No Estadão, testemunha e polícia é a mesma coisa

Os mancheteiros do Estadão tem dia que parece estão querendo cobrir o jornal de ridículo. Vejam só a manchete principal de hoje. Trata do vazamento dos dados do EJ:

Receita apresenta versão que contraria PF em quebra de sigilo

Aí v. abre o jornal na p. A4, e novo título bombástico reforça a manchete:

Versão de crime comum contraria inquérito da PF

Para os leitores que param nos títulos, fica a sensação, que é o que o mancheteiro quer passar: briga interna no gov., a Receita tá escondendo coisa, ainda bem que a PF taí pra garantir a verdade (pouco importa se essa mesma PF vem sendo apontada volta e meia como instrumento do tal Estado policialesco).

Mas o leitor que segue em frente descobre que a tal versão da PF, que a Receita estaria contrariando, não é versão de PF nenhuma: é o depoimento, imaginem só de quem, do próprio Eduardo Jorge e do jornalista da Folha!

“Ouvidos no inquérito da PF esta semana, duas testemunhas – o próprio Eduardo Jorge e o jornalista Leonardo de Souza, do jornal Folha de S. Paulo, autor da primeira reportagem sobre o caso – confirmaram que os dados vazaram por meio de membros do comitê da pré-campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT).”

Belo passe de mágica, hein? Depoimento tomados no inquérito policial viram posição da polícia! Que pasquim está virando esse jornal.

Aliás, a mesma dupla Eduardo Jorge / Leonardo Souza aparecem em outro assunto, também ligado à Receita, que descobriu o uso de notas fiscais frias na campanha do Serra de 2002. O EJ , pra variar, acusou a Receita, que descobriu o trambique, de “má-fé” e agir teleguiada pelo PT:

“O secretário de Organização do PSDB, Eduardo Jorge, disse que não tem cabimento o trabalho da Receita, que o órgão está agindo “de má-fé” e acusou o PT de estar por trás do vazamento da informação para desviar o foco do escândalo dos cartões.”

Eduardo Jorge, é bom lembrar, foi o responsável pela organização da Rede PSDB, na internet, uma rede destinada a alimentar a baixaria da campanha tucana. Conforme foi denunciado aqui.

É bom lembrar também que o jornalista é figurinha carimbada em matéria de escândalos. É dar uma pesquisada no Google que aparece algumas das suas atuações. Aliás, v. encontrará até uma matéria aqui do blog, de junho deste, num post em que o Nassif relata o estilo Folha de ouvir o outro lado no Painel do Leitor, e depois aparecer uma resposta do repórter dizendo que confirma tudo o que disse. O assunto a que o post se refere é esse dossiê EJ e o repórter o mesmo Leonardo Souza, que segundo nosso anfitrião é “mais um caso de repórter que expõe nome e carreira sem perceber a conta que lhe será cobrada futuramente no seu currículo”.

Pelo visto, o repórter acrescenta novas estripulias em seu currículo. 

Luis Nassif

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