Datafolha: popularidade de Moro cai 7 pontos

Pesquisa mostra que ministro da justiça perdeu apoio após vazamentos de mensagens entre ele e procuradores da Lava Jato; mas 55% querem que ele permaneça no cargo

Jornal GGN – Pesquisa Datafolha divulgada no último final de semana mostra que o ministro da Justiça Sergio Moro perdeu 7 pontos após o vazamento de mensagens pelo The Intercept Brasil atribuídas a ele e a procuradores da Lava Jato.

Apesar disso, Moro continua com a melhor avaliação entre os ministros do governo Bolsonaro. Em abril, 59% dos entrevistados responderam ao Datafolha que avaliavam Moro como um ministro ótimo ou bom. Esse percentual caiu para 52% na pesquisa mais recente.

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O instituto de pesquisa entrevistou 2.086 pessoas com mais de 16 anos, em 130 cidades. O levantamento foi realizado entre os dias 4 e 5 de julho, e os primeiros diálogos foram divulgados pelo Intercept em 9 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O ministro não negou as conversas, mas diz que elas podem ter sido adulteradas. Ao tentar se defender, entretanto, o ex-juiz tem conseguido o efeito contrário, que é o de confirmar os diálogos vazados. Um exemplo foi a divulgação de um dos trechos em que Moro criticou o MBL (Movimento Brasil Livre), chamando alguns integrantes que fizeram protestos na frente da casa do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, então relator da Lava Jato, de “tontos”.

Logo em seguida à divulgação da conversa entre Moro e o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, o movimento divulgou um áudio em que o ministro se desculpa e reconhece a importância do grupo. “Consta um termo que não sei se usei mesmo, acredito que não, pode ter sido adulterado. Gostaria de pedir minhas ‘escusas’ se eu eventualmente utilizei, porque sempre respeitei o movimento e sempre agradeci o apoio que esse movimento me deu”, declarou Moro.

Ainda segundo o Datafolha, do total de entrevistados, 58% acham que a conduta de Moro revelada nos vazamentos foi inadequada, ante 31% que a aprovam. Dos que não souberam avaliar, foram 11%.

O instituto de pesquisa aponta também que 58% acreditam que, se forem comprovadas irregularidades, eventuais decisões de Moro quando juiz na Lava Jato devem ser revistas. Porém, para 30% vale mais o ganho no combate à corrupção, portanto os excessos cometidos devem ser desconsiderados.

Quando questionados se Moro deve permanecer no cargo de ministro, 55% responderam que não há motivos para sua saída, enquanto 38% concordam com seu afastamento. Outros 7% não souberam responder.

Entre os que votaram em Bolsonaro a proporção dos que defendem a manutenção de Moro no cargo sobe para 76%. Também entre os entrevistados que apoiam a reforma da Previdência, 72% defendem a permanência de Moro no ministério, 46% consideram que suas ações foram adequadas e 45% acham que o combate à corrupção é mais importante do que seguir as regras.

Informados sobre os vazamentos

Do total de entrevistados, 63% disseram ao Datafolha que se consideram informados acerca do episódio das conversas vazadas pelo Intercept, sendo 23% bem informados, 32% mais ou menos informados e 8% mal informados.

Apesar desse quadro, a convicção dos brasileiros acerca da prisão de Lula no caso tríplex de Guarujá não mudou substancialmente. Em abril, 54% responderam ao Datafolha considerar a prisão do ex-presidente justa, 40% injusta e 6% não souberam responder.

Na avaliação mais recente, se manteve o percentual dos que consideram a prisão de Lula justa (54%), e subiu dois pontos (42%) o contingente que considera injusta, caindo para 4% os que não souberam responder. Sobre essa questão, 78% dos que votaram em Bolsonaro estão convictos de que a condenação de Lula foi justa.

Redação

4 Comentários

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  1. Lamento que Diego Padgurschi não tenha esperado mais uns 3 segundos, para fazer o flagrante histórico de lábios colados de dois lixos históricos.

  2. Lamento que Diego Padgurschi não tenha esperado mais uns 3 segundos, para fazer o flagrante histórico de lábios colados de dois lixos históricos.

    Eu nunca disse isso. Se vocês aí está censurando e dizendo que eu já disse, lamento.

  3. POR QUÊ MORO VAI SE AFASTAR ? (17 pontos de análise)
    SEM ÁUDIOS INTERCEPT JÁ ATINGIU 63% DOS BRASILEIROS E DESTES 58% REPROVAM MORO !

    1) The Intercept tem uma estrutura de mídia reduzida em comparação a uma série de veículos do Brasil, mesmo assim seus vazamentos de textos já atingiram a marca de 63% dos brasileiros e dos que acompanham já são 58% que reprovam Moro (pesquisa Data Folha divulgada em 08.07.2019);

    2) se os textos vazados já atingiram esta proporção é mais do que provável que os áudios serão reproduzidos entre a população com velocidade muito maior do que foram os textos, o que aumentará o índice de 63% que acompanham o assunto;

    3) o desgaste por ouvir a voz pode aumentar o percentual dos 58% que reprovam Moro, no texto há eleitores que ainda podem duvidar dos vazamentos, mas a voz e inclusive o seu tom pode ampliar a rejeição dos atuais 58%. Sobre o tom de voz é importante ressaltar o “aha uhu o Facchin é nosso” de Deltan, se o texto é escrito e Deltan já escreve de forma adjetiva e informal então é de se esperar que nos telefonemas privados deve falar em tom muito pior. Sobre Moro há a expressão “in Fux we trust” que também indica que Moro tem uma fala diferenciada quando está falando em reservado.

