Em defesa do anonimato nas manifestações

Sugerido por Leo V

Do O Mexidão

Em defesa do anonimato

por 

Na última semana uma série de diminutas manifestações defendendo o Golpe Militar varreu o país. Mesmo com participação ínfima, eles receberam ampla divulgação da mídia empresarial e um bom espaço como denúncia nas mídias alternativas de esquerda.

Embora o Brasil tenha um longo histórico de manifestações conservadoras,  a ideia de manifestações em defesa da repressão é uma novidade para quem, como eu, cresceu na Nova República. A verdade é que desde as Jornadas de Junho tenho visto várias novidades pelas timelines e ruas por aí, e devo admitir que ando um pouco perdido. Meus próximos posts no Mexidão são frutos das inquietações que tenho tido desde Junho.

Mesmo participando de manifestações há um tempo razoável, não foi até Junho que vi pela primeira vez, por exemplo, grupos grandes de manifestante inteiramente dedicados a impedir violentamente que outras pessoas se manifestem de acordo com seus direitos. Foi definitivamente a primeira vez que estive em uma manifestação onde a liberdade de expressão de direitos garantidos legalmente foi suspensa não pela polícia, mas por cidadãos.

Eu tenho consciência de que isso já ocorreu bem antes de eu sair às ruas pela primeira vez, mas já fazem 50 anos desde a última Marcha da Família e quase 80 anos desde que os Integralistas tomavam as ruas para defender a barbárie,  não me lembro de algo nessa proporção desde a Constituição de 1988. Mesmo considerando que foram 21 anos de ditadura, o fato de que nenhum brasileiro com menos de 60 anos tenha visto esse tipo de situação nas ruas é um fato digno de nota.

leite-com-pêra

leite-com-pêra

Até Junho eu também nunca havia visto, em meio a repressão policial, um grupo de manifestantes tentando roubar e queimar bandeiras de outros manifestantes, inclusive partindo para a porrada. Ou pior, entregando manifestantes para a polícia porque eles estavam mascarados. Podem me chamar de conservador, talvez eu esteja ficando apegado a valores antigos, mas eu poderia jurar que era melhor quando a Polícia Militar tinha o monopólio dessa violência. E sim, antes que me perguntem assustados, eu não tenho nenhum amor pela PM, mas tampouco tenho amor pelo linchamento, e a democratização da repressão não é o mesmo que sua extinção, pelo contrário.

Não se enganem, eu já havia visto (e participado de) disputas ferozes dentro de manifestações, brigas mesmo, mas a coisa sempre perdia completamente lugar no momento em que a repressão chegava. O limite da disputa interna era a proteção dos manifestantes, e nessa hora não tinha siricotico, estava todo mundo junto contra a repressão. Junho foi a primeira vez que eu vi a repressão ser feita por outros manifestantes.

Foi tambem só depois de Junho que ouvi o termo “infiltrado” sendo usado contra manifestantes. Não que a ideia de infiltrados em manifestações seja nova, os infiltrados, ou agent provocateurs, são uma figura muito conhecida e você vai esbarrar no termo em qualquer leitura histórica sobre movimentações sociais. A diferença é que o termo se referia a agentes das forças de segurança, arapongas, espiões a serviço do Estado ou dos patrões para criminalizar manifestantes.

Mas desde Junho o Jornal Nacional conseguiu estabelecer um novo sentido para o termo, criando o fenômeno inédito, e inexplicavelmente onipresente, da tal “minoria infiltrada” de vândalos. Pra quem ainda prestava atenção a coisa toda fazia muito pouco sentido, já que um manifestante que responde a um chamado aberto para uma manifestação e que vai para se manifestar pelos motivos propostos, pode ser tudo, menos infiltrado. O mais provável, inclusive, é que a pessoa seja convidada de honra.  De fato o termo “infiltrado” só faz sentido quando se refere a alguem que não deveria estar ali, que não foi convidado, como seria o caso de um policial trabalhando à paisana no meio dos manifestantes, mas nunca para um grupo de manifestantes, mesmo que minoritários.

