou previsivelmente), o deputado Talles Barreto (PTB) apresentou um relatório final que sequer cita Cachoeira e Demóstenes. A comissão foi montada para averiguar os tentáculos da organização de Cachoeira com autoridades e políticos de Goiás.

O relatório se limitou a citar que os principais contratos da Delta no Estado foram firmados com prefeituras que estavam sob o comando de PT e PMDB. Mas, o documento não destrincha essa relação, já que a Justiça goiana proibiu a CPI de ter acesso a esses contratos. A CPI chegou a ser paralisada por meses e voltou para terminar de forma melancólica.

Os deputados devem enviar o relatório final ao Ministério Público, mas fica difícil imaginar um desdobramento efetivo. Afinal, se depois de um ano todos estão livres e no auge do escândalo pouco se fez, não seria agora que algo aconteceria.

Luis Nassif

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