Embaixador da Palestina no Brasil pode ser convocado a qualquer momento

Embaixada Palestina enviou dois convites a Bolsonaro e ficou sem respostas. Diplomata classificou o anúncio do governo brasileiro como "desnecessário", completando que "qualquer aproximação do Brasil com o tema de Jerusalém não vai agradar ninguém"

Jornal GGN – “Qualquer aproximação do Brasil com o tema de Jerusalém não vai agradar ninguém”, afirmou o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em entrevista à BBC News Brasil. Ele contou ao jornal que recebeu orientação de seus superiores para “ficar em stand-by”, após o anúncio de que o Brasil abrirá um escritório de negócios em Jerusalém.

Bolsonaro, está em visita a Israel desde domingo (31) e retornará nesta quarta-feira (3). No primeiro dia, o presidente anunciou que o Brasil abrirá um escritório de negócios em Jerusalém para responder a negócios com Israel. A medida tanto frustrou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que aguardava o anúncio da transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, como também desagradou a comunidade árabe.

Para afastar o desconforto em Israel, Netanyahu declarou que a criação do escritório “é o primeiro passo para quem sabe um dia chegar à transferência da embaixada do Brasil”.

Nesta segunda-feira (1º), a Autoridade Palestina, entidade que governa parte da Cisjordânia e à qual a embaixada palestina no Brasil está subordinada, emitiu um comunicado anunciando que convocaria seu representante em brasília para consultas. No linguajar diplomático, a convocação de um diplomata demonstra reprovação e descontentamento.

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Jerusalém é considerada por Israel como sua “capital eterna e indivisível”. Mas não recebe reconhecimento internacional, apenas dos Estados Unidos e da Guatemala. Isso acontece porque a cidade é considerada também sagrada por cristãos e muçulmanos e hoje, por um acordo internacional apoiado na Organização das Nações Unidas (ONU), é compartilhada entre judeus e árabes.

O embaixador Alzeben classificou o anúncio de Bolsonaro como “desnecessário”, completando que “qualquer aproximação do Brasil com o tema de Jerusalém não vai agradar ninguém”. O diplomata destacou que a posição dos palestinos é compartilhada por 57 países árabes ou islâmicos e a aliança do governo brasileiro com Israel poderá causar prejuízos para o agronegócio.

O bloco de países árabes é o quarto maior consumidor da carne brasileira no exterior e, segundo informações da Câmara de Comércio Árabe-Brasil, respondeu por 10% do superávit comercial brasileiro em 2017.

Apesar do cenário, Alzeben destacou que os palestinos não pretendem retaliar o Brasil. “Não é a nossa política. O Brasil é um país amigo, estamos trabalhando por todos os meios para manter as relações.”

Ele contou ainda que a embaixada palestina enviou dois convites ao presidente para visitar a região, mas jamais recebeu respostas. “Esperamos que ele visite o Estado da Palestina sob ocupação na próxima visita.” Clique aqui para ler a matéria da BBC News na íntegra.

Redação

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