E de fato houve vários relatos e provas de policiais infiltrados nas manifestações, os tais P2,  mas isso raramente passou na TV. O discurso contra os “manifestantes infiltrados” do Jornal Nacionalera tão surreal que até agora, admito, não entendi bem como colou. Mas sei que, de repente, num salto quântico argumentativo, qualquer um que estivesse com um pano na cara durante a manifestação passou a ser tratado automaticamente como um perigoso vândalo infiltrado na manifestação. Inclusive por outros manifestantes.

A coisa chegou a tal ponto de absurdo que começaram a pipocar projetos de lei proibindo o uso de máscaras. Inicialmente foram projetos de figuras historicamente comprometidas com o militarismo (oPP em Porto Alegre, um Sargento em Minas, um deputado do DEM no congresso), mas eis que de repente, não mais que de repente, fez-se do amigo próximo, distante, e até mesmo antigos militantes de esquerda passaram a fazer coro a criminalização das máscaras. Novamente eu via manifestantes se prestando ao papel ridículo de braço da repressão.

Ocupação da Reitoria da UFMG (2008)

Ocupação da Reitoria da UFMG (2008)

No início do ano o filósofo italiano Giorgio Agamben publicou um excelente artigo sobre como aobsessão por segurança muda a democracia. O filósofo demonstra como ferramentas da criminologia utilizadas originalmente para lidar com criminosos reincidentes e estrangeiros (como as digitais), técnicas para controlar nativos de colônias africanas (como o registro de identidade), ou para manter o cerco apertado em prisões (como a videovigilância)  tornaram-se comuns e passaram a ter como alvo todo e qualquer cidadão: tornamos-nos todos suspeitos de crimes ainda não cometidos.

Vigilância e repressão são ferramentas utilizadas largamente contra o dissenso político, e os movimentos sociais sempre lutaram contra elas. No caso brasileiro, o livro Ministério do Silêncio tem bons argumentos para demonstrar como, para o Serviço Nacional de Inteligência, o problema era o povo, e como o SNI sempre esteve muito mais atento a greves e movimentos de repúdio à ditadura do que a espiões de países contra os quais estávamos em guerras.

E não é como se a luta contra o aparato de vigilância estatal fosse uma bandeira de vândalos e punks paulistas bebedores de cachaça paga pela PSOL. A identificação e registro estatal foram tradicionalmente utilizadas por estados autoritários contra pessoas marginalizadas, dissidentes e povos sob domínio colonial.  Inclusive foi em uma manifestação contra a obrigatoriedade do registro obrigatório da população nativa na África do Sul que o vândalo Mahatma Gandhi foi preso pela primeira vez, em 1908 (aqui tem a cena no filme).

A paranóia com a segurança foi uma forma de deixar todo mundo com tanto medo uns dos outros que passamos a permitir que fôssemos cada vez mais tratados como criminosos em potencial. Tudo em nome de uma suposta, e nunca alcançada, eficiência da segurança pública. Não é preciso voltar à Segunda Grande Guerra, como faz Agamben, para demonstrar como um sistema de registro tão completo como o disponível hoje poderia tornar o Holocausto terrivelmente mais eficiente (mas se você tiver dúvidas, dê uma olhada no papel da IBM no regime nazista). No Brasil de hoje temos o extremamente eficiente holocausto das testemunhas de violência policial, por exemplo.

Acho realmente curioso quando surgem na minha timeline fotos de manifestações de 1968, das Diretas e outras com comentários sobre a coragem daqueles que não escondiam a cara. Oras, sejamos sinceros meus amigos, uma passeata em 1968 não passava por dezenas de câmeras. Aquela época em que os fotógrafos dos serviços de inteligência tinham que se esconder para fotografar lideranças acabou, hoje em dia a polícia utiliza não só as câmeras de segurança públicas e privadas, mas também uma série de câmeras portáteis. E não é uma questão de “ter algo a esconder”, como se privacidade ou a desconfiança da polícia fosse em si um crime.

