Mangabeira e a Bolsa Familia

Quando li a manchete, levei um susto: “Ministro critica Bolsa Família”. Depois, o subtítulo: “Porta de saída deve beneficiar quem é classe média, e não os mais pobres, diz Mangabeira”. Aí, vi que era O Globo e entendi (clique aqui).

O centro da questão é outro. Há dois públicos atendidos pelo Bolsa Família: os que vivem na miséria absoluta e os muito pobres. A miséria absoluta é uma questão cultural, o bloqueio é mental. A pessoa não enfrenta a miséria absoluta por que não sabe que existe possibilidade de superá-la.

Esse é o núcleo central prioritário para o Bolsa Família. E não adianta buscar resultados de emancipação. Está muito claro na concepção do programa que a esperança é o resgate dos filhos, através da obrigatoriedade do estudo.

Depois, entram os programas de capacitação, preparando as pessoas para entrar no mercado de trabalho. Esses programas são eficazes junto aos menos miseráveis.

A questão é que esses programas já têm focado essa clientela. A parceria do Bolsa Família com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) permitiu identificar 200 mil pessoas com potencial para serem preparadas para atuar na construção civil. O programa de fortalecimento da agricultura familiar também tem como um dos focos os beneficiários do Bolsa Família que complementam renda com agricultura de subsistência.

Mangabeira trabalha com conceitos básicos. Não lhe peça detalhamento de idéias e programas. O objetivo dele é definir a idéia-força de cada programa – o que é importante como fator propandístico  em setores com pouca clareza de objetivos.

Mas seria importante que entendesse que o Bolsa Família é uma obra que está quilômetros à frente de suas formulações conceituais básicas. Além de trabalhar com o estado da arte em conceito de política social, criou indicadores sociais e operacionais e montou a operação. Diria que enquanto Mangabeira verbaliza o bê-a-bá, o Bolsa Família está no pós-graduação.

Donde se conclui que Mangabeira fala muito sobre tudo. E O Globo tira manchete de quase nada.

Por Guilherme Silva Araújo

Nassif,

A despeito das críticas do Mangabeira e do “O Globo”, ricas em preconceito e pobres em argumento, o programa Bolsa-Família, embora iniciativa importante, tem seus pontos fracos. Aponto alguns deles:

1. Diagnóstico: O conceito de pobreza adotado pelo BF associa o fenômeno à incapacidade de as famílias “pobres” subsistirem. As famílias auferem uma renda que as impede de comprar uma cesta de alimentos que satisfaçam as necessidades calóricas corpóreas mínimas. Neste sentido, a garantia dos recursos que permitam a estas famílias a aquisição desta cesta de alimentos é medida suficiente para erradicar a pobreza. Outras privações por que passam as famílias são desprezadas pelo programa, tais como a privação ao acesso de serviços básicos de saúde, moradia, saneamento etc.

2. Condicionalidades: Para receber os benefícios, as famílias devem garantir que suas crianças e adolescentes freqüentem a escola. Assim, elas acumulariam capital humano para que, quando adultas, possam evitar empregos com remunerações precárias. O problema é que apenas colocar as crianças e adolescentes destas famílias na escola não é suficiente. É comum na trajetória destas famílias uma intrínseca valorização do trabalho como instrumento disciplinador e de transmissão de conhecimentos. A absorção de conhecimentos aritméticos básicos e o ensino da escrita e da leitura são suficientes, nestas famílias, para realizar as atividades de trabalho e, na medida em que as crianças obtêm este conhecimento, a escola deixa de ser necessária. Esta descontinuidade entre o propósito da educação para as famílias e a proposta pedagógica das escolas favorece a evasão escolar e o exercício de trabalho pelas crianças e adolescentes.

Luis Nassif

25 Comentários

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  1. Nassif,

    Acabou de sair a
    Nassif,

    Acabou de sair a notícia de que o governo brasileiro conseguiu bloquear US$ 2 bilhões de contas de pessoas relacionadas à Satiagraha.
    Acho que agora a Satiagraha entra na sua fase que considero mais crítica: a asfixia financeira do esquema sujo do Daniel Dantas.
    “Folow the money”, diria Garganta Profunda. Onde – ou para quem – o dinheiro nos levará dessa vez?

    Um abraço,

    Marco Antônio

  2. A tal “porta de saída” do
    A tal “porta de saída” do Bolsa Família, termo esse que virou mais um daqueles clichês com ares de verdade, é uma geração, algo como 20 anos, mais ou menos. Esse é o tempo que demora uma pessoa não se preocupar com a subsistência diária e ter o mínimo de dedicação para educar um filho. Basta ver o que aconteceu na Europa do pós-guerra, onde o Estado do Bem Estar Social começou a mostrar fadiga apenas a partir da década de 70. Antes, era impossível pensar em viver sem ele; depois, as pessoas passaram a ter mais com o que se preocupar.

  3. Poderíamos sugerir ao
    Poderíamos sugerir ao digníssimo ministro que fizesse uma experiência particular, vivendo um mês na casa (?) de uma família em condições miseráveis, para ver se ele mudaria sua opinião. Infelizmente, pessoas desse tipo acho que nem assim reconheceriam o óbvio…

  4. Vi em algum lugar que Obama
    Vi em algum lugar que Obama declarou aos países mais pobres que seu país levará água e comida a suas populações que passam fome.

    Aqui, o bolsa família já faz isso, de modo precário mas faz. E agora achamos um ministro que é contra?????

    Pelo volume de impostos que pagamos, pelos desvios que sabemos que existem de dinheiro público, ainda querem agora nos tirar o alívio que sentimos de saber que pessoas, ao nosso ver miseráveis em termos de condição de vida, pelo menos ficam com uma parcela ínfima do que pagamos?

    Avaliar o nível de retorno de um investimento é para quem tem empresa, como eu tenho. O governo deve inicialmente também suprir um pouco das necessidades dos mais desafortunados. Crianças desnutridas e doentes não tem culpa da familia onde nasceram, mas podem ter um futuro, se sobreviverem de uma forma um pouco mais digna.

    Pergunte ao ministro se ele já passou fome na vida. Fome de verdade, não apenas ficar um dia de jejum, mas não ter o que comer por muitos dias………

  5. O bolsa família como foi
    O bolsa família como foi criado é realmente um excelente instrumento de cidadania e alavancagem da sociedade, sobretudo, das classes menos privilegiadas.

    Contudo, padece de um mal brasileiro : falta administração e fiscalização.

    Hoje, é muito simples ser um beneficiário do bolsa família. O difícil é sair dela.

    Os procedimentos para acompanhamento e fiscalização praticamente não existem, só existem no papel – o dia-a-dia nas comunidades carentes, a realidade nua e crua da pobreza, ainda é e será trunfo político para os demagogos e donos dos currais políticos. As prefeituras dos grotões ( onde realmente a população precisa de apoio), utiliza o bolsa para garantir votos para seus líderes – os pobres estão sendo comprados pela bolsa.

    Temos uma infinidade de pessoas paupérrimas que nem sabem o que é o bolsa família. Outra infinidade que tem sido procurada pelos cabos eleitorais e vereadores para se cadastrar e juntamente com o cadastro leva a obrigação de votar nesse ou aquele político.

    Ninguém fala em como sair dessa. Nos canaviais do interior de Pernambuco, vários fazendeiros estão com dificuldade para obter mão-de-obra,pois quem recebe a bolsa não quer trabalhar – com medo de perder a bolsa ou…

    Estou com o Mangabeira, nosso povo não precisa de esmola, precisa de empurrão,para se desenvolver. Precisa de educação. Se nada for feito, teremos a formação de um povo mendigo.

  6. Nassif,

    Não vou nem comentar
    Nassif,

    Não vou nem comentar a mania do Globo de manchetear o nada.

    Mas, olhando bem o que o Mangabeira diz, a mim faz um certo sentido. Vejamos:

    “O grupo estaria situado “entre os mais pobres e a pequena burguesia empreendedora”, com papel “decisivo e desconhecido” no país: — São trabalhadores saídos do mesmo meio pobre, mas que têm dois ou três empregos.”

    Ora, me parece muito claro que qualquer programa de capacitação tem muito mais chances de sucesso quando é complementar à experiência profissional do indivíduo. Focar esforços nestas pessoas significa dar a elas a chance de competir por empregos melhores.

    Não tenho a menor dúvida quanto à relevância de parcerias como esta da CBIC. Mas qual o potencial deste tipo de programa em dar um passo além? Será que a construção civil, nas regiões onde vivem estes indivíduos, tem capacidade pra absorver estes 200 mil potenciais trabalhadores? Não seria necessário estimular o desenvolvimento de outros segmentos primeiro??

    Sempre achei o Mangabeira meio falastrão, mas reconheço que o tema que ele levanta suscita questões importantíssimas para quem quer discutir um modelo de desenvolvimento.

    Claro. O que ele não entendeu é o que o Bolsa Família já pratica isso. Deu palpite sem conhecer o trabalho.

  7. O Bolsa-Família não é um
    O Bolsa-Família não é um programa precário e serve de base aos programas norte-americano (Hillary o elogiou durante sua campanha), ao russo e ao chinês, que simplesmente dá dinheiro aos pobres. No Brasil a contrapartida é rigorosa. Sei do que falo porque tive parentes no interior de MG que ganhavam o Bolsa-Família em 2004 e cumpriam à risca as exigências. O sistema S está com cerca de 40 mil vagas em cursos para os cadastrados no Bolsa-Família no Rio de Janeiro. Saiu no jornal O Dia desta semana e não foi sequer notinha em lugar nenhum.

    Quanto a emprego, o Sine está com alguns milhares de vagas esperando candidato até com nível superior e o Ministério do Trabalho implorando para que isso seja divulgado. E o Ibope acaba de dar os dados de dezembro. A retranca no jornal O Dia é “Boa notícia”. Segue abaixo a matéria:

    IBGE: desemprego em dezembro é o menor desde 2002

    Rio – A taxa de desemprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), calculada em seis regiões metropolitanas, caiu a 6,8% em dezembro de 2008 – o menor valor apurado na série histórica, que teve início em 2002. O valor representa queda de 0,6 ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2007 (7,4%) e de 0,6 ponto em relação a outubro do mesmo ano.

    Em 2008, como um todo, a taxa média de desemprego ficou em 7,9%, ante 9,3% em 2007.

    A Pesquisa Mensal de Emprego do instituto apura a situação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. Nestas localidades, população desocupada em dezembro caiu para 1,6 milhão, uma redução de 11%, em relação a novembro, e de 6,3%, na comparação anual.

    Já a população ocupada (22,1 milhões) ficou estável em relação a novembro, mas cresceu 3,4% em relação a dezembro de 2007. O número de trabalhadores com carteira assinada (10 milhões) também ficou estável na comparação com o mês anterior, mas representou alta de 7,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

    Na pesquisa, o IBGE considera como ocupados quem tem emprego formal ou informal, funcionários públicos, militares e pessoas que trabalham por conta própria (que não são empregados de ninguém). Já os desocupados são aquelas pessoas que estão sem ocupação, mas que tomaram alguma atitude para encontrar trabalho no período pesquisado.

    As informações são do Terra

  8. Caro Uwe,acho que você não
    Caro Uwe,acho que você não entendeu o ponto de vista do Ministro Mangabeira,no que concerne ao Bolsa-família e sua abrangencia. O que você leu,foi a interpretação do Globo sobre o assunto,que a princípio ofende a todos aqueles que jamais aceitaram estes programas sociais do governo Lula,e a permanencia dos mesmos nos planos da equipe economica.
    Nenhum funcionário do staff Lula,jamais pensou sequer em diminuir o alcance destes programas,muito pelo contrário,nesta crise,que atinge tambem àqueles assistidos,esta é uma maneira barata e socialmente justa de diminuir a distancia entre os muito ricos e que nada tem,e que não podem ser esquecidos.
    Quanto ao Prof.Mangabeira,ele jamais sairia do seu “american way life”e viria ajudar a adm.Lula,se não tivesse a autonomia,para desenvolver este e outros programas de integração social e de concessão de cidadania,que são reconhecidos internacionalmente,e estão até no programa de atendimento social aos países pobres,do Presidente Obama.

