Os 74 anos da Guerra Civil Espanhola

Hoje, 18 de julho, completam-se 74 anos da eclosão de um dos eventos mais impactantes da Historia do Seculo XX, a Guerra Civil Espanhola, marcador fundamental dos blocos ideologicos que desencadearam a Segunda Guerra Mundial. Do lado do “alzamiento”, levantamento de tropas aquarteladas no Marrocos espanhol lideradas por Francisco Franco, Emilio Mola, Jose Sanjurjo que se deslocaram à Abdaluzia aonde se juntaram a Queipo de Llano, Juan Yague ,Jose Antonio Primo de Rivera. O objetivo do levantamento era derrubar a Republica, instalada em 1931 apos a queda do Rei Alfonso XIII, avô do atual Rei Juan Carlos. Mas a Republica resistiu inicialmente ao golpe, tinha lideres importantes, a começar pelo Presidente Manuel Azaña, Juan Negrin, Jose Giral, Buenaventura Durruti, Francisco Largo Caballero, Indalecio Prieto, Luis Companys.

O maior historiador da Guerra Civil Espanhola, o britanico Hugh Tomas diz que ninguem poderá entender o conflito sem retroceder a historia da Espanha desde 1808, quando Napoleão Bonaparte derrubou os Bourbons, iniciando um riquissima e complexa fase nos destinos da Espanha, aonde tijolo a tijolo se construiram antagonismos que desembocaram na Guerra Civil de 18 de julho de 1936. A Guerra Civil foi o desate desses conflitos entre monarquicos de duas correntes e os republicanos, entre centralistas e regionalistas, dentre estes especialmente os catalães e bascos, entre ricos e pobres, entre a Igreja e os anti-clericais, entre a direita e a esquerda, entre os anarquistas e os comunistas, entre os liberais e osc onservadores, conflitos de sangue, honra, poder e riqueza.

A Guerra Civil Espanhola foi um conflito de extrema violencia, a conta final entre mortos, desparecidos, feridos, presos e exilados passou de um milhão, o conflito atrai na fase seguinte os nazi-fascitas com forças efetivas de terra e ar, os comunistas sovieticos com grande contribuição de material bélico, conselheiros militares, agitadores, comissários, a neutralidade hipocrita da França e da Inglaterra, formou a consciencia esquerdista de duas gerações pelo apelo das Brigadas Internacionais que galvanizaram a intelectualidade combativa do ocidente ao lado da Republica. Da Guerra Civil Espanhola nasceu a consciencia humanitaria de nomes exponenciais do pensamento do Seculo XX, como Orwell, Hemingway, Maurois, Dos Passos, a lista é longa, arriscaram a vida sob a bandeira das Brigadas, organizadas a partir de Paris por Josip Broz, mais tarde conhecido como Marechal Tito.

A Guerra Civil moldou tambem a Espanha de hoje. Foi pela vitoria de Franco que se instalou o regime que armou a volta dos Bourbons à Chefia de Estado na Espanha moderna. Sem Franco não seria possivel tal retorno. Franco, um paria internacional em 1945, renasceu das cinzas pela guerra fria, ao ceder 16 bases aereas aos EUA e passar a integrar as Nações Unidas, sistema que o rejeitou na sua fundação.

Nas grandes livrarias espanholas há setores inteiros sobre a Guerra Civil. Comprei nesta semana uma nova coleção de videos da RTVA sobre a Guerra Civil na Andalusia (6 discos), documentarios essenciais do grande conflito ainda atraente aos aficionados de historia do seculo XX e tão vasto em suas consequencias que não cessam de surgir novos livros sobre o tema, como uma nova biografia de Azaña, esse curioso personagem, decisivo no conflito, estranho heroi numa Espanha conturbada, um raro gay em um pais machista ao extremo,

dentro de uma luta aonde não faltava nada desde o fanatismo religioso inquisitorial até o anarquismo como forma de governo. 

Luis Nassif

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