A própria defesa do voto secreto é o exemplo de como a participação política pública e autenticada, mas ainda assim anônima, pode fazer maravilhas pela democracia. Inclusive essa forma de participação política pública é um dos pilares por trás da defesa da segurança de fontes do jornalismo investigativo.  Pessoas em situação de fragilidade, como dependentes químicos em processo de reabilitação, também têm utilizado há anos o anonimato como forma de proteção e de auxílio mútuo. Os Alcoólatras Anônimos, uma instituição dificilmente chamada de baderneira e que já ajudou milhares de pessoas a retomar o controle de suas vidas, é baseada completamente noanonimato.

essa revolução não tem rosto

essa revolução não tem rosto

A perseguição a trabalhadores mais radicais sempre foi comum nas grandes empresas, mas hoje há toda uma série de outras possibilidades a considerar na hora de defender o fim das máscaras em manifestações. As primeiras Marchas da Maconha eram chamadas como “baile de máscaras”, e o aspecto carnavalesco das paradas LGBTT também sempre garantiu o aporte de pessoas fantasiadas, e isso sempre teve um caráter bem prático: as pessoas devem ter o direito de se manifestar politicamente sem se colocar necessariamente em uma situação de fragilidade ainda maior, expondo-se por exemplo para seus patrões, colegas de trabalho e etc.

Além do fato de toda essa tecnologia da identificação ter sido criada para lidar com criminosos, presos e nativos sob dominação colonial, há ainda outras razões históricas para se repensar a criminalização do anonimato e o pseudonimato (que não é necessariamente mais que um anonimato mais criativo). Sem os nomes falsos e a publicação anônima, grandes vândalos como Montesquieu não teriam publicado o melhor de suas obras (no caso, as Cartas Persas). Uma parte razoável do Iluminismo foi publicado com pseudônimos. Foram também com panfletos assinados com o nome Publius que vândalos norteamericanos do calibre de Alexander Hamilton, John Jay e James Madison publicaram seus textos, fundamentais no processo de constituição dos Estados Unidos. Na França revolucionária de 1789 as publicações apócrifas também foram fundamentais no processo de derrocada do absolutismo.

Não é segredo nenhum que no confronto com um poder infinitamente superior, os pseudônimos coletivos e o anonimato são armas recorrentes. São exemplares os casos do escravo romano Spartacus, imortalizado nessa linda cena do cinema, e do Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista de Libertação Nacional em Chiapas, no México. Desde os anos 1960 coletivos de arte e política têm também experimentado largamente o uso pseudônimos coletivos como Karen Eliot ou Luther Blisset, e recentemente em Belo Horizonte inventaram uma versão pão-de-queijo, um tal deOmar Motta.

Ao redor do mundo os ventos tem mudado de direção e, especialmente após o WikileaksChelsea Manning e Edward Snowden, a hipervigilância dos Estados e grandes empresas têm sido colocadas em questão. Recentemente o fundador do primeiro Partido Pirata, Rick Falkvinge, defendeu em um artigo que o estatuto do anonimato é fundamental para manter o governo em xeque, e Richard Stallman, presidente da Fundação Software Livre, defendeu que precisamos do anonimato para manter a democracia a salvo.

Enquanto manifestantes fazem coro às ordens da polícia e ao fim das máscaras em manifestações, a PM transforma em sigilosos por 15 anos os dados da repressão de Junho, mesmo já tendo dadoparte das informações antes. E a mesma PM que filma os protestos mas nega ter as gravações é a que decidiu prender preventivamente 176 pessoas antes da Copa em BH só pra ver se acalma as coisas.

Quando George Orwell escreveu 1984, com todo aquele sistema sofisticado de controle através da idolatria ao Grande Irmão (Big Brother no original), câmeras de vigilância, teletelas, 2 minutos de ódio e etc. tenho certeza que ele não conseguia pensar em nenhuma forma de governo mais desprezível. Mas parece que após quatorze edições de barbárie, a Rede Globo finalmente conseguiu solidificar na imaginação política da classe média que o mundo super vigiado do Big Brother é sinônimo de festas com gente bonita e clima de paquera. Nas mãos do Pedro Bial a hipervigilância virou cool, assim como o abuso sexual e o extermínio em massa.

