Nassif diz que Paulo Guedes ainda é movido ao modelo Pinochet

Jornalista é o convidado desta quinta-feira (25) do programa "Entre Vistas", com Juca Kfouri. Para ele, ministro da Economia de Bolsonaro quer destruir a Constituição de 1988

Da RBA

“Um Bolsonaro com PhD”. Assim o jornalista Luis Nassif define o ministro da Economia, Paulo Guedes, o chamado “posto Ipiranga” de Jair Bolsonaro. Editor do Jornal GGN, com longa trajetória no jornalismo econômico em diversos veículos da mídia brasileira, Nassif é o convidado de Juca Kfouri no programa Entre Vistas desta quinta-feira (25), que vai ao ar a partir das 22h, pela TVT.

Nassif comenta que Paulo Guedes é tratado como um “ponto de racionalidade”, o que, em sua visão, é um erro. “Ele quer destruir a Constituição de 1988, o Estado varguista, e não tem a menor ideia do que colocar no lugar.”

O convidado define Guedes, a quem conhece desde os anos 1990, como um sujeito “pessoalmente interessante”, sem se ligar a panelinhas da comunidade acadêmica. “Ele respeita a inteligência, mas é um sujeito briguento, nunca foi agregador, em todos os lugares por onde passou brigava com tudo mundo. Não é gestor, tem 500 ideias na cabeça e não sabe implementar nenhuma, e não tem a menor experiência em políticas públicas”, afirma.

Nassif cita a Embraer, empresa que reunia uma grande cadeia produtiva ao seu redor desenvolvendo tecnologia, como exemplo de sérios riscos de prejuízos a que o país está exposto. “Acabaram com a Embraer. Estão sendo desmontadas políticas que levaram décadas para serem criadas.”

Ele conta que um secretário de Guedes avaliou que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) não vinha dando certo, porque só conseguia empregar 10% dos estudantes e decidiu então encerrá-lo. Em seu lugar, criou outro programa no formato “liberal”, porém sem definir como será a fiscalização.

Propôs a ideia de conceder “voucher” aos trabalhadores para que sejam usados na empregabilidade com as empresas, novamente sem definir como as pessoas serão selecionadas. “Eles não têm a menor noção, vão destruindo coisa por coisa em cima de um discurso vago e sem a menor ideia do que fazer, que é a parte mais difícil da história. O Guedes não vê a realidade, ele ainda acha que o Chile do Pinochet foi o suprassumo do crescimento. E agora coloca no Ministério da Educação um sujeito que quer acabar com o ensino público. E o que coloca no lugar?”, questiona.

Juca Kfouri pergunta se, depois de mais de 100 dias de governo Bolsonaro, há algum motivo para olhar com otimismo a político econômica que o governo federal tenta implementar. A resposta vem com ironia. Nassif diz que há, sim, um motivo de otimismo: “Ela é tão ruim e dissociada da realidade que será revertida em algum momento”.

Participam também do programa Ana Marta Lima, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e a economista do Dieese Zeira Camargo.

Os meandros da operação Lava Jato, a demonização da política e o abalo das instituições da República são outros temas abordados no programa Entre Vistas.

Assista o Entre Vistas a partir das 22h

Redação

4 Comentários

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  1. Por falar em pinochet, LEMBRO do tempo da DITADURA CAPITALISTA BRASILEIRA, quando os Militares , nos anos 60 em diante, COMEÇARAM A VENDER FUNDOS DE APOSENTADORIA. A Gente pagava durante dez ou quinze anos uma MENSALIDADE e garantia uma APOSENTADORIA DE CORONEL ou algo parecido. Haviam muitos MONTEPIOS e associações: MFM(Montepio d Familia Militar) MBM (Montepio da Brigada Militar) etc, etc, etc, . Convenci meu Pai e Tios a pagar pois tinham mais de 40 anos e se aposentariam cedo. Hehehehhe ! MORRERAM sem ver a cor do que aplicaram.

  2. Minha dúvida é se ele é incompetente ou mal intencionado ou ambos. Guedes até agora não fez nenhuma proposta economica, não fez nenhum movimento na direção de tratar a estagnação a indústria, o desemprego, a situação dos estados. Todos os seus movimentos vão na direção de entregar tudo que foi construido nas últimas décadas. Da Embraer à Petrobrás etc… Nada falou sobre o desemprego, sobre investimentos, mas emplacou no Ministério da Educação um louco capaz de sucatear e destruir todas as Instituições superiores de ensino, favorecendo grupos educacionais privados como o de Guedes. Não me convenço de que Guedes não sabe das consequências da reforma da Previdência. Ele sabe e insiste pois sabe que a Capitalização da Previdência, unida a destruição ou venda dos bancos públicos vai jogar os fundos de pensão para os bancos privados e para os fundos na bolsa de Nova York . E isto com certeza vai significar trilhões, não para o estado brasileiro mas sim para Wall Street. Guedes não é apenas um truculento de temperamento difícil, ele é um trator com objetivos bem definidos, que encontra no autoritarismo intrínseco deste governo o cenário mais confortável para implementar seus objetivos. A imprensa continua agindo de forma interessada e irresponsável, pois enquanto o país vai caminhando para um abismo e nossa economia continua sequestrada e é usada como refém. A imprensa passa o bilhete dos sequestradores e avisa que as coisas só vão andar depois que vocês aceitarem a capitalização da Previdência.
    Os golpes de má fé continuam, quando Guedes não fornece os dados, porque talvez não os tenha. pois o que menos importa para Guedes são os dados da realidade. Os números da previdência são inverossímeis, visto que o número de anos e um aumento no desemprego já geraria um deficit maior ainda. Mas Guedes é um enrolão que a cada duas palavras tenta dar um carteiraço com seus titulos acadêmicos. Eu duvido que tenha se debruçado sobre a realidade brasileira. Sua manipulação intencional chega a ponto de querer proibir o IBGE de fazer determinadas perguntas. Esta colocação é gravíssima, mas a imprensa vendeu como se fosse uma ação para conter despesas.
    E assim la nave loca va!

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