Depoimentos contraditórios sobre prisão de estudante no RJ

Sugerido por Vânia

Depois que saiu no NYT, a mídia tupiniquim “descobriu” o que todos os cariocas (honestos) já sabiam.

Da Globo

Depoimentos de PMs contrariam informações da polícia sobre prisão de estudante em protesto

O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, ao inquérito policial sobre a prisão de um estudante acusado de lançar coquetéis molotov contra policiais nos confrontos de segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, perto do Palácio Guanabara.

Ao contrário do que tinha sido divulgado em várias notas oficiais da Polícia Militar e da Polícia Civil, o estudante Bruno Ferreira Teles não portava explosivos no momento da prisão, segundo relato do próprio policial que o deteve.

Nos confrontos da noite de segunda-feira (22), perto do Palácio Guanabara, sete pessoas foram presas. Horas depois do início do tumulto, a Polícia Militar do Rio divulgou em seu Twitter oficial a informação de que 20 coquetéis molotov tinham sido apreendidos com um manifestante. Minutos depois, uma nova mensagem: duas pessoas tinham sido presas. Uma portanto explosivos, outra por desacato.

Por volta de 0h, foi a Polícia Civil que divulgou um balanço: duas pessoas presas, um menor apreendido, cinco pessoas autuadas. E um número diferente da Polícia Militar. Teriam sido 11 os coquetéis molotov apreendidos. Na mesma nota, a Polícia Civil afirmava textualmente que Bruno Ferreira Teles era o único preso por portar artefato explosivo. Ele também foi acusado de desacato.

Na manhã seguinte, a Polícia Militar, em nota oficial reafirmou a apreensão de 20 coquetéis molotov com um dos presos.

O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, aos depoimentos dos policias militares responsáveis pela prisão de Bruno Ferreira Teles.

Um dos PMs diz que um manifestante não identificado lançou o primeiro coquetel molotov. Logo depois, outro coquetel foi aceso e entregue a Bruno, que também o lançou. O mesmo policial afirmou que nenhum coquetel molotov foi encontrado com o estudante.

Essa declaração contraria todas as notas divulgadas pela Polícia Militar e Polícia Civil divulgadas na noite da manifestação e também no dia seguinte.

O juiz do plantão daquela noite, que negou o pedido relaxamento da prisão em flagrante de Bruno, argumentou que, pela narrativa dos policiais militares que o prenderam, o estudante teria cometido o crime de resistência e de lesão corporal. Citou ainda que Bruno teria dado um soco no pescoço e uma unhada em um dos policiais, havendo assim prova de existência dos crimes. Bruno passou a madrugada na cadeia.

Na manhã de terça-feira (23), o presidente da comissão criada pelo governo do Rio de Janeiro para investigar os atos de vandalismo declarou que o Ministério Público ia denunciar o manifestante por tentativa de homicídio.

“Quem atira um coquetel, um explosivo contra uma multidão, seja de PM, seja de manifestantes, seja de quem for, está assumindo o risco de matar alguém”, afirmou, na terça-feira, o procurador Eduardo Lima Neto.

Também na terça, pela manhã, os advogados do estudante conseguiram um habeas corpus. Na decisão, o desembargador Paulo de Oliveira Lanzelloti Baldez afirma que nenhum artefato explosivo foi apreendido com Bruno e que a prisão em flagrante não tinha fundamento idôneo e concreto.

Bruno deu uma entrevista ao grupo Mídia Ninja, falando sobre o momento da sua prisão. “Foi na primeira hora que eles fizeram o pessoal correr. Eu queria pedir aí para vocês ajudarem a encontrar o vídeo em que eu corri da polícia, eles me prenderam e disseram que eu estava com uma garrafa de molotov. Eu não estava”, disse.

Um vídeo acabou postado nas redes sociais. Bruno passa no canto direito do vídeo. Neste momento, ele não aparenta ter nada nas mãos, nem usa mochila. Um policial e um homem de camisa preta o perseguem. O cinegrafista amador corre para acompanhar a cena. Mais a frente, o estudante cai no chão. Um policial chega e usa uma arma não-letal contra o peito de Bruno. Ele parece estar desacordado.

O vídeo termina com o estudante sendo carregado pelos policiais. Em outras imagens, Bruno já aparece em pé, sem camisa, cercado por policiais e com um colete de metal no peito. Um dos PMs acusa o rapaz.

Um policial pergunta para outro PM: “Ele é preso de quem?”. Outro responde: “Foi o P2 que pegou ele”. P2 é como são chamados os policiais que trabalham sem farda, infiltrados entre os manifestantes.

Outra dúvida levantada sobre a prisão de Bruno diz respeito a uma mochila que teria sido usada para carregar explosivos. Uma imagem mostra o momento em que a polícia encontra uma bolsa cheia de coquetéis molotov. O local fica a cerca de 700 metros de onde Bruno foi preso. Imagens feitas por um cinegrafista da TV Globo mostram que antes dos inícios dos confrontos o rapaz não estava com mochila.

Um policial pergunta para outro PM: “Ele é preso de quem?”. Outro responde: “Foi o P2 que pegou ele”. P2 é como são chamados os policiais que trabalham sem farda, infiltrados entre os manifestantes.

Outra dúvida levantada sobre a prisão de Bruno diz respeito a uma mochila que teria sido usada para carregar explosivos. Uma imagem mostra o momento em que a polícia encontra uma bolsa cheia de coquetéis molotov. O local fica a cerca de 700 metros de onde Bruno foi preso. Imagens feitas por um cinegrafista da TV Globo mostram que antes dos inícios dos confrontos o rapaz não estava com mochila.

“Eu não tinha mochila nenhuma. Eu acredito que, como eu fiquei na frente, falei muito, protestei muito, eu fiquei com o rosto marcado. Eu não usei máscara, não acho que tem motivo para usar máscara em um momento que você não está errado”, declarou Bruno.

O Ministério Público informou nesta quarta-feira que está analisando o processo referente à prisão de Bruno Ferreira Teles e deve anunciar uma decisão na segunda-feira.

Luis Nassif

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