Enquanto a Rede Globo se esforça para transformar a hipervigilância em modinha, o ideal democrático onde a coisa pública é do interesse de todos e a vida privada da conta de cada qual, são invertidos. O ideal de opacidade privada e transparência pública tem sido distorcido, o que governos à direita e à esquerda estão fazendo é o completo oposto: transparência da vida dos cidadãos e opacidade do poder público e corporações.

Redação

23 Comentários

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  1. Cobriam o rosto para poderem tumultuar e depredar!

    O autor só se esquece de dizer que estes indivíduos estavam a cobrir seus rostos não para, pacificamente participarem da manifestação e protegerem sua identidade.  Eles o faziam para encobrir sua participação em tumultos e depredações de bens públicos e privados. Que muita gente gosta de participar em atos públicos se escondendo o máximo possível, isto é de conhecimento geral.  Em geral são indivíduos que estão em cima do muro e não querem queimar suas fichas diante dos chefes.  No fundo eles tem o sonho de conseguir um espaço ao lado do chefe ou mesmo de ser um chefe.  Isto sempre aconteceu e eles nunca foram rechaçados das manifestações, apesar de serem apontados com  ironia.

    1. O texto defende o

      O texto defende o anonimato.

      Você é contra ou a favor?

      Você é contra ou a favor de uma lei que crminaliza ou proíbe usar máscaras em manifestações?

      Essa é a questão.

      O texto faz toda uma reflexão sobre a importância do anonimato para a própria democracia, e como os governos tem invertido o ideal a transparência pública e da preservação da vida privada.

      1. “O texto defende o

        “O texto defende o anonimato”:

        Impossivel saber o que o texto “defende”.  “Anonim” aparece 8 vezes -ate “repress” aparece mais.  Com acento, aparece mais 3 vezes.  “Manifes” aparece 33 vezes.  Nao aparece o arrazoado logico que defende anonimato exceto em sentencas soltas atravez de um texto mais ou menos intratavel, porque tematicamente desorganizado.

        Pergunte pros leitores se alguem sabe sintetizar as razoes para o “anonimato” de acordo com o texto pra ver…  ninguem sabe.

        1. Se ninguém sabe é um péssimo

          Se ninguém sabe é um péssimo sinal sobre a capacidade de interpretação e compreensão da língua portuguesa.

          Por que será que até o voto é anônimo numa democracia?

          Ah, numa democracia existem relações de poder, coação e perseguição! Eureka!

          1. Minha “capacidade de

            Minha “capacidade de interpretacao de texto” me diz que o autor ta mais interessado em “manifestacoes” do que em “anonimato” e nao tem sustain suficiente pra manter o assunto ao qual se propos, enquanto voce ta mais interessado em “anonimato” do que em “manifestacoes”.  Porque?  O que voce faz nelas?

          2. O título oriinal do texto é

            O título oriinal do texto é “Em defesa do anonimato” e não “Em defesa do anonimato nas manifestações”, como foi posto aqui na intenção correta de informar o leitor sobre o tema que se relaciona o texto em relação as pautas que tem povoado este e outros blogs.

            Claro que o tema surge a apartir das leis de criminalização das máscaras etc. Mas o autor pega isso para refletir o caráter do anonimato nas democracias, e a importância e legitimidade dele. E isso serve para manifestações, para escritos, para o voto…

            Ou não?

    2. É verdade, o autor enumerou

      É verdade, o autor enumerou uma série de exemplos para justificar o uso de máscaras, todas dignas de nota, diga-se de passagem. Mas não tocou nesse “detalhe” que voce falou.