  9. Rapaz, teu texto é realmente
    Rapaz, teu texto é realmente de lascar. Que síntese!
    Um dia, quero escrever assim.
    E obrigado pelas informações e pelas reflexões!
    Abraços do leitor diário,
    Vinícius Reis.

  10. Nassif,

    A despeito das
    Nassif,

    A despeito das críticas do Mangabeira e do “O Globo”, ricas em preconceito e pobres em argumento, o programa Bolsa-Família, embora iniciativa importante, tem seus pontos fracos. Aponto alguns deles:

    1. Diagnóstico: O conceito de pobreza adotado pelo BF associa o fenômeno à incapacidade de as famílias “pobres” subsistirem. As famílias auferem uma renda que as impede de comprar uma cesta de alimentos que satisfaçam as necessidades calóricas corpóreas mínimas. Neste sentido, a garantia dos recursos que permitam a estas famílias a aquisição desta cesta de alimentos é medida suficiente para erradicar a pobreza. Outras privações por que passam as famílias são desprezadas pelo programa, tais como a privação ao acesso de serviços básicos de saúde, moradia, saneamento etc.

    2. Condicionalidades: Para receber os benefícios, as famílias devem garantir que suas crianças e adolescentes freqüentem a escola. Assim, elas acumulariam capital humano para que, quando adultas, possam evitar empregos com remunerações precárias. O problema é que apenas colocar as crianças e adolescentes destas famílias na escola não é suficiente. É comum na trajetória destas famílias uma intrínseca valorização do trabalho como instrumento disciplinador e de transmissão de conhecimentos. A absorção de conhecimentos aritméticos básicos e o ensino da escrita e da leitura são suficientes, nestas famílias, para realizar as atividades de trabalho e, na medida em que as crianças obtêm este conhecimento, a escola deixa de ser necessária. Esta descontinuidade entre o propósito da educação para as famílias e a proposta pedagógica das escolas favorece a evasão escolar e o exercício de trabalho pelas crianças e adolescentes.

  11. Nassif,

    Apesar de seu leitor
    Nassif,

    Apesar de seu leitor há tempos, não faço parte da bancada de fanzocas (poucos, é verdade) delirantes que vez ou outra dá o ar de suas graças brejeiras por aqui.

    É a minha humilde forma de contribuir minimamente para que esse blog permaneça essa tribuna pluralista de debates e discussão.

    Para que não se torne um local onde os discípulos compareçam somente para incensar a sapiência de almanaque do mestre. Ou do rei.

    (sim, não corremos esse risco, mas…).

    Posto isso, grato, muito grato mesmo, por esse post.

    Pelo didatismo e pela clareza. Até um néscio feito eu é capaz de entender.

    Vou copiar e guardar. Pra quando algum idiota da objetividade rodrigueana vier me falar que a bolsa família é “bolsa esmola” e eu ficar p da vida, gaguejando e buscando fundamentos para argumentação.

  12. Nassif, mais um ponto:

    3.
    Nassif, mais um ponto:

    3. mercado conumidor de massas: Ao longo do ano, levantamentos realizados pelo IBGE apontaram um crescimento da classe média no Brasil, em direção à massificação do consumo no país. Diversos analistas apontaram como a principal causa para a consolidação deste mercado às políticas sociais (diga-se, o BF e o PETI, dado que são as únicas) do governo Lula. No entanto, o valor dos benefícios é insuficiente para promover tal massificação. O limite inferior de renda para uma família ingressar na “classe média” geralmente é definido como uma renda familiar per capita de R$1200,00. No entanto, uma família para participar do BF deve possuir renda per capita de até R$200,00. Uma família hipotética de quatro pessoas, com renda per capita de 200,00 deveria receber um benefício de R$4.000,00 para ingressar na classe média. Dado que o benefício máximo gira em torno de R$200,00, não são os programas sociais que possibilitaram a consolidação de um mercado de massa no Brasil.

