‘Não há o que comemorar’, pontua Dilma Rousseff sobre golpe de 1964

A ex-líder do Executivo ressalta que é momento de "rezar pelos mortos" e resistir contra a autoritarismo "para construir uma nação sem ódio, sem mágoas e sem perseguições"

Jornal GGN – A ex-presidente Dilma Rousseff reafirma que a data que marca os 55 anos do golpe de 1964 não é motivo de comemoração pontuando que “é duro ver que após a incansável luta pela democracia, pagamos com dor e sacrifício para assistir” hoje “uma comemoração forjada pelo chefe de Estado” do golpe de 1964, se referindo à recente determinação de Bolsonaro.

A manifestação da ex-presidente foi realizada por texto, a pedido da coluna Painel da Folha de S.Paulo. Na publicação, Dilma reforça que “a desinformação apenas facilita o trânsito da intolerância”, e ainda “que a ignorância sobre a história não pacifica”.

Ela lembra que 1964 se mantém como uma “ferida aberta na história política” do Brasil ressaltando o período que levou ao “fechamento do Congresso Nacional, ao cancelamento de eleições diretas para presidente, governador e prefeito, à cassação de ministros do STF”, além da instituição de censura à imprensa e repressão às greves de trabalhadores e manifestações estudantis.

“A gente brasileira passou a falar de lado e olhar para o chão”, escreve Dilma. A ex-presidente foi presa e torturada o período ditatorial, acusada de integrar uma organização de luta armada contra o regime.

Em 2016, foi afastada do poder após um golpe parlamentar. A petista analisa o momento atual como “tempos sombrios”, completando:

“Para surpresa dos democratas comprometidos com a soberania nacional e os direitos sociais, para estarrecimento da imprensa, os elogios descarados do atual presidente da República ao golpe de 64 mostram que estamos distantes da pacificação sonhada”, pondera.

A ex-líder do Executivo ressalta que a data é momento de “rezar pelos mortos” e resistir contra a autoritarismo “para construir uma nação sem ódio, sem mágoas e sem perseguições”. Leia a seguir a nota na íntegra.

Os 55 anos do Golpe Militar no Brasil são, para todos nós que lutamos contra o arbítrio, pelas liberdades e pelos direitos humanos e sociais, uma triste lembrança.

1964 é uma ferida aberta na história política do país. São tempos que evocam prisão, tortura, morte e exílio. Tempos em que a ação do governo ditatorial levou ao fechamento do Congresso Nacional, ao cancelamento de eleições diretas para presidente, governador e prefeito, à cassação de ministros do STF. Instituíram a censura à imprensa e desencadearam a mais violenta repressão às greves de trabalhadores e às manifestações estudantis. A gente brasileira passou a falar de lado e olhar para o chão.

Passados 55 anos, mais uma vez estamos nos afastamos da democracia. E, hoje, infelizmente, o país não está pacificado. Longe disso. Depois do golpe de 2016, que me tirou da Presidência da República, vivemos novamente tempos sombrios de ódio e intolerância.

Para surpresa dos democratas comprometidos com a soberania nacional e os direitos sociais, para estarrecimento da imprensa, os elogios descarados do atual presidente da República ao golpe de 64 mostram que estamos distantes da pacificação sonhada.

Em 2012, na instalação da Comissão Nacional da Verdade, eu disse que a ignorância sobre a história não pacifica. Ao contrário, mantêm latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar, apenas facilita o trânsito da intolerância.

É duro ver que após a incansável luta pela democracia, pagamos com dor e sacrifício para assistir agora uma comemoração forjada pelo chefe de Estado do golpe de 1964. Todos sabemos que brasileiros e brasileiras foram assassinadas pela ditadura e estão “desaparecidos” até hoje. Amigos e familiares guardam a dor da ausência de muitos de seus filhos e pais.

Não há nada a comemorar nesse dia. Só rezar pelos mortos e manter a certeza que iremos resistir ao autoritarismo para construir uma nação sem ódios, sem mágoas e sem perseguições. Cheia de cidadania, direitos sociais e humanos e soberania nacional.

Para isso, precisamos continuar a lutar por um Brasil mais solidário, mais justo e menos desigual.

Ditadura nunca mais!

Dilma Rousseff

Redação

2 Comentários

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  1. Pois é Dilma e você nada fez pra deter a marcha do golpe que lança milhões na miséria e entrega nossas riquezas pros gringos. Você não passa de uma vergonha pros que como eu votaram em vc. Tivesse a coragem e o patriotismo de Erdogam, Assad e nem falo de Putin, O Estadista teria metido a corja na cadeia ou mandado pro cemitério. Vc e Temer merecem um ao outro, são traidores.

  2. Imagino que exista um medo muito suspeito e muito grande, por parte do lixo golpista da ditadura militar de 1964. Imagino também que alguns resíduos desse lixo conseguiram sobreviver, e agora se mostram como os novos predadores da democracia e do estado de direito. A ditadura militar foi imoral, ilegal e desumana, ela seqüestrou, torturou e correu o risco de provocar a morte de muitas brasileiras e muitos brasileiros, através do uso covarde da tortura e do violento do terrorismo físico e mental. O soberano tempo desnudará as falsas alegações de defesa dos desumanos delinqüentes militares e seus simpatizantes. Aliás, ao se exporem assanhadamente ao público, para curtir seus delírios de poder, essa nova coligação golpista ditatorial se deparou com a realidade de que possui uma blindagem infinitamente inferior ao que acreditava. Diante de tal constatação, se entregaram inteiramente ao desespero sabendo que mais cedo ou tarde poderão aquecer a cadeira onde se assentam os réus. O sinal de alerta foi acionado com a recente descoberta do financiamento estrangeiro aos vendidos civis e militares de 1964. A revelação de notícias e denúncias referente ao governo atual pipoca sem parar e começam a mancham fardas, togas e as carreiras de simpatizantes conhecidos como “figurinhas carimbadas” das tetas governamentais. Além de tudo, muito do que ainda está escondido será descoberto e será revelado. Afinal, se permitiram submeter às barbaridades do nazismo, do fascismo e de todo “ismo” que envergonha a história da humanidade, nem a torpe alegação de dependência e vício que adquiriram justifica o ódio, o abuso do poder e a traidora submissão que fizeram e tentam repetir contra os trabalhadores, contra a população e contra o Brasil.

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