      E se em teoria, todos os argumentos do texto são válidos, na prática, pura e simples, o que de fato tem ocorrido é isso. As máscaras são para poder depredar bens públicos e privados, sem risco de serem reconhecidos. Isso porque sabem que cometem crimes, muito bem tipificados no código penal.

      E a coisa piora, já que aproveitando-se disso, pequenos e grandes meliantes se travestem de black blocs, não para atacar “símbolos do capitalismo”, mas para saquer e desestabilzar governo de adversários (o caso do Rio)

      Guardada as devidas proporções, é a mesma coisa que alguns motoqueiros fazem quando vão para deliberadamente desobedecer as leis de trânsito. Tampam a placa para não serem identifiicados

  2. Comparar manifestantes com

    Comparar manifestantes com alcoólatras anônimos para justificar o anonimato, convenhamos é uma comparação completamente descabida.

    Afirmar que um manifestante corre mais riscos hoje do que em 68 é demonstração de completo desconhecimento do que foi a ditadura militar, talvez por esse motivo não dêem valor ao que foi conquistado.

    1. Afirmarv que o texto afirma

      Afirmarv que o texto afirma que manifetsantes correm mais risco hoje do que em 68 parece ser uma prova de que o texto deve ser lido novamente.

      O que é afirmado é que os métodos de vigilância evoluíram muito. Hoje quando se sai às ruas se é automaticamente filmado por inpúmeras câmeras existentes.

      E a perseguição política está aí, à solta, como mostra o inquérito que tem intimado manifestantes, perguntado ideologia, em quem votam.. as prisões preventivas de manifestantes (como o texto aponta em BH), o tribunal de exceção que foi criado para julgar manifestantes etc.

      Enquanto isso, é claro, os PMs podem trabalhar livremente sem identificação.

      É o poder público mascarado exigindo que os cidadãos não o sejam quando lutam.

      O texto tem um argumento central, que procura mostrar como o anonimato tem sido uma ferramenta importante nos processos de mudança social, e na própria democracia. Se se quer contrapor o texto, deve-se discutir esse argumento.

  3. é Carnaval??

    no meu tempo nem máscara anti gaís tínhamos, eram muito caras, usávamos lenços molhados para mitigar os efeitos do gás, só que estávamos em uma Ditadura e hoje em plena Democracia ainda querem justificar a covardia do uso da máscara, pra mim fora do Carnaval que a usa é bandido ou está pretendendo ser..

  4. Máscaras.

    Ninguém usa máscara com boa intenção. Isto é o óbvio ululante e estridente. Se as forças da ordem (que têm obrigação constitucional de mantê-la) quiserem evitar a violência nas manifestações, têm de reprimir o uso de máscaras. Mascarado, além de bandido, é covarde. E ainda ficam autoridades, por hipocrisia ou covardia pura e simples, querendo relativizar o Inciso IV do Artigo 5º da Constituição Federal:

     “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.

    1. Isso vale para todos que

      Isso vale para todos que usaram do anonimato? Vale para Spartacus, Jay, Hammilton, para os revolucionários franceses, para os grupos de artivismo dos anos 60 e 90, vale para Banksy, vale para os grupos de ajuda-mútua de dependentes? Não acha que está perdendo a perspectiva do que é a vigilância estatal e contra quem ela foi criada?

      E sim, o anonimato é vetado na constituição, tenho conhecimento disso, mas não é o único artigo da constituição que desgosto. Tem aquele sobre a propriedade privada, acho que ele merecia uns retoques também 😉

      1. Apenas

        Vale apenas para os cidadãos brasileiros  que têm o dever de respeitar a sua Constituição. E, se dela discordarem, que tratem de eleger parlamentares que a modifiquem, pois estamos em pleno regime democrático. Fora disso, afrontá-la é crime.

  5. O economista, o internauta e o manifestante anônimo

    Matheus,

    O economista decide a questão na lacuna de um ponto no espaço, a que provaria sua coerência ou engano, já que não há diferença entre um verdadeiro e um falso testemunho da sociedade: não ter valores, apenas variáveis livres.