    Veja bem, essas classes não consomem, muitas vezes, por falta de segurança na renda. Com o Bolsa Família complementando, o patamar mínimo sobe, dando segurança para consumir.

  13. Nassif, concordo com você.
    Nassif, concordo com você. Debati ano passado com um doutor em história pela UnB e que veio de uma comunidade ribeirinha. Ele me disse o mesmo o que você disse. Na comunidade dele, o BF atua como um microcrédito, permitindo a quem tem renda intermitente maior segurança ao consumir. Segundo ele, o BF deu tanto crédito ao Lula que “se alguém fala mal do presidente, apanha”. O ponto sobre o mercado de massas que apontei não despreza a importância do programa neste sentido. Mas aponta-lo como o principal responsável pela massificação do consumo no país é carregar na tinta. Diversos estudos aos quais tive contato apontam, neste sentido, as transformações no mercado de trabalho como o principal fator. Aliás, este foi o único legado positivo que FHC deixou: uma política de valorização do salário mínimo, que ele conduziu tacanhamente e que o governo Lula deu continuidade de forma soberba.

  14. o mangabeira teoriza o que o
    o mangabeira teoriza o que o bolsa familia ja faz ha tempos…
    concordo com isso.
    o bolsa familia ja vem fazendo o que mangabeira sugere: o programa de agricultura familiar aproxima esses interesses e necessidades…
    Esse programa de capacitacao ja eh feito em varios lugares…etc…

    Mas acho que o mangabeira quer ajudar o aprofundamento dessa ligacao entre os programas e projetos aos interesses mais abrangentes…
    Uma vez ele declarou que sua funcao fundamental era dar liga aos projetos dispersos, liga-los ah realidade, buscar maneiras de concretiza-los…como a ligacao entre producao e consumo…

  15. Nassif, concordo com você.
    Nassif, concordo com você. Debati ano passado com um doutor em história pela UnB e que veio de uma comunidade ribeirinha. Ele me disse o mesmo o que você disse. Na comunidade dele, o BF atua como um microcrédito, permitindo a quem tem renda intermitente maior segurança ao consumir. Segundo ele, o BF deu tanto crédito ao Lula que “se alguém fala mal do presidente, apanha”. O ponto sobre o mercado de massas que apontei não despreza a importância do programa neste sentido. Mas aponta-lo como o principal responsável pela massificação do consumo no país é carregar na tinta. Diversos estudos aos quais tive contato apontam, neste sentido, as transformações no mercado de trabalho como o principal fator. Aliás, este foi o único legado positivo que FHC deixou: uma política de valorização do salário mínimo, que ele conduziu tacanhamente e que o governo Lula deu continuidade de forma soberba.

  16. Altamiro, concordo com vc.
    Altamiro, concordo com vc. Depois da ligação do Mangabeira com o Dantas, como trustee ou coisa semelhante,a posição do ministro ficou tremendamente desgastada frente a parcela da população preocupada com os destinos do país. Porem, nunca soube de uma entrevista com o Ministro para que ele explicasse o seu ponto de vista, já que em contrapartida sabemos que o DD é tremendamente corruptor e envolvente, ora veja o enorme numero de politicos petista envolvidos na sua defesa. Será que a verdade foi totalmente esclarecida?

    A posição do ministro em suas entrevistas e sua atuação inclusive em outros paises, desmentem esta premissa de corrupto, pelo contrário colocam-no como preocupado com o bem estar das camadas mais humildes.
    Devemos lembrar tambem, que a classe media no Brasil é pobre para pagar ou frequentar escolas acima do curso básico. Acho que financiá-la é absolutamente importante para a inclusão social da mesma na economia atual.

