Ecos das eleições norte-americanas

Por Marco Antonio L.

Conservadores em desvantagem informacional

Tradução e edição: Larriza Thurler, No Observatório da Imprensa

Antes de a massa de trabalhadores americanos conservadores se perguntar o que deu errado nas eleições americanas, eles devem se questionar por que foram os últimos a perceberem que algo estava indo errado. Era a segunda vez que o democrata Barack Obama derrotava um rival republicano. Há quatro anos, a maior parte dos conservadores sabia que isso aconteceria; já o resultado das eleições deste ano foi uma surpresa desagradável.

Muitos conservadores chegaram, inclusive, a prever uma vitória de Mitt Romney. Os comentaristas politicos Dick Morris, George Will e Michael Barone especularam que o Partido Republicano teria mais de 300 votos eleitorais. Para Peggy Noonan, colunista doWall Street Journal, os que previram a vitória de Obama estavam ignorando tudo a seu redor. Mesmo o consultor político Karl Rove enganou-se. Essa vozes conduziram a cobertura da Fox News, do Drudge Report e de blogs conservadores.

O que foi mostrado é que, na realidade, eles estavam desinformados. A narrativa fora da mídia conservadora era totalmente diferente, com o exemplo mais significativo sendo o estatístico Nate Silver, cujo desempenho na previsão das eleições de 2008 lhe deu credibilidade na medida em que ele explicava, diariamente, por que seu modelo mostrava que o presidente Obama tinha mais possibilidade de ser eleito. Outros especialistas reforçaram suas previsões publicadas no blog do The New York Times.

Casulo conservador

É claro que Silver poderia ter errado, mas os que rejeitaram a possibilidade de ele estar certo estavam em desvantagem informacional. Por anos, conservadores argumentam que o controle liberal da mídia e da academia proporciona uma vantagem: os de direita só podem ficar familiarizados com o pensamento dos liberais, enquanto os de esquerda trabalham dentro de um casulo liberal. Essa análise era feita para explicar por que ideias liberais estavam enfraquecendo-se e seriam derrotadas.

Hoje, é fácil fechar-se dentro de uma câmara de eco conservadora. Veículos de tendências de direita como Fox News e o programa de rádio Rush Limbaugh Show são bem mais fechados intelectualmente do que a CNN ou a rádio pública. Um conservador da classe media deve provavelmente saber que a mídia ideologicamente amiga não informou de maneira efetiva sobre as eleições 2012.

Desde o começo das eleições, a mídia conservadora está enganando os eleitores. Com poucas exceções, eles tentaram explicar por que a direita falhou em vencer uma eleição que tinha grandes chances de ser conquistada por ela. Conservadores estavam em desvantagem porque partidários de Romney, como Jennifer Rubin e Hugh Hewitt, orbitavam constantemente ao redor de seu candidato favorito, em vez de serem francos sobre suas forças e fraquezas.

Conservadores estavam em desvantagem porque suas elites de informação fizeram intrigas de maneira cínica e autodestrutiva, tratando possíveis candidatos como Sarah Palin e Herman Clain como se fossem presidentes plausíveis em vez de piadas nacionais que perderiam mais feio do que George McGovern, candidato democrata derrotado por Richard Nixon em 1972, em uma das eleições mais humilhantes do Partido Republicano.

Atualmente, americanos não confiam nos republicanos no que se refere à política externa, como no passado, em parte porque os conservadores não lutaram com as falhas de política externa do governo de George W. Bush. Uma conspiração de silêncio existe em relação ao tema. A gafe mais prejudicial na campanha de Romney foi quando ele criticou os 47% dos americanos que não pagam impostos e se sentem vítimas – e que votariam em Obama. Ou ele não sabia que muitos deles eram potenciais eleitores ou estava confiando nos doadores do partido, que estavam desinformados. De todo modo, a culpada da derrota do partido foi a desinformação. Informações de Conor Friedersdorf [The Atlantic, 7/11/12].

Luis Nassif

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