    Então, o internauta aqui recupera considerações de designação experimental para ser iluminado em termos de instanciar quantificações que valem mais do que a sua opinião de enfatizar a manifestação. Esta concerne a um plano que a demonstra no mundo das certezas de fato observáveis; visto que toda demostração livre e libertadora supõe que cada qual é uma verdade que só pode produzir valor na condição de ser universal.

    A Internet  para Além do Estado, portanto, é esta condição de ser uma verdade universal ao nosso sentido objetivo nas ruas: A realidade em si

    É bom lembrar, que não é a má política a verdade  que legitima o manifestante anônimo, mas a revolta da verdade pela sua própria realidade. 

    A verdade nunca será por nós universal se não aplicamos a realidade a favor de ser uma verdade, assumida por meio de definição contextual, que só se reduz como razão de valor por atributo das variáveis ligadas, sob o título de classes virtuais de causas, nas quais a verdade não se divisa a olho nu. 

    Na verdade, onde encontraremos a nossa razão de valor, a realidade filtrada, a título comportamental de classes virtuais de política pública autêntica? Centralizada na atividade dos bancos, cuja atribuição de ser o universo da realidade em si representa os falsos estimulos dos manifestantes.

    Ora. se a Internet , a ideologia ou qualquer verificação do além (fora de lugar) é aquilo que separa a sociedade do futuro, o Estado, então, anexa o valor da verdade que deve trazer a existência do universo na ordem teórica – o sistema da realidade em si analítico, de que tudo podemos fazer a luz das disjunções – que os internautas fazem na ordem prática dos trabalhadores. 

    Logo, o economista pode pensar que esta ordem substanciosa que precede a Internet  – na medida que supõe os tempos passado, presente e o futuro simultâneo da realidade –  é a quantificação econômica que pode manifestar teorias de contextos da produção, designar valor de objetos reais e prever o espaço de futuro do homem, por equiparar as classes e a razão de valor com a verdade.

     

  6.  Usar máscaras só interessa

     Usar máscaras só interessa quem quer praticar crimes.

    Parafraseando Malcon X.

    Quem implora por liberdade nunca será livre.

    A liberdade é algo que você tem que conquistar.

    Se você não mostrar que esta disposto a pagar o preço da liberdade nunca conquistará a liberdade.

    E qual é o preço da liberdade ?

    O preço da liberdade é a morte.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=f2S3ShBexMs%5D

     

    1. De acordo

      De acordo, Aliançaliberal. Se uma pessoa qualquer sai à rua mascarada ou com o rosto encoberto, em qualquer hora do dia ou da noite, é logo olhada com desconfiança e todo o mundo acha natural e, até, desejável, que ela seja parada por um policial, para se identificar. Se tal pessoa tentar entrar em qualquer local, seja público ou privado, será, claro, impedida, chegando os responsáveis pela segurança, com toda a propriedade, a chamar a polícia.  Isso porque, como já afirmei em comentário anterior e você o faz acima ” Usar máscaras só interessa quem quer praticar crimes”.

      Interessante é que  algumas pessoas, não se sabe por que razões objetivas (desconfia-se), resolveram defender que alguém, investido da condição de manifestante, tem direito a agir como bem entender e está isento das obrigações estabelecidas na legislação. Pode esconder o rosto para invadir ou depredar prédios públicos ou  privados, destruir equipamentos públicos, como lixeiras, abrigos etc, agredir a terceiros, principalmente os policiais, tudo isso impunemente. Afinal tais pessoas  são os “novos heróis libertários”, que apenas se escondem por pura modéstia, pois desejam deixar só para história o reconhecimento de suas extraordinárias “virtudes”.

      E quem for contra, como nós, somos adeptos da “repressão”. 

  7. O autor faz uma bela e sólida

    O autor faz uma bela e sólida  defesa dos seus pontos de vista, argumenta em bases lógicas e lista referências que nos ajudam a compreendê-los. Diria que só que por um pequeno, mas crucial detalhe, a meu ver a sua tese desmorona, a saber,  o contexto. 

