Federico Franco recebe apoio da igreja Católica

Por zanuja castelo branco

Igreja apoia Franco, mas cobra solução para camponeses

Por Juliano Machado, Da Revista Época

O novo presidente do Paraguai foi a uma missa na Catedral de Assunção, onde ouviu mensagem do papa Bento XVI pedindo que os paraguaios “avancem pelos caminhos da paz e da concórdia”.

 Juliano Machado)

O presidente Federico Franco e sua mulher, a deputada Emilia Alfaro, acompanham a missa ao ar livre na Catedral de Assunção, na tarde deste sábado. Foi a primeira aparição do novo casal presidencial em um evento aberto à população. (Foto: Juliano Machado)

O católico Federico Franco, recém-empossado presidente do Paraguai após a destituição de Fernando Lugo na noite de sexta-feira, escolheu uma missa na Catedral de Assunção para fazer sua primeira aparição pública. Ao lado da mulher, a deputada do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) Emilia Alfaro, Franco sentou-se nas cadeiras colocadas de frente à esplanada da igreja – a cerimônia foi ao ar livre. Ele foi saudado pelos sacerdotes, mas teve de ouvir cobranças sobre a questão dos camponeses, um dos temas mais delicados do país. O monsenhor Edmundo Valenzuela, arcebispo-adjunto de Assunção, disse que estão “claramente pendentes” as reivindicações dos sem-terra por regularização fundiária. Valenzuela relembrou o confronto do dia 15 entre policiais e camponeses em uma fazenda em Curuguaty, perto da fronteira com o Brasil, que resultou na morte de 17 pessoas e foi um dos cinco pontos de acusação dos congressistas opositores para apear Lugo do poder. Segundo Valenzuela, a violência “não é o caminho para satisfazer as necessidades sociais”. O núncio apostólico no Paraguai, Eliseo Arioti, leu uma mensagem enviada pelo papa Bento XVI em que pede a “todos os filhos da amada nação paraguaia que avancem pelos caminhos da paz, da concórdia, solidariedade e mútuo entendimento”.

O arcebispo Valenzuela elogiou a “maturidade política” do processo de transição, mas ressaltou que não ficou claro para a Igreja se “os prazos utilizados tenham sido justos”. Foi uma referência ao ponto mais controverso do julgamento político de Lugo. Transcorreram pouco mais de 30 horas entre a Câmara apresentar suas acusações contra o presidente e o Senado votar por sua destituição. Lugo, que qualificou o processo de “golpe express”, teve apenas duas horas para se defender diante dos senadores. Franco não expressou nenhuma reação ao questionamento do arcebispo. Nem quando Lugo foi elogiado por ter feito um “chamado à não-violência” em seu discurso de despedida.

Mais uma vez, chamou a atenção o aparente desinteresse da população pela figura do novo presidente. O entorno da Catedral é amplo, mas havia pouca gente em pé na plateia que circundava as cadeiras dos convidados especiais. Houve alguns gritos de apoio a Franco no fim da cerimônia, embora discretos. Os paraguaios ainda parecem estar atordoados com a rapidez dos acontecimentos. Nem assimilaram a queda de um presidente nem se acostumaram ao outro. Ao católico Franco, o único fato a comemorar foi a aceitação da Igreja a seu governo, ainda que com ressalvas.

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