Serra acusa Dilma de se esconder

O incansável José Serra, reduzido a um único mote de campanha. Leia o mote: Dilma se esconde atrás de Lula, como se a candidata fosse uma mocinha indefesa, incapaz de se defender. E como se afirmações, como as de Serra, não pudessem ser checadas rapidamente.

Do Estadão

Na TV, Serra reage a Lula e cobra de Dilma explicação sobre quebra de sigilo

Ivan Fávero e Julia Duailibi – O Estado de S.Paulo

Em resposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, usou seu programa no horário eleitoral gratuito de ontem para criticar o governo federal e dizer que a adversária Dilma Rousseff (PT) “se esconde atrás de ministros e do presidente da República”, no episódio sobre a quebra de sigilo fiscal de seus familiares.

O tucano, no entanto, evitou bater boca diretamente com Lula, função delegada internamente a outros integrantes da campanha. Não mencionou o nome do presidente, mas atacou explicitamente o PT. Candidatos a deputado pelo PSDB foram convocados no começo da semana para gravar no estúdio da campanha de Serra comentários sobre o caso, levados ao ar também ontem.

“A pessoa que deve explicações ao Brasil se esconde atrás de ministros e até do presidente da República”, disse o tucano, referindo-se a Dilma, sem mencionar o nome da adversária. Serra gravou o programa na madrugada de ontem, depois de deixar o debate promovido pelo Estado e pela TV Gazeta. Ainda não há consenso na campanha se ele deve usar o programa para criticar Lula de forma mais incisiva.

Manifestações de Dilma

26/08 Coletiva em Salvador

“É uma acusação sistemática que ele [Serra] tem feito e que somente prova o desespero. Não é possível que se utilize de um expediente, sem prova, para fazer factoides e afetar a minha campanha.”

02/09 Coletiva Porto Alegre

“O meu adversário, a campanha dele e o partido dele, eu acho que estão desesperados… porque a cada dia que passa eles perdem o apoio popular. Agora, eu acho que eles estão querendo ganhar no “tapetão”, mas não vão conseguir ganhar no “tapetão”. Primeiro porque as acusações que eles fazem são falsas, levianas e não têm sustentação jurídica. Ao tentar vincular, ao tentar responsabilizar a minha campanha por fatos ocorridos em setembro de 2009, quando não havia nem campanha, nem pré-campanha, nem candidatura, nem pré-candidatura… O que eles querem é virar a mesa da democracia.

“É muito importante perceber que num processo democrático, pode-se até perder uma eleição, mas não se pode perder a dignidade e começar a assacar contra pessoas ou instituições. Além disso, subestimando a compreensão do povo brasileiro desse processo. Nem o povo brasileiro nem a história do Brasil perdoa ou costuma perdoar quem age dessa maneira.

“Eu tenho absoluta certeza do altíssimo espírito de justiça que o presidente Lula tem. No seu compromisso com a democracia e com a transparência. Eu tenho certeza que o presidente Lula jamais irá deixar essa questão sem uma apuração, até as últimas consequências, doa a quem doer, né?

03/09 Coletiva Porto Alegre

“Mas tenho certeza que mais uma vez fica claro que desespero e tentar ganhar no “tapetão” não é algo que tenha viabilidade. Eu reitero tudo que disse ontem e não vou mais ficar respondendo factóides que o candidato adversário, no seu desespero, lança todo dia. Não vou.”

06/09 Coletiva Brasília

“Eu quero dizer pra vocês que eu não pretendo descer a esse nível. Eu pretendo, obviamente, me defender. Agora, não pretendo desrespeitar a população brasileira, não pretendo acusar sem provas, não pretendo de maneira alguma também lançar situações de instabilidade no Brasil. Não acredito nisso, acho que a política do quando pior melhor e da oposição, aquela oposição ferrenha, que inclusive falava em impeachment em 2005, isso foi devidamente enterrado pelo sucesso do governo do presidente Lula. Portanto, nós temos o que apresentar [propostas]. Se meu adversário não tem, é um problema que nós não temos como solucionar. Mas é bom lembrar sempre que até pra fazer oposição, a pessoa tem de qualificar a oposição que faz… ou então passa pra história como tendo feito parte de um processo que não beneficia o Brasil nem a sua democracia.”

Dilma também falou sobre o tema nas entrevistas dos dias 2, 3, 5 e 7 de setembro. Se a mídia não deu destaque às declarações da candidata, é ela, a mídia, que está brincando de esconde-esconde. 

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