    O que valeu para os tempos do Iluminismo, da Revolução Americana, para os protestos de 1968 contra a ditadura brasileira, seriam válidos, e até mesmos lógicos, para a conjuntura atual?

    Aqueles eram outros tempos, nos quais a exposição poderia implicar em torturas e mortes. O estágio civilizatório era totalmente contrastante com o atual, no qual se respira os ares de liberdade. Onde qualquer um pode se manifestar da maneira que quiser, contando para isso com estruturas midiáticas impensadas em tempos idos. 

    Em termos políticos qual a necessidade desse anonimato? Admití-lo por quê e para quê se é livre o direito de manifestação assegurado pela Constituição? Só por razões meramente estéticas entendo esses adornos mimetizados de outras plagas. 

    Para não ficar só na discordância: comungo integralmente com o articulista no que tange ao outro lado – o Estado – se despir desse seu caráter histórico de pouca transparência e de agir de maneira soturna em nome da cultura da segurança e do sigilo. 

    1. Os nossos tempos são o de

      Os nossos tempos são o de tribunais de exceção e de perseguições políticas.

      Aqui mesmo neste blog já foi publicado matéria da Agência Publica sobre o inquérito contra manifestantes, em que se pergunta até me quem votaram nas eleições.

      Possivelmente um manifetsante não será torturado como em 1971, mas será certamente perseguido juridica e politicamente.

      Como aponta o texto, por que será, se vivemos tempos diferentes, o voto é anônimo? Mesmo numa democracia à perseguição, coação. Tudo que questiona o interesses de poderosos fica vulnerável à retaliação. Trata-se de uma banalidade básica… basta estar vivo para saber.

      1. As tuas afirmações destoam da

        As tuas afirmações destoam da realidade. Inquérito contra manifestantes só se for( e deve ter sido no caso) por excesso e jamais porque participou de uma manifestação, um direito assegurado na Constituição. 

        Não entendo as razões de se perguntar num inquérito as preferências políticas de alguém. Mas isso fica por conta dos excessos ou razões que desconheço por parte das autoridades policiais. Entretanto, cabe ao investigado simplesmente se negar a responder. Não queira transformar isso num indício de perseguição ou exceção. 

        Por fim, tu confundes de propósito duas categorias distintas: o anonimato do voto serve para prevenir eventuais constrangimentos ao eleitor e assim garantir a lisura do pleito. Tem nada a ver com o anonimato nas manifestações de ruas.

        Essa insistência, me desculpe, mas é essa a minha percepção, é que vocês querem validar, como já escrevi, uma mera estética que, no caso, se revela contraproducente por razões mais que óbvias. É o anonimato que vai permitir, inclusive, a indistinção entre o manifestante pacífico e o violento. 

        Mas é compreensível essa tua posição considerando que vocês acham legítimo o apelo à violência. Só que vivemos numa democracia tal forma de expressão é vedada em Lei. 

        1. Esta escelencen matéria da

          Esta escelencen matéria da Agência Pública foi reproduida aqui no blog. Leia até o final: http://www.apublica.org/2014/02/inquerito-black-bloc-2/

          Isso é a realidade. As viuvas da ditadura que saíram às ruas dia 22 de março também disseram que cidadão de bem não era preso nem torturado.

          Bem, nao sei se é do seu conhecimento, mas essa semana que passou foi rasgado artigo da Constituição em que afirma que “não haverá tribunal de exceção”: foi constituído um tribunal especial para julgar manifestantes.

          Acho que não sou eu que está fora da realidade. Perseguição e retaliação existem onde existe poder. Como já disse, trata-se de uma banalidade básica que qualquer um aprende pela sua própria vivência, já na escola.

  8. O texto tem suas razoes; o problema é q tb há razoes contrárias

    Tudo o que o texto falou é convincente. Porém o uso que está sendo dado atualmente ao anonimato em manifestaçoes nao é o de auto-proteçao legítima, mas o de capa para atos ilegais. Aí fica difícil de justificar… 

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