Desastre brasileiro: quase nada tem sido normal no atual governo, por Álvaro Miranda

Além do anormal, é marcado também pela indigência e a tibieza – a exemplo, dentre muitos, de ofício assinado pelo ministro da Educação com erros de português, ministro que bate boca com internautas pelas redes sociais e promove a privatização da educação

Por Álvaro Miranda

Uma das prováveis causas para a prostração de um indivíduo é a sensação de incapacidade para resolver seus problemas atuais e a ausência de esperanças para o futuro. Nunca devemos comparar pessoas com governos, nem empresas privadas com organizações estatais pelas óbvias diferenças em termos de natureza, meios e fins. Brasil é uma República – e não uma família. A criança lá nos Estados Unidos tem razão sem meias palavras: “você é a desgraça do mundo”, disse ela ao ser abordada por Trump. Podemos dizer também: Bolsonaro, você é um desastre para o Brasil.

A sensação de frustração e prostração vem sendo reforçada pela nuvem obscurantista que tomou conta do país com o golpe de 2016 e a prisão de Lula, no ano passado. Para alguns, Brasil anda de quatro, como uma besta, e de lado, como um caranguejo, sem saber o que fazer, diante dessa trinca altamente deletéria para o nosso destino – Bolsonaro, Moro e Paulo Guedes.

Engano, caros leitores! A prostração não é geral não! Diferentes setores estão reagindo e outros começando em diversas dimensões e arenas. Não é para menos. Além do escândalo da Vaza-Jato com repercussões internacionais, as falas e medidas absurdas apenas tentam esconder a inação como mecanismo necessário e reiterativo da legitimação da presença.

Quase nada nesse governo tem sido normal – governo que tenta impor o absurdo, como fazem regimes fascistas. Além do anormal, é marcado também pela indigência e a tibieza – a exemplo, dentre muitos, de ofício assinado pelo ministro da Educação com erros de português, ministro que bate boca com internautas pelas redes sociais e promove a privatização da educação. Ou a bizarrice mais do que esdrúxula, a exemplo das falas sem pé nem cabeça de uma ministra de Direitos Humanos, e por aí vai, numa lista extensa.

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Normal é o escambal, por exemplo, promotores agirem em conluio com juízes, conforme a nota de repúdio da Associação dos Juízes pela Democracia. É pressupor que a sociedade é um bando de idiotas, aliás, bem ao gosto dos que acreditam poder governar com robôs digitais espalhando bizarrices e fakenews. Brasileiros não têm a cabeça de milicianos.

Para não dizer um palavrão, normal é o escambal dizer que o Brasil tende a crescer com a destruição da previdência pública. O escambal que alguém acredite que agentes privados externos ou governos estrangeiros possam investir aqui como agentes benemerentes preocupados com o desemprego de brasileiros.

Normal é o escambal desenhar uma paisagem pretensamente alvissareira de desenvolvimento, desmontando o setor produtivo nacional e entregando os recursos estratégicos, de mão beijada, para petrolíferas, mineradoras e diferentes tipos de multinacionais. Normal é o escambal permitir que essas empresas obtenham lucros astronômicos, explorando trabalhadores brasileiros, na extração de recursos naturais nossos, e mandando seu dinheiro para fora.

Não tem nada de normal também, embora seja coerente com seu perfil e objetivos, Bolsonaro chamar todo mundo de comunista. Só messiânicos ignorantes, adolescentes bobinhos ou dondoquinhas idiotas podem se convencer do que seja comunista vindo da boca de Bolsonaro. Para muita gente, ser chamado de comunista é até elogio, com orgulho. Mas, evidente que a palavra ganha tons de ofensa e xingamento na verborragia tosca de tergiversação estratégica do presidente.

A contradição é que talvez haja um lado bom nesse discurso ao mesmo tempo fora de moda e reatualizado de forma grotesca. Se todo mundo é comunista, e Bolsonaro ficar repetindo isso sem parar, a coisa vai cair na vulgaridade sem efeito diante dos problemas concretos que o país tem que resolver. Isso mesmo, Bolsonaro, continue chamando todo mundo de comunista. 

Redação

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