Caso Lunus não morreu

No ano passado almocei com um íntimo amigo do então governador José Serra, tentando imaginar como seria a campanha para presidente. Ele me dizia, taxativo: “Não vai haver mais um caso Lunus (a armação de quadros da PF com o Jornal Nacional, em cima da sede da campanha de Roseane Sarney). Ele entendeu que aquele tipo de atitude o deixou muito marcado”.

Mas a síndrome do Escorpião é invencível. A mesma Veja, que tem a mais extensa relação de dossiês e falsas denúncias da história da imprensa brasileira, solta uma matéria sem nenhuma prova ou evidência. O ex-Globo repercute e ainda expõe de forma imprudente a própria filha do Serra. E quem são os quadros do PSDB que partem para a linha de frente? Sérgio Guerra, Marcelo Itagiba, a mesma estrutura midiática-jornalística que, esses anos todos, seguiu a orientação de Serra em um festival absurdo de denúncias vazias.

Do Estadão

Serra responsabiliza Dilma por fabricação de dossiê contra ele

O pré-candidato tucano à Presidência comentou ontem publicamente, pela primeira vez desde a publicação de reportagem na revista ‘Veja’, no fim de semana, suposta ação petista com denúncias contra ele que teria o objetivo de atingir sua filha Verônica

Julia Duailibi – O Estado de S.Paulo

Tucano cobra Dilma por ‘equipe de arapongas’

“A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho dúvida, assim como o principal responsável pelo dossiê dos aloprados foi o Aloizio Mercadante e como a principal responsabilidade por dossiês em 2002 foi do Ricardo Berzoini”, disse ontem o tucano.

Serra comentou o episódio publicamente pela primeira vez, durante visita à Associação Comercial de São Paulo. No final de semana, reportagem da revista Veja relatou que um grupo dentro da campanha petista teria ensaiado a produção de um dossiê para atingir Serra. O alvo principal da suposta ação petista seria a filha do tucano, Verônica.

Serra citou ainda casos de eleições passadas, quando houve guerra de dossiês nos bastidores. Falou especificamente de 2006, quando um grupo de petistas, alguns ligados a Mercadante, que disputava à época o governo paulista, tentou comprar um dossiê com supostas irregularidades envolvendo a administração tucana em São Paulo. Os envolvidos chegaram a ser chamados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “aloprados”.

O tucano também mencionou o pleito de 2002, quando teria sido formado um “bunker” com integrantes do PT com o objetivo de colher denúncias e informações contra os adversários. O ex-presidente petista Ricardo Berzoini faria parte desse grupo.

Contra-ataque. Em reunião no Instituto Fernando Henrique Cardoso ontem, os tucanos afirmaram ser necessário partir para o contra-ataque. Concluíram que o caso não deve ficar sem uma resposta contundente do PSDB . A ideia é relacionar diretamente o episódio à pré-candidata Dilma e à campanha petista.

“Vamos para a briga”, afirmou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, coordenador da campanha de Serra. Também presente ao encontro, o senador Tasso Jereissati (CE) disse que o caso, por ser grave, deveria ser tratado no âmbito do Senado Federal.

“Vamos ouvir Serra e ver se levamos adiante no Senado. Temos que ir a fundo, chamar Lanzetta, aloprados”, afirmou Jereissati, ao citar o jornalista Luiz Lanzetta, que teria montado o suposto grupo de inteligência para organizar o dossiê.

Os tucanos tentam colar em Dilma a autoria da produção do suposto documento relembrando o caso do dossiê com gastos do cartão corporativo do ex-presidente FHC e de sua mulher Ruth Cardoso. O documento, que mostraria gastos pessoais irregulares na administração anterior, teria sido elaborado pela Casa Civil, quando Dilma era ministra.

“O PT introduziu o crime na campanha. Já fizeram o dossiê dos aloprados em 2006, um dossiê contra Ruth Cardoso e agora vem mais um. E a dona Dilma? Ela tem que se pronunciar. Não pode ficar fazendo cara de paisagem”, disse Guerra em Brasília, pouco antes de embarcar para São Paulo para participar da reunião com FHC. O senador classificou a ação de “vergonhosa, indecente e coisa de gente safada”.