    4) o índice de aprovação do Bolsonaro está em cerca de 30%, Moro talvez tenha 42% de aprovação quando todos os brasileiros começarem a acompanhar os vazamentos, e o assunto está realmente aumentando de proporção. O problema é que o vazamento dos áudios pode acelerar o conhecimento do assunto entre os brasileiros e ainda aumentar a rejeição dos 58% pois os áudios poderão comprovar que Moro tramou e ainda mandou tramar. Uma realidade de Moro com percentual de aprovação menor do que o Bolsonaro não será nada positivo para o governo;

    5) Bolsonaro errou ao não ter afastado Moro logo no início dos vazamentos, poderia ter retirado a atenção sobre os novos episódios do Intercept e talvez até houvesse chance de Moro ser reconduzido ao Ministério da Justiça ainda com a imagem de quem se sacrificou humildemente para permitir investigações ao próprio nome. Poderia ter voltado como herói e também como candidato mais forte para 2022, razão para Bolsonaro não ter apostado em afastar Moro logo no início;

    6) já escrevi antes que Bolsonaro iria usar o jogo de 07.07.2019 entre Brasil e Peru para ter a chance de rifar Moro passando parte da sua responsabilidade para os torcedores. Não há dúvida que as vaias no estádio no mínimo indicaram uma divisão entre o segmento de renda mais elevada, um risco que Bolsonaro tem que evitar e talvez Moro cada vez mais se torne empecilho para a imagem do governo;

    7) o afastamento de Moro pode indicar a influência de fogo amigo, algum nome substituto será testado neste afastamento temporário de Moro?

    8) os vazamentos de 05.07.2019 indicaram que será lucro para o governo se apenas o Bolsonaro cair, uma série de integrantes do Judiciário que são importantes para o projeto partidário de Bolsonaro estão começando a ser incluídos, por exemplo Fux e Facchin ambos do STF;

    9) os envolvidos não entregarem os celulares porque ainda não sabem da extensão inclusive do que podem ter tramado entre si próprios?

    10) a possível saída de Moro também pode estar relacionado a uma série de assuntos ainda não foram demonstrados nos vazamentos e podem estar contidos em voz e textos:

    10.1) Moro pode comprometer integrantes do Judiciário dos Estados Unidos?
    10.2) o processo de indenização da Petrobrás pode ser revisto?
    10.3) o episódio do Habeas Corpus de Lula pode estar contido em áudios já que foi uma situação em que exigiu ação imediata e não apenas texto?
    10.4) Moro pode ter comprometido alguns dos militares Tenentistas que fazem parte do governo e/ou ameaçaram de intervenção militar no Brasil?
    10.5) os novos vazamentos terão o nome de Paulo Guedes que também está sendo investigado?
    10.6) existem gravações ou textos de Moro sobre os políticos em que pousou para fotos (Aécio, Temer, Dória, Serra….)?
    10.7) a alguma menção sobre Tacla Durán e inclusive a negativa da EUROPOL em extraditá-lo?
    10.8) Pallocci consta nos vazamentos de Moro?
    10.9) alguma coisa do Teori Zavascki vai aparecer?
    10.10) existe alguma menção sobre os critérios para reduzir pena nas delações premiadas?
    10.11) as tratativas para contratação de palestras de Deltan, existe algum registro que traga novos elementos?
    10.12) existem registros de contato direto entre Moro e Bolsonaro?

    11) Moro pode ter orientado ações de interesse eleitoral em 2018 muito mais óbvios do que o já revelado até o momento, justo numa conjuntura que foi criada a CPI das Fake News no Congresso? Os próximos vazamentos podem ser anexados a esta CPI?

    12) o foco maior de Glenn é os Estados Unidos? A recente matéria do New York Times pode indicar que Glenn também buscará jornais internacionais para trabalhar junto e ampliar o interesse sobre os vazamentos, por exemplo, quando inciar a fase de áudios já existirá algum jornal internacional trabalhando junto com o Intercept?

    13) um provável afastamento total de Moro reduz o interesse do público sobre os vazamentos e pode impedir que o prejuízo se alastre além de Moro e Deltan? Ou este afastamento mesmo que temporário, divulgado após o jogo em que Bolsonaro falou que iria testar Moro entre o público, já abre para especulações de que o governo já espera impacto dos vazamentos muito além do comprometimento de Moro e Deltan?

    14) o afastamento temporário de Moro está relacionado com a votação da Reforma da Previdência, o governo quer tentar se dedicar mais a reforma? Surtirá efeito, ou o afastamento dará fôlego para a oposição também focar a derrota da reforma na visão do Bolsonaro?

    15) se a reforma for aprovada a polêmica sobre os vazamentos reduz ou aumenta?

    16) caso saia do Ministério o que Moro irá fazer da própria vida ainda tem que ser analisado, mas o impacto que terá para o Governo Bolsonaro e o Judiciário do Brasil é o que é mais importante neste momento;

    17) sabendo que mesmo que aprovada a Reforma da Previdência trará impactos mais para o médio prazo, os dezesseis itens anteriores são mais relacionados ao campo da política, num potencial de conjuntura deste tipo, haverá espaço para o governo se reorganizar no campo da economia neste segundo semestre?

    Carlos Emílio Schwanke
    08.07.2019

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