O ponto em comum nas notícias sobre Rosemary e Fux

Da TV Gazeta

Bob Fernandes: O que há em comum nas notícias sobre Rose e Fux

Nos últimos dias, manchetes de impacto com dois assuntos: um, as explosivas armações de Rosemary e os seus. 

Outro assunto, alguns dos caminhos percorridos por Luiz Fux para tornar-se ministro do Supremo Tribunal Federal.

Rosemary Noronha era chefe de gabinete na Representação da Presidência da República em São Paulo. Rose valeu-se da sua proximidade com o ex-presidente Lula; integrou uma extensa rede onde se combinam, segundo a PF, tráfico de influência e corrupção.

O ministro Luiz Fux, que fique claro, nada tem a ver com isso, como estes fatos. Fux foi um dos responsáveis pelas mais duras penas no julgamento do chamado “mensalão do PT”. Durante o julgamento Fux foi autor de alguns dos mais contundentes discursos em defesa da moralidade.

Na Folha de S. Paulo a repórter Mônica Bergamo descreve a caminhada de Fux em direção ao STF. Autor de 17 livros, ex-ministro do STJ, o próprio Fux relata em entrevista a Mônica sua batalha rumo ao Supremo.

Ele diz que “bateu na trave três vezes”. Na quarta tentativa buscou apoios. Fux pediu o apoio de José Dirceu. Diz que para tanto teve um encontro. Assessores de Dirceu informam que foram “encontros”, e “sempre a pedido de Fux”.

Sobre conversar com réu de um processo que iria julgar se indicado, e a ele pedir apoio, Fux diz: 
-Confesso que nem me lembrei.

Fux, portanto, não se lembrou que Dirceu, a quem foi pedir apoio, era réu no processo do chamado “mensalão do PT”. Fux disse ainda:
-Eu tinha a sensação ‘bom, não tem provas’ (no processo do mensalão). Eu pensei que realmente não tivesse provas. Quando lí o processo, fiquei estarrecido.

Em busca de apoios Fux encontrou-se com outro réu, João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. O hoje ministro também procurou Delfim Neto. Palavras de Fux: 
-Alguém me disse que o Delfim era pessoa ouvida pelo governo. Eu colei no pé dele.

Para pedir o apoio do deputado Paulo Maluf o ministro Luiz Fux foi até o gabinete de Maluf. Maluf é réu em pelo menos 3 processos nesse mesmo Supremo. 

(Há pouco o deputado Cândido Vacarezza me confirmou dois encontros nos quais esteve presente. Um, no gabinete de Maluf, o outro, com o deputado João Paulo Cunha, na casa de Luiz Fux em Brasília.Também presentes três empresários.)

Nesse amplo e heterodoxo périplo Fux pediu, e obteve, apoio do líder do MST, João Pedro Stédile.

Essa é uma história em que ninguém se sai bem. Os réus porque, obviamente, contavam com o voto de Fux. A presidente Dilma, por tê-lo indicado depois de tal costura. E o ministro Fux, pelo caminho escolhido e pelo conjunto de passos nessa caminhada rumo ao STF.

Há quem não se mova para ser indicadopara o Supremo, mas esse, o de ir buscar todo e qualquer apoio, é um dos caminhos até o STF. Há quem não veja nada demais nisso; argumentam que réus do PT foram condenados com votos de Fux. E foram mesmo.

Vale, nesse caso, uma pergunta: e se o mesmo Fux tivesse absolvido José Dirceu e réus do PT? O que diriam agora, hoje, as manchetes sobre essa heterodoxa caminhada? E o que diria que não vê problema algum nestas andanças?

As manchetes, as notícias sobre Rose e Fux não têm, repita-se, nem um fato em comum. Mas têm, na essência, traços em comum: a escassa transparência no Estado brasileiro, e a falha, ou inexistência, de efetivos mecanismos de controle democrático. Isso no executivo, no legislativo e no judiciário. E por todo o país.

Luis Nassif

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