  17. Nassif,

    parabenizo sua
    Nassif,

    parabenizo sua clareza. Sobre certas condições às quais pode chegar e estacionar um ser humano, resta o possível. O bolsa familia não é perfeito, ele é o possível neste momento do país. O que me deixa indignado, furioso é que alguém se dê ao desplante de aborda-lo “cricriticamente” sem ter feito pelo menos uns três meses de estágio em suas linhas de frente. Não há teoria ou fantasia que resista a esta experiência.

    Creio que em breve futuro, muitos daqueles que trabalham seriamente neste projeto terão aberto uma fenda no caroço da miséria, do desamparo, da desgraceira onde qualquer um de nós pode um dia cair. Garanto que entre eles não estará nenhum cri cri cabeção.

  18. Nassif

    Com relação ao
    Nassif

    Com relação ao assunto bolsa-familia gostaria de descrever algo que aconteceu comigo a uns 3 anos atrás.
    Durante um passeio de buggy nas dunas de Natal o bugueiro nos contou sobre um trabalho que ele fazia junto com a associação de bugueiros de Natal que era entregar cestas básicas para familias pobres do RN, sem nenhum tipo de compromisso , simplesmente juntavam cestas básicas, iam até alguma cidade do interior e entregavam para as familias necessitadas.
    Como o assunto era bolsa-familia, o que ele falou depois me mostrou algo muito dificil de enxergar:as familias ja não queriam mais cestas-básicas, elas tinham condições de comprar.
    Acho que um ponto que deve ser destacado é a retomada da dignidade daa familias que viviam na pobreza extrema e aos poucos vão saindo do “buraco” em que se encontram
    Claro que existem os espertos que se aproveitam do dinheiro público mas daí a afirmar que a bolsa cria preguiçosos vai uma longa distãncia.

    Grande abraço

    Fernando

  19. 1. Acho que o Mangabeira é
    1. Acho que o Mangabeira é bem intencionado.

    2. Digam o que disser, o programa bolsa família é extraordinário.

    3. Sejam quais forem os motivos, como é que se pode ser contra um programa que dá (com contrapartida) menos de um real por pessoa por dia, para quem não tem. Parece-me o mínimo, para uma sociedade tão injusta.

  20. Na capa da edição de 22 de
    Na capa da edição de 22 de janeiro de 2009, o jornal O Globo afirma: “Mangabeira critica foco do Bolsa Família”. Na matéria, outro título com teor semelhante: “Ministro Critica Bolsa Família”. Ocorre que, durante a entrevista com o ministro realizada pelo jornalista autor do texto, Bernardo Mello Franco, Mangabeira afirmou o contrário. Ao ser questionado sobre um possível foco errado (nas palavras do repórter) do Bolsa família, o ministro disse: “Não, não! Primeiro, isso não é uma crítica, isso é uma evolução dos programas de transferência. Os programas de transferência não devem ser vistos como programas apenas compensatórios à miséria que imobiliza as pessoas, mas… e a discussão que se faz sob o rótulo de porta de saída costuma ser uma discussão enviesada, mas nós estamos todos conscientes. Eu tenho trabalhado com o Ministro Patrus nisto, na necessidade de um avanço, de um avanço de dar um sentido mais capacitador a esses programas. É o próximo passo. Não é o desfazimento desses programas, é o avanço deles para a próxima etapa (…)”.

    Para que seja sanada qualquer dúvida sobre o conteúdo da matéria, a Secretaria de Assuntos Estratégicos torna disponível, na íntegra, a transcrição da entrevista que trata do projeto de desenvolvimento para o Nordeste e, consequentemente, do programa Bolsa Família. As partes relativas ao programa aparecem sublinhadas.

