O PP nas eleições presidenciais

Por Paulo Cezar

Valor contradiz o que vem sendo dito pela mídia