O que o Datafolha revela sobre o impacto de Lula e Bolsonaro na eleição de São Paulo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Espaço de neutralidade a Lula indica caminhos para Boulos e apoio de Bolsonaro a Marçal poderá mudar a disputa política

Foto: Reprodução TV Band

Pesquisa Datafolha, divulgada nesta semana, revela as preferências do eleitorado de São Paulo e pode dar indicativos para os caminhos a serem tomados nas campanhas dos candidatos à Prefeitura da capital.

Enquanto o eleitor paulistano está dividido entre os que defendem o presidente Lula, os que são contra e aqueles que são neutros, indicando caminhos de avanço para o apadrinhado do presidente, Guilherme Boulos (PSOL), o apoio de Jair Bolsonaro (PL) também poderá mudar o cenário atual da disputa.

É o que mostra levantamento do Datafolha, divulgado nesta segunda-feira (12). Hoje, 36% do eleitorado de São Paulo avalia o governo do presidente Lula como “ruim ou péssimo”, 35% que enxerga como “ótimo ou bom” e 28% considera “regular”.

As porcentagens trazem respostas para os candidatos ao comando da capital sobre narrativas, debates e como conduzir as campanhas para angariar o eleitorado da cidade que é o maior reduto eleitoral do país.

Marçal avança em eleitores de Bolsonaro e de Tarcísio

Ao mesmo tempo, o recém candidato a entrar na disputa, Pablo Marçal (PRTB), pode movimentar a cena eleitoral se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) declararem apoio ao empresário e coach.

Os últimos resultados das intenções de voto mostram Guilherme Boulos (PSOL), o candidato de Lula, e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) na liderança, mas tecnicamente empatados, com 22% e 23%, respectivamente, segundo levantamento de quinta-feira do Datafolha. Em terceiro lugar, disputavam a vaga Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB).

Mas os detalhes da pesquisa, divulgados nesta segunda-feira, mostram que Marçal subiu 7 pontos percentuais, em comparação a julho, entre os eleitores de Bolsonaro: 29% deste eleitorado de São Paulo têm a intenção de votar em Pablo Marçal.

E 25% dos eleitores de Tarcísio também afirmam que votarão no candidato, o que representa um aumento de 6 pontos percentuais em relação ao mês anterior, quando Marçal não estava oficializado pelo PRTB.

O apoio de Lula e estratégias para o apadrinhado Boulos

As perguntas sobre as preferências para o Executivo indicam, até que ponto, o apoio do presidente Lula e de opositores no campo nacional aos candidatos à Prefeitura de São Paulo contabilizarão para o pleito municipal.

Lula já vem marcando o apoio constante para a campanha de Boulos. Mas Jair Bolsonaro não marcou a defesa direta ao atual prefeito, Ricardo Nunes, ou a outros candidatos, como Datena e Marçal, o que poderá resultar em impactos na eleição local.

Ao mesmo tempo, 28% dos eleitores de São Paulo consideram a gestão Lula como “regular”. É o chamado público neutro, um eleitorado que também deve ser trabalhado pelo candidato Guilherme Boulos nos próximos meses.

Boulos deverá trabalhar com eleitor “neutro”

Outra pesquisa na cidade divulgada nesta segunda (12) pode influenciar nos discursos e posicionamentos dos candidatos de São Paulo: caminhando para o campo internacional, a grande maioria (quase 80%) acredita em uma possível fraude nas eleições da Venezuela.

A pesquisa Datafolha divulgou que 79% acredita nessa hipótese, enquanto somente 8% acreditam que as eleições no país vizinho ocorreram de forma normal.

Além disso, entre os entrevistados que se informaram da eleição na Venezuela, o número de pessoas que acredita em fraude em benefício de Nicolás Maduro é de 88%.

Ao cruzar os dados com o cenário de que o presidente Lula vem se posicionando de forma cautelosa em relação à instabilidade eleitoral do país vizinho, e de que Guilherme Boulos (PSOL) poderia marcar a posição em defesa da legitimidade da reeleição de Nicolás Maduro, os números também apresentam indicativos de cautela ao candidato de São Paulo, com o objetivo de mirar esse público paulistano.

A pesquisa Datafolha ouviu 1.092 eleitores na capital paulista na terça (6) e na quarta (7) e possui margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

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