O DEM, principal aliado do PSDB em âmbito nacional, também condenou o fato de que um grupo dentro da campanha da petista estaria ensaiando a produção do documento contra Serra.

No plenário do Senado, o primeiro-secretário, senador Heráclito Fortes, subiu à tribuna para cobrar o esclarecimento da denúncia. “A montagem desse escritório, dessa fortaleza na QI 5 em Brasília, precisa ser melhor esclarecida pelos que fazem o comitê de campanha da candidata. Vá lá que seja uma briga de grupos, não importa. O que está em questão é a metodologia usada, o que está em questão é a falta de ética, é a falta de escrúpulo e a maneira como começam a conduzir uma campanha que nem sequer começou”, disse o senador, em referência à casa onde se reuniria o grupo para coletar as informações contra os tucanos.

Fortes também disse ser “inaceitável” que a campanha petista esteja fazendo “espionagem” e “bisbilhotagem”. “É o jogo sujo, é o jogo sujo que começa quando nem sequer foi iniciado o primeiro tempo desse jogo”, afirmou. “Anotem o que digo hoje: o bunker da QI 5 é apenas o começo, é apenas o início de uma série de escândalos. É aguardar para ver.”/ COLABORARAM ANA PAULA SCINOCCA E CAROL PIRES

Por Fernando

Eu estou pasmo em ver onde foi parar o jornalismo imparcial e investigativo no Brasil. A Folha não aguentou nem uma semana da imparcialidade que veio junto com a nova proposta gráfica. Está de volta ao passado: um jornal a serviço do tucanato paulista. Como numa jogada planejada com o Estadão, hoje, a edição da Folha traz o mesmo editorial da família Mesquita, e ataca o sindicalimo “pelego” a serviço do presidente Lula. Nenhuma linha sobre o sindicalismo patronal pelego dos Demotucanos que faz evento em frente ao impostômetro criado pelo ex-malufista Guilherme Afif Domingos. Nenhuma linha sobre a presença do “ilustre” e “honrado” ex-governador Orestes Quercia no evento, todo sorridente ao lado de Serra. 

Na cobertura “imparcial” da nossa grande imprensa nenhuma cobrança de coerência dos Demotucanos. Se são contra os impostos, porque aumentaram de maneira absurda o IPTU em São Paulo? Porque o IPVA no estado é o maior do país? Como num jogo de cartas combinado, a grande imprensa brasileira trabalha nos porões da campanha Serrista. A Veja cria o factoide, diz numa nota despretenciosa que aloprados petistas criaram um dossiê contra a filha do Serra, baseado em informações em off. Serra não perde tempo: acusa sua adversaria politica pelo suposto dossiê. Para completar o script o assunto vira manchete de primeira página, editoriais e análises dos articulistas de ‘O Globo’; Estadão e Folha. E, noticia de destaque nas rádios Jovem Pan, Eldorado e CBN.

Se tudo está no condicional: um suposto dossiê, criado por supostos aloprados, caberia aos jornalões para tranformar a intriga em máteria explicar aos leitores ques tões básicas: 1 – O que a filha do Serra teria feito de tão grave para merecer um dossiê? 2 – Qual o interesse da candidatura Dilma em atacar o combalido José Serra que está em queda nas pesquisas? 3 – Quais são as evidências da existência de tal dossiê? 4 – Existe lei proibindo a feitura de dossiês, ou esse é um expediente permitido apenas aos jornalões?

O proximo capitulo deste novelão a gente já conhece. A revista Veja vai dar capa sobre o assunto, os deputados do PSDB, Democratas e PPS vão pedir uma CPI, e pronto: está criada a crise na campanha da adversária. 

Se mesmo assim Dilma teimar em continuar subindo nas pesquisas existe uma carta na manga. A justiça eleitoral está pronta para ir ao extremo e cassar a candidatura petista sob alegação de campanha antecipada. A sinalização já foi dada pelo ministro Marco Aurelio Mello, quando disse que as multas dadas ao presidente Lula não são a única punição. Pode ter coisa maior. Aí a g rande imprensa vai dizer que decisão judicial é pra ser cumprida. Alguém tem alguma dúvida que isso pode acontecer? A única coisa que eles não podem controlar é a reação da sociedade organizada, que não é a mesma de 64. 

Luis Nassif

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