A esperança no novo PSDB

Por Augusto

O que ocorre hoje com a campanha Serra é apenas pontual. O PSDB ainda tem o Estado de Minas e São Paulo, isto é, apenas os dois Estados mais importantes do Brasil. No caso de São Paulo, domina boa parte das prefeituras importantes do interior. Domina o Governo do Estado há pelo menos 16 anos e é praticamente certo que vai para mais um mandato com Geraldo Alckimin. Da mesma forma, em Minas há boas chances de Anastasia suceder Aécio.

Além disso, o cenário federal ainda não está definido. Serra é um péssimo candidato, mas ainda tem 35% das intenções de voto e conta com o apoio de toda a velha mídia, o que não é desprezível. Embora possível, uma vitória de Dilma ainda no primeiro turno é improvável, devendo o pleito ser resolvido no segundo turno.

Então eu não sei por que há tanto desespero assim na oposição. Às vezes a gente brinca aqui com as trapalhadas do Serra, como, por exemplo, a novela do vice, mas o fato é que a situação, considerando que se trata de um Governo muito bem avaliado, ainda é muito boa para oposição. Serra pode vencer. Basta parar com o jogo sujo, tirar os blogueiros de esgoto de campo e defender o programa de seu partido, defender o governo de FHC e oferecer novas propostas viáveis para questões como saúde, educação, segurança e habitação. Ainda há tempo para isso.

Ao contrário do que pensa muita gente, defender o governo de FHC e as privatizações não vai levar Serra à derrota. O governo de FHC tem pelo menos um ponto positivo: a estabilização da moeda. E as privatizações nem todas foram ruins. Embora em princípio não concorde com elas, a privatização de algumas empresas realmente foram necessárias. Pode-se discutir a forma, o preço, etc., mas em alguns casos a melhor saída foi a privatização. Além disso, há uma sensação de que um espectro grande dos eleitores, em todos as camadas sociais, sejam favoráveis a essas políticas.

O que o PSDB deve fazer é parar com essa campanha belicista, que não leva a lugar nenhum, e que já foi várias vezes criticada aqui pelo Nassif.

Por Jotavê

O PSDB, com esse nome ou com outro, terá que se reinventar. Terá que se desfazer desse “não” raivoso e cheio de preconceito com que se contrapôs ao governo Lula. Terá que dissociar sua imagem dos discursos ideológicos dessa “nova direita” que, a seu próprio modo, insiste em reeditar oposições que só faziam sentido nos tempos da Guerra Fria. Terá que dar as sinceras boas-vindas à centralidade que o governo Lula imprimiu às políticas sociais, ao invés de ficar mais quatro, oito anos produzindo sofismas a respeito da disfuncionalidade de políticas compensatórias num país miserável como o nosso. Assim como o discurso oposicionista de Lula só se viabilizou quando assumiu um compromisso firme com o gerenciamento do capitalismo, o discurso de oposição a Lula só irá se viabilizar quando assumir um compromisso honesto e profundo com um novo olhar sobre o problema da desigualdade social. O PSDB precisa, enfim, deixar de ter o senho franzido de José Serra para voltar a ter as feições generosas de Mário Covas. Se Aécio Neves compreender isso, poderá liderar o processo de ressurgimento de uma oposição viável ao PT e à liderança avassaladora de Lula. Não é fácil. Mas não há outro caminho a não ser esse. 

Luis Nassif

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