Haddad foi para o tronco

 

Creio que aqui todos já tomaram conhecimento desta frase:

“Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia. Nem a cracolândia como se fosse a USP.” 

É do ministro Fernando Haddad criticando a ação da PM na USP. 

O sentido dela é óbvio, na cracolândia existe um grave problema de tráfico de drogas a céu aberto e a policia limita-se a mantê-lo  circuscrito a determinado perímetro em nada incomodando os traficante; na USP estudantes sofreram revistas sistemáticas até que alguém fosse flagrado com um reles cigarro de maconha, então foram tratados como bandidos. A inversão é tão gritante que a própria Folha de São Paulo, que em editorial passado preconizava o uso da força contra os “maconheiros vagabundos”, no editorial de hoje começa a recuar. Porém há um contrabando no texto que deixou-me preocupado. 

Que a Folha zomba da inteligência de seus leitores é fato conhecido, mas costuma fazê-lo com certo cuidado. Quando parte para a zombaria descarada é porque já mandou às favas os pruridos de consciência. 

Vejamos o trecho do editorial “A polícia e a USP” de hoje, 14/11.

O mote é o recuo da Folha em relação aos estudantes da USP: PM tem problemas mais graves a resolver que revistar jovens, universitários ou não, à procura de pequenas quantidades de maconha”. 

Porém, lá pelas tantas a Folha assaca contra nós esta pérola:

Foi particularmente infeliz, sob este aspecto, a frase do ministro da Educação, Fernando Haddad, segundo o qual “a USP não é a cracolândia”. É difícil afastar a impressão de que, com isto, sugeria-se existir uma carta branca para a PM reprimir como bem entendesse os miseráveis dependentes do crack no centro de São Paulo, cabendo, ao contrário, mesuras especiais à “gente diferenciada” que frequenta o campus do Butantã.” 

Toma nos por tolos o editor?

Não, está marcando uma posição. Pouco importa se torce ou não o sentido da frase de Haddad.

Seria o caso de mais uma vez bradarmos Quousque tandem abutere, Folha, patientia nostra? Quamdiu etiam furor iste tuus nos eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?.

Até quando, enfim, ó Folha, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda esse teu rancor nos enganará? Até que ponto a tua audácia desenfreada se gabará de nós? 

Mas não nos enganemos, é o jogo bruto contra Hadad que começou.

Logo ao lado um texto de Melchiades Filho me espantou pela agressividade.

Alguns trechos de “Dispensa de classe”:

 

Remanescentes do governo Lula, Lupi e Haddad faz tempo são nomes certos na lista dos que sairão. 

Tanto faz Lupi se declarar à presidente. O amor não é correspondido. 

Já a educação aparece na lista das prioridades do governo e dos assuntos caros à presidente. 

Por isso, é acintoso que Haddad venha usando o horário de trabalho para sua agenda pré-eleitoral. (imagino que Melchiades esteja sugerindo a marcação de cartão de ponto pelo ministro. É ridículo, mas é Melchiades). 

Na semana passada, enquanto o MEC divulgava de modo acanhado o censo do ensino superior e ainda lidava com implicações judiciais de mais uma fraude no Enem, o ministro cuidava de criticar a atuação da PM “tucana” na USP e se empenhava nos conchavos para unificar o PT em torno de sua candidatura. (acusa o político Haddad de fazer política) 

Mas um governo alinhado a esses novos parâmetros, pautado pelo bom senso, tampouco pode acolher um ministro concentrado em projeto político pessoal. Renúncia, licença ou reforma, Haddad precisa sair. (lembrou me Carlos Lacerda) 

 

 

 

Haddad precisa sair, descaradamente assim.

 

Se não é arrogância é desespero. As eleições de 2012 começaram, a Folha ainda não sabe a quem quer, mas já sabe a quem não quer.

Preparemo-nos para mais uma campanha de baixarias.

 

 

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/8798-a-policia-e-a-usp.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/8801-dispensa-de-classe.shtml


Luis Nassif

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