    Link:
    http://www.sae.gov.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=329&Itemid=1

  21. A matéria deturpa de maneira
    A matéria deturpa de maneira completa a pregação de Mangabeira. Por isso não lhe cabem críticas sobre o que na verdade não expressou. Mangabeira é fascinado com os “batalhadores”, essa classe de “durões” da pobreza, que inventam serviços,comércio e indústria em lugares improváveis e com audácia improvável, sem contar/com nem procurar ajuda governamental. Ele intui que o grande futuro do país está em valorizar esta classe. O Globo diz “ao invés…” e aí é que está a maldade. Ao invés de gastar dinheiro com os miseráveis? É lógico que Mangabeira não se referiu a isso. A “Porta de Saída” a que ele se refere é a do subdesenvolvimento. Nínguém nem nada pode com a audácia desses comerciantes e industriais intuitivos. Não se pode fazer confusão entre isso e a “Porta de Saída” da miséria ou pobreza, que seria mil e uma formas intensamente estudadas e debatidas e levadas a efeito por gente competente, com sucesso surpreendente.
    P.S.- A Globo está preocupada e perplexa com Mangabeira. Diante dele, seus”especialistas”, “economistas”, e comentaristas de assuntos em profundidade, parecem crianças do jardim da infância.

  22. Mangabeira foi destituido do
    Mangabeira foi destituido do cargo na Universidade de Harvard e veio para o Brasil procurar uma boquinho?: Não, isso não é verdade. Mangabeiraa quer enriquecer, ficar podre de rico e um beócio igual a tantos que têm no Brasil? Não, Mangabeira em Harvard já tinha um lugar de destaque. Isso significa que nenhum ricola, ou ricaçozinho brasileiro, poderia jamais ser convidado para uma festa a qual Mangabeira seria naturalmente convidado. Muita gente imbecil acha que a maior aspiração do ser humano é ter dinheiro para comprar tudo o que quiser. Depende. Você só compra o que está à venda. E nem tudo está à venda, embora faça parte da ideologia capitalista-libaral a idéia de que tudo é vendável.
    Mangabeira ainda é jovem para os padrões de um filósofo como ele, e agora sua atenção é toda sobre o Brasil. Pena que não tenha parceiros à altura, como Darci Ribeiro, Florestan Fernandes, Agamenon de Almeida e Brizola. Mas ele não se deixa levar por nenhum vento de ilusão.

  23. Admiro o intelecto do cidadão
    Admiro o intelecto do cidadão Mangabeira Unger ,mas acho que ele devia se informar melhor antes de tecer comentários como esse.
    A realidade mais vivida e estudada pelo Mangabeira é a realidade da formação histórica dos EUA, e da força altamente revolucionária que as classes médias lá desempenharam. Portanto, antes de fazer transposições históricas automáticas, o ministro deveria lembrar que, antes, nós temos que aumentar classe média aqui. A que existe atualmente é numéricamente insuficiente para constituir um bloco de força histórica, assim como politicamente muito colonizada, muito “marcha da Família com Deus pela Liberdade” e muito “Pra frente Basil…Ame-o, ou Deixe-o” e….muito leitora da Veja!!!
    Serão necessários muitos anos ainda de integração entre os Brasis para se poder pensar os ambiciosos, porém legítimos, projetos do Ministro Mangabeira.

  24. nassif, as afirmações do
    nassif, as afirmações do mangabeira embutem um claro preconceito sobre a capacidade dos mais pobres de se emanciparem e deixarem de depender do benefício. quando puder, leia o artigo de hoje do mauro santayana no jb.

  25. Claro que houve uma intenção
    Claro que houve uma intenção do jornal O Globo de enfraquecer o Programa Bolsa Família e de estimular a cizânia entre um Ministro e outro. Outras cizânias vão ser estimuladas com o objetivo de enfraquecer as políticas sociais em período de crise eonômica. O fato do governo se empenhar em preservar os benefícios e as políticas sociais significa que eles manterão um determinado patamar. No período anterior, o governo estava recuperando benefícios e políticas que haviam sido descaracterizadas ao longo dos últimos anos em função de uma política econômica de ajuste fiscal. O Programa Bolsa Família era somente o início de uma recuperação mais ampla de ordem sistêmica. Iniciou-se timidamente com o propósito de inclusão social para caminhar em direção a uma nova distribuição de renda, com o aumento da massa salarial e do número de postos de trabalho. Por isso é fundamental o monitoramento permanente das centrais sindicais sobre demissões, salários e programas de inclusão produtiva.

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