O exercício de ser oposição

Por Moacir Telles Maracci

Comentário no post “O beco sem saida do PSDB”

Nassif, sua análise é muito boa, pois permite investigar algo sobre esse par chamado “governo/oposição” que acredito seja o elemento fundante de uma sociedade democrática. No Brasil pós-redemocratização, as chamadas oposições eram sobretudo, oposições a um certo estado de coisas, tais como autoritarismo, crise econômica, etc, perseguições, repressões, etc. Foi em antagonismo a essas situações de opressão que surgiram oposições no seio do antigo MDB, e depois com a fundação do PT, PSDB, os partidos de tradição trabalhista e os partidos comunistas.

Com erros e acertos, as oposições atuavam no cenário político sempre acreditando que suas alternativas eram as melhores que as dos governos e podemos dizer que assim ocorreu até o período que eu chamaria de transição entre o “impeachment” de Collor e a eleição de FHC.

A partir daí, com a hegemonia do discurso neoliberal no Brasil e no mundo, as oposições eram sempre ridicularizadas. Pode-se dizer que FHC jamais respondeu a uma crítica oposicionista, sempre procurou desqualificá-la, devido em parte à sua empáfia intelectual e vaidade pessoal, mas muito porque acreditava-se no “fim da História”, do “triunfo definitivo do capitalismo”, crenças essas que faziam parte do discurso neoliberal hegemônico.

Nesse panorama todo, acredito que a vitória de Lula, que pôs fim a oito anos de governo neoliberal, não seja exatamente uma vitória “da oposição”, mas a derrota de um modelo que estava próximo do seu ocaso.

Essa derrota abriu espaço no cenário político para um outro projeto, mais social, mas nacional, que com avanços e recuos, alguma timidez inicial diante dos interesses especulativos, muitos acertos e como Nassif aponta, muita intuição, já chega ao seu décimo ano aparentemente com muito a dizer ainda ao Brasil e ao mundo sobre novas formas de atuação do Estado e sua relação com a sociedade civil.

Enquanto isso, os grupos que deveriam ocupar dignimente o espaço de oposição, não o fazem, porque no fundo pesa sobre seus principais líderes, como FHC, Aécio, Guerra e outros justamente as consequências de se desqualificar críticas, em vez de respondê-las ou propor alternativas.

A oposição brasileira aos governos petistas, PSDB à frente jamais foi propositiva , porque quando governo nunca quiseram uma oposição propositiva, devido ao que já mencionei como empáfia, arrogância, etc. Se quiserem ser oposição devem enterrar essa empáfia, nem que para isso tenham que sacrificar alguns “nomes bons” (que eles acreditam) como Serra, os reaças do DEM, Freire, quem sabe até mesmo Aécio, que em minha opinião, não disse a que veio (sobrenome famoso prefiro o Brizolla Neto). É isso. 

Luis Nassif

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