Funcionários da Caixa acusam instituição de criar sistema de censura prévia a projetos culturais

Equipes do banco precisam agora informar possíveis ‘pontos polêmicos' de ações artísticas nas redes; Caixa nega instauração de censura nos novos procedimentos

Jornal GGN – Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, publicada nesta sexta-feira (4), o banco Caixa criou um sistema de censura prévia a projetos culturais que são patrocinados e exibidos pela instituição estatal em todo o país.

Nos relatórios obtidos pelo jornal constam tópicos que não constavam em relatórios anteriores para seleção de projetos culturais, como a avaliação de “possíveis riscos de atuação contra as regras dos espaços culturais, manifestações contra a Caixa e contra governo e quaisquer outros pontos que podem impactar” e ainda “histórico do artista nas redes sociais e na internet e participação em outros projetos” e “histórico do produtor nas redes sociais e na internet”.

A reportagem conta que foi alertada sobre o novo sistema de censura por funcionários da Caixa Cultural de diferentes estados. Os relatórios preenchidos a respeito de cada projeto cultural são avaliados pela superintendência da empresa em Brasília e pela Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo Federal para decidirem se apoiam ou não as propostas.

“Após ser elaborado, o relatório seguiria então para a superintendência da Caixa em Brasília, que poderia barrar ou aprovar o projeto, tendo como base este conteúdo, além de documentação e pesquisas de históricos dos artistas. A Secom e o departamento jurídico também recebem relatórios. Existe determinação para que nenhum projeto seja contratado sem tais avais”, escreve Gustavo Fioratti que assina a reportagem da Folha.

“Os funcionário ouvidos pela reportagem relatam ainda que, a partir deste ano, aqueles que são responsáveis por analisar os projetos recebidos por meio dos editais devem fazer um pente-fino do que os proponentes postaram em suas redes sociais. Eles entendem que deverão ser relatados, por exemplo, posicionamentos políticos e partidários e críticas ao governo”, completa.

Os funcionários escutados na reportagem dizem ainda que há, de forma mais explícita, restrições da superintendência da Caixa contra imagens ou cenas de nudez, pautas LGBT e sobre ditadura militar.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Caixa desse que não existe censura e que “o processo do chamado Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural envolveu etapas de avaliação por equipe técnica do banco e por consultores externos com reconhecimento no meio cultural”.

“(…) um dos critérios de seleção previstos no edital dizia respeito à valorização da diversidade de expressões culturais e de propostas que contemplem transversalidade de linguagens, mídias e suportes”, completa a entidade.

*Clique aqui para ler a matéria na íntegra.

Redação

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