Eles não sabem, mas quem vencer será apenas o vice-presidente, por Rui Daher

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Rui Daher

Eles não sabem, mas quem vencer será apenas o vice-presidente

Depois das traquinagens feitas pelo mercado financeiro internacional, que causaram a maior crise econômica desde o crash de 1929, copiadas com perfeição de badulaques chineses pelos rapazes do mercado brasileiro, será que as manchetes em folhas e telas cotidianas, mostrando queda na bolsa de valores a cada sinal de uma possível reeleição de Dilma Rousseff, justamente, não estão servindo para mostrar positiva a sua imagem diante do eleitorado?
 
Afinal, quem mais vilão nesse “Golpe de Mestre” (George Roy Hill, 1973)?
 
Na contramão dos escândalos, repercutidos sempre de forma igual pelos mesmos órgãos da mídia, mirando um só alvo e esquecendo os demais, como bem comentou em Terra Magazine, o jornalista Bob Fernandes, não estarão os eleitores preferindo olhar para si e refletir se houve melhoras em suas vidas?
 
Ou serão imagéticas as conquistas de acesso a emprego formal, renda, consumo, ensino superior e, de quebra, mesmo que contestado pelos paulistanos com exclusividade de acesso a Nova York, certo orgulho com a forma que o País passou a ser visto na comunidade internacional?
 
Do que veríamos na Copa, somente os 7 a 1 não deu certo, pois não? 

 
Gostem ou não, isto é fato dos últimos doze anos, sem desconsiderar a ajuda luxuosa dos pandeiros do Plano Real e da conjuntura econômica favorável no planeta, até 2008.
 
O debate político para a eleição presidencial está perto da profundidade de um Pires, não o de porcelana, mas um novo personagem, que sai de seus bancos de investimentos acreditando a galera entendendo e preocupada com a Independência do Ipiranga no Banco Central, a improvável possibilidade de um choque fiscal imediato, ajustes tarifários estrondosos, apertos monetários de cintas ortodoxas, e o raleio do pré-sal.
 
Coisa nenhuma. Tudo o que se fará será gradual. Inclusive, a recuperação do valor das ações da Petrobras, que só iniciantes imaginavam ser ativo para ganho em curto prazo.
 
Panelaços de internet apenas repetem, como transcrição literal, o que vem escrito na mídia convencional e nos olhos arregalados e dedos em riste de William e Patrícia.
 
Qualquer dado positivo sobre a economia brasileira, que não são poucos, e basta aos bem intencionados cassá-los, por exemplo, no jornal Valor Econômico, será completamente esquecido em troca da inverosímel “destruição da Petrobras” e a situação do setor sucroenergético, sem que nenhum viés, inclusive histórico, seja aprofundado.
 
Desde a sua fundação, em 1980, e até hoje, o Partido dos Trabalhadores (PT) nunca assumiu o Poder. Pelo menos, não aquele que realmente manda e assegura um acordo secular de elites que tornou este um dos países mais injustos e desiguais do planeta.
 
Mas e agora, depois de 12 anos no Planalto? Também, meus caros. Não mais que cócegas – embora isso já fosse algo – foram feitas nas mazelas que perduram sob essa dominação. 
 
Infelizmente, o PT entendeu que para governar seria necessário desmoralizar-se. Penso que Dilma Rousseff, logo no início de seu mandato, acreditou ser possível abrandar os limites dessa armadilha. 
 
Conseguiu apenas tornar-se inimiga dos partidos aliados, do sistema financeiro, em especial dos bancos quando baixou os juros, e finalmente do empresariado. Diante da reação, tem feito o possível para recuar. Não é o que gostaria, mas será em vão. Afinal, na batuta da orquestra está a mídia amestrada.
 
Amareladas páginas, quase no marrom, tornaram-na intervencionista, centralizadora, sem cintura, antipática, hesitante nas falas, assecla de cortadores de cabeças.  
 
Vivemos num sistema político democrático, por certo o melhor deles, despreparado, no entanto, para transformações sociais mais profundas. Somente as permitem quando tópicas e controladas aos pés da Santa Cruz do capital financeiro, da mídia familiar e da corrupção sem corruptores.
 
Seja lá quem vencer, precisará entender e aceitar que será vice-presidente de um poder muito maior, há séculos incrustado nesta Federação de Corporações. Poder que não é o da Criação, como nos ensinaram João Nogueira e Paulo César Pinheiro. 
 
Imagem de Amostra do You Tube

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. O primeiro poder da república

    O primeiro poder da república é o famigerado  PIG – Partido da Imprensa Golpista, que defende os interesses da burguesia fundiária, economica,  industrial  e reflete os valores da direita política, encarnada pelo nosso tardio neoliberalismo economico tucano, ora marinista,  abandonado no resto do mundo,  mas ainda  cultuado por aqui como a cruz de uma nova religião, a do deus mercado.

    Vamos ver se a promessa da Presidente Dilma de ao menos regular a mídia conservadora no aspecto economico, da concentração financeira será cumprido em seu segundo mandato.

  2. Para imprensa denuncista o que vale é a declaração

    Ainda bem que existe a internet e muita gente já não confia nas noticias da imprensa, principalmente na época das eleições. Nos ultimos anos a imprensa está cada vez mais cara-de-pau de fazer denuncias sem dados que a comprovem.  Basta conseguir uma declaração qualquer que seja de interesse da empresa jornalistica que os chefes garantem,  é o neojornalismo cuja principal caracteristica é a desvinculação da notícia com o fato.

    Hoje tive notícias que a VEJA?????  prepara uma nova BOMBA que vai “noticiar”  “verdadades” ainda mais graves do seu delator premiado da PETROBRAS.  Gostaria muito de ver um confronto entre as noticias da imprensa e os resultados da investigações feitas pelos orgãos de estado.

    Atualmente só consigo ler a veja com meu NOTEBOOK do lado!

     

     

  3. Pais du futuro

    Conseguiu apenas tornar-se inimiga dos partidos aliados, do sistema financeiro, em especial dos bancos quando baixou os juros, e finalmente do empresariado. Diante da reação, tem feito o possível para recuar. Não é o que gostaria, mas será em vão. Afinal, na batuta da orquestra está a mídia amestrada.

    Então não tem mais esperança.

    O ULTIMO A SAIR APAGUE A LUZ DO AEROPORTO.

    Ou então que se faça a revolução apregoada pelos partidos da extrema esquerda.

    COMUNISMO E SOCIALISMO.

    Ou… O anarquismo dos black blocks.

    Só pra lembrar

    . O pessoal melhora a renda, começa a comprar e o governo eleva a taxa de juros, compra no cartão, IOF, faz compra no exterior com débito, TAXA. Importa mais barato, aumenta o IPI para produtos importados. Multa rescisória do FGTS, mantém… ICMS sobre conta de luz, mais de 50%. O Governo não criou mecanismos para as empresas sobreviverem ao mercado sem pagarem impostos abusivos, se focou em carteiras assinadas por construção civil e indústria automobilística, e o resto? não existem outras áreas? Carga tributária mil…só quem tem empresa sabe do que falo.

    Quem tem empresa e não tem benefícios fiscais, está em apuros.

    A BMW mesmo que está implantando uma fábrica no país mostrou o tanto de documentos que precisou para implantá-la, chega a ser ridículo a burocracia do nosso país.  

      . O capital foi deixando de ser basicamente produtivo para se converter cada vez mais em capital financeiro. E o que sucedeu com os empresários que receberam uma cacetada diante da abertura? Reduziram níveis de produção e colocaram mais ovos na cesta financeira.

    De lá para cá, uma fatia crescente da massa de lucro das empresas não é fruto de produção, mas de aplicações no sistema financeiro. Hoje, há empresários ganhando mais dinheiro no sistema financeiro do que produzindo sapatos, salsichas ou lingotes de ferro. Quando se eleva a Selic, chiam porque pagarão financiamento mais caro, mas riem de felicidade, porque a aplicação financeira dará lucro maior do que se fizessem sapatos.

     

  4. a saída então  é a luta

    a saída então  é a luta contínua

    para afastar do poder real esse amestrados

    financeirizadores da economia e da grande mídia dita golpísta

    e seus cães de guarda nacionais e

    internacionais que hegemoneízam

    o poder economico e até político do país

    (os patrimonialista do congresso etc e tal)….

  5. Chegar ao governo não é o mesmo que chegar no poder…
    “Desde a sua fundação, em 1980, e até hoje, o Partido dos Trabalhadores (PT) nunca assumiu o Poder. Pelo menos, não aquele que realmente manda e assegura um acordo secular de elites que tornou este um dos países mais injustos e desiguais do planeta.” Diria que concordo com Rui Daher. Muito bom!

  6. Nassif
    Acho que nem vice

    Nassif

    Acho que nem vice é…..pelo menos penso que não é só aqui que esta banda toca…..tio sam é a mesma coisa, ou alguém acha que obama manda?

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