Resolução líbia: a versão francesa

Resolução líbia: a versão francesa

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Moscou pode vir a ser jogador–chave na regularização da situação na Líbia, – declarou o chefe do ministério das relações exteriores da França Alain Juppé ao intervir na Escola Superior de Economia na capital da Rússia. Ressaltou, como é de praxe, que a França desempenha a sua missão na Líbia rigorosamente nos limites da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU. Mas na opinião de peritos, esta afirmação não corresponde bem à verdade. Na referida resolução não consta o direito de fornecer armas aos insurretos líbios. Este fato veio à luz quinta-feira passada.

O serviço diplomático russo apresentou no mesmo dia uma inquirição a este respeito a Paris e o ministro das relações exteriores da Rússia Serguei Lavrov fez  a respectiva declaração.

A Rússia apresentou à França uma inquirição a respeito da fidedignidade da informação, de acordo com a qual a parte francesa tem fornecido armas aos insurretos líbios. Estamos à espera da resposta. Se este fato for confirmado, esta será a violação mais grosseira da resolução da ONU que tinha sido aprovada mediante um consenso.

O Ocidente deu uma resposta,  mas pouco convincente e desajeitada. Soube-se que apesar de “todo o respeito para com a posição russa”, a resolução da ONU foi interpretada de uma maneira errada. De acordo com o representante do Departamento de Estado Mark Toner, ambas as resoluções do Conselho de Segurança, – isto é resoluções 1970 e 1973, – não impedem o fornecimento de materiais de que a oposição Líbia necessita para a sua defesa. O representante permanente da França junto da ONU Gerard Araud declarou que o fornecimento de armas aos insurretos está no quadro da execução do item 4 do documento 1973, que permite, supostamente, ignorar o embargo para o fornecimento de armas à Líbia.

Envgueni Minchenko, diretor do instituto de peritagem política, não pôde manter-se no quadro do léxico diplomático ao comentar isso na entrevista à “Voz da Rússia”.

Creio que eles cuspiram de há muito em todos os itens sem exceção da resolução e fazem o que bem entendem. E os assassinatos de numerosos habitantes pacíficos, cometidos ultimamente pelas tropas da coalizão, como se pode explicar isso? Creio que o opróbrio, a que a França  se expôs, ninguém se expôs nos últimos dez anos.

A propósito, Paris apresenta o “Número mínimo de vítimas” entre a população pacífica da Líbia na qualidade de prova de que atua rigorosamente no quadro da referida resolução. É preciso constatar que este documento é duvidoso e está destituída de qualquer fundamento. Um outro argumento a favor do fornecimento de armas aos insurretos é este: o destino da Líbia deve ser determinado pelos próprios líbios. Moscou concorda com este enfoque, há pouco o presidente Dmitri Medvedev afirmou praticamente o mesmo. Só que os habitantes da Líbia não são militares da NATO que resolvem quando e em fogueira de que conflito é preciso pôr mais lenha. Os interesses da Líbia podem ser representados, por exemplo, pela União Africana, que tinha proposto há pouco o seu “mapa viário” de regularização do problema líbio. O chefe da comissão da União Africana Jean Ping submeteu à critica as ações dos militares franceses. Afirmou que os fornecimentos de armas podem acarretar uma situação, semelhante à que tinha surgido na Somália.

A propósito, uma análise mais detalhada revelou que o famigerado “item 4” resultou mal formulado. O chefe do Ministério das Relações Exteriores concorou em que este parágrafo realmente permite “a todos fazer o que bem entendem”. Fez lembrar, ao mesmo tempo, que o direito internacional não tolera ambigüidade. Serguei Lavrov afirmou que a Rússia, da mesma maneira que a França e outros membros do Conselho de Segurança estão interessados em que este órgão emita documentos compreensíveis. É preciso aperfeiçoar este sistema e combinar, como se deve proceder em semelhantes casos no futuro.

Fonte: Voz da Rússia

Redação

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