Serra, o Anthony Eden brasileiro

O caso Serra pode entrar nos anais da politica contemporanea. Um nome tido como em preparo durante toda a vida para ocupar a Presidencia mostrou-se um saco de vento. Lembra um pouco um outro personagem da Historia contemporanea, Anthony Eden, politico inglês do Partido Conservador, com fina estampa e modos impecaveis, o homem mais elegante da Europa, segundo Mussolini, Ministro do Exterior de 35 a 38, quando demitiu-se contra a politica de apaziguamento do Primeiro Ministro Chamberlin, juntou-se ao grupo de Churchill, então na oposição a Chamberlin dentro do Partido Conservador, quando Churchill asume a Chefia de Governo Eden volta ao cargo de Chanceler, durante a Segunda Guerra, que desempenhou com brilho e competencia. Cristalizou-se então na Inglaterra a ideia de que Eden era o mais preparado para suceder a Chruchill, já bem idoso no fim do conflito. As urnas porem decidiram que os Conservadores deriam ir embora e em junho de 45 ganhou o Partido Trabalhista, indicando Clement Atlee para Primeiro Ministro. Eden esperou pacientemente sua vez que veio em 1955, quando sucedeu ao segundo Governo Churchill.

O mundo todo viu que chegara a vez do preparadissimo Eden, que para surpresa do mundo durou pouco tempo no cargo, defenestrado pela crise de Suez, quando jogou a Inglaterra na aventura de tomar na marra o Canal, em aliança com a França e Israel. Eisenhower abortou a invasão, mandou todo mundo sair do Egito, a primeira e unica vez que o Governo americano mandou Israel recuar de posições tomadas. Eden saiu mal dessa derrota humilhante imposta pelo aliado americano e a famosa esperança do “”homem preparado”” evaporou-se levando de roldão Sir Anthony Eden, Conde de Avon, sua elegancia e sua classe.

Serra cometeu tantos erros que dariam um tratado.

1.Não fez as previas no PSDB, pedidas por Aecio, previas que Serra ganharia sem dificuldade e consolidaria seu cacife dentro e fora do partido.

2.Denorou demais para posicionar-se como candidato. Lula preparou sua candidata tres anos antes do fim do seu mandato.

3.Não manifestou-se, enquanto Governador de São Paulo, em questões nacionais de fundamental importancia. A sociedade brasileira não ficou conhecimento opiniões claras de Serra sobre a a condução do Pais por Lula e seu grupo.

4.Não formou um nucleo de assessores e apoiadores de campanha, um grupo operacional para dar ideias e suporte ao lançamento de sua candidatura. Centralizou na sua pessoa todas as decisões, o que é absurdo em uma campanha nacional, aonde é preciso mil olhos para acompanhar.

5.Não preparou nem um simulacro de Programa de Governo.

6.Não fez contatos fundamentais no Exterior, contatos com visibilidade e marcação de posições.

7.Descartou o apoio de FHC, para o bem ou para mal, um ex-Presidente e figura fundamental do seu Partido.

8.Não costurou alianças estaduais e com outros Partidos.

9.Não escolheu um Vice-Presidente companheiro de chapa a tempo e a hora, com categoria e peso politico. Nomes não faltavam mas a chapa teria que ser armada muito antes do lançamento da candidatura.

10.Em um Pais que produze e até exporta excelentes marqueteiros escolheu o pior possivel, sem criatividade, sem brilho, opaco, burocratico, insonso, inodoro e incolor, numa lista de dez seria certamente o décimo.

Serra jogou fora uma oprtunidade historica, o PT após oito anos tinha vulnerabilidades obvias para explorar, uma larga faixa da sociedade brasileira não se ilude com o discurso populista e nem com as magicas do “”nunca antes neste pais””, pelo menos ahaveria uma clara chance de uma disputa mais equilibrada que Serra jogou fora para colher bovinamente uma derrota humilhante, aparentemente conformado com seu destino. Esvaziou-se o saco de vento. 

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