‘EUA não querem o Brasil na OCDE’, diz fonte à Reuters conflitando com anúncio de Trump de que apoia entrada do país no bloco

Um dos destaques do encontro entre presidentes dos dois países foi a fala de Trump apoiando entrada do Brasil na Organização. Um dia antes Guedes foi informado que a condição é o Brasil fazer concessão na OMS.

Jornal GGN – “Eles [Estados Unidos] não querem que o Brasil entre por motivos que não sabemos. Cada vez que resolvemos uma questão que levantamos eles criam outro problema”, disse uma fonte que não quis se identificar à jornalista Lisandra Paraguassu da Reuters, na cobertura da visita do presidente Jair Bolsonaro e ministros do Brasil à Washigton, Estados Unidos.

Nesta terça-feira (19), os presidentes dos EUA e Brasil se encontraram no tradicional Salão Oval da Casa Branca, trocaram camisetas das seleções dos respectivos países e fizeram elogios mútuos.

“É uma grande honra ter o presidente Bolsonaro conosco, vindo do Brasil. Ele tem feito um trabalho espetacular, realmente. Ele liderou uma das campanhas mais impressionantes dos últimos tempos. Lembrou algumas pessoas da minha campanha também. Foi uma campanha muito bem montada, nós vamos discutir a questão da Venezuela, vamos debater também comércio, vamos discutir vários temas. O Brasil é um grande amigo e, provavelmente pelo relacionamento que nós temos, o Brasil e os Estados Unidos nunca estiveram tão próximos quanto estão agora”, disse Trump.

“É uma satisfação estar nos Estados Unidos depois de algumas décadas de presidentes anti-americanos. O Brasil mudou a partir de 2019 e, obviamente, temos muito a conversar, muita coisa a oferecer um para o outro para o bem dos nossos povos”, respondeu Bolsonaro.

O destaque ao encontro aberto à toda a imprensa foi a declaração de Trump de apoiar a entrado do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): “Eu estou apoiando os esforços deles [brasileiros] para entrar [na OCDE]”, disse Trump, ao lado de Bolsonaro, porém sem dar muitos detalhes sobre o assunto.

A entrada na organização daria ao Brasil uma espécie de selo de qualidade de políticas macroeconômicas, estimulando a entrada de investimentos. Esse seria o principal trunfo da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos.

Mais cedo a agência de notícias Reuters divulgou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os Estados Unidos querem que o Brasil deixe a lista de países de tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio norte-americano à entrada na OCDE.

OCDE existe desde os anos 1960 e foi criada para reunir os países que praticam e aceitam os princípios da economia de mercado. A OMC, por sua vez, foi criada nos anos 1990 para supervisionar e liberalizar o comércio internacional.

Essa última organização tem uma lista de países que recebem tratamento diferenciado, quando são denominados “em desenvolvimento”. Como medida de compensação por não terem alcançado o desenvolvimento completo, essas nações recebem vantagens especiais como mais tempo para cumprir acordos e outras flexibilidades.

Ainda, segundo a Reuters, a pessoa que informou que o governo brasileiro precisa retirar a autodeclaração “em desenvolvimento” foi o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, durante uma reunião com Paulo Guedes e a equipe econômica do Brasil, na segunda-feira (18).

“Não tem troca, ele que está fazendo essa demanda”, disse Guedes quando questionado sobre o assunto. Entretanto, uma fonte disse à reportagem que os Estados Unidos não querem que o Brasil entre “por motivos que não sabemos”, completando: “Cada vez que resolvemos uma questão que levantamos eles criam outro problema”.

A Coreia do Sul e a Turquia são países membros da OCDE e estão na lista de países com tratamento diferenciado na OMC.

Uma matéria da Folha de S.Paulo, divulgada nesta terça-feira (19), lembra que os Estados Unidos vêm pressionando por reformas na organização para derrubar o status preferencial. Os norte-americanos propõe a exclusão de países-membros da OCDE, ou em processo de adesão, que se classificam como “países de alta renda” pelo Banco Mundial, dos integrantes do G-20 e dos que respondem por mais de 0,5% do comércio mundial de bens.

Por esses critérios são enquadrados Brasil, Índia, México, China, Israel, Argentina, Chile, Coreia do Sul, Indonésia, Turquia, Singapura, África do Sul e Arábia Saudita.

Os Estados Unidos tem poder de veto dentro da OMC usando isso para pressionar mais ainda a entidade. Desde 2017, o governo Trump bloqueia a nomeação de juízes para o Órgão de Apelação que funciona na OMC como um tribunal de segunda instância para os países recorrerem de decisões de países a respeito de controvérsias comerciais.

Por causa disso o órgão trabalha hoje com três de seus sete juízes, o número mínimo para funcionar. Se os EUA mantiverem o bloqueio, o Órgão de Apelação irá parar de funcionar em dezembro.

Redação

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Pois é, pela primeira um presidente anti-brasileiro foi visitar os estadunidenses…..

    Nos xingou, nos humilhou, nos vendeu, abaixou as calças pra qualquer zeruela estadunidense, e vai voltar sem nada de bom para nós oferecer, entretanto, os estadunidenses estão felicíssimos com o que receberam…….
    Deveriam todos ficar por lá. …

  2. A relação entre Brasil e EUA defendida pelo vagabundo Jair Bolsonaro pode ser descrita como um “casamento gay”. Os brasileiros oferecem a bunda (submissão do Itamaraty ao Departamento de Estado Americano, do Exército ao US Army e do Min. da Justiça ao FBI, facilidades empresariais, entrega da Embraer, do petróleo, da Base de Alcântara e da água, rebaixamento dos salários e direitos previdenciários, fim.da exigência de vistos para turistas, etc) os norte-americanos entram com a rola (obrigação do Brasil de fazer guerra comercial aos inimigos dos EUA sem receber qualquer compensação). Nosso país vai ser fodido sem camisinha e os autoproclamados machos dominantes patriotas são os arquitetos dessa veadagem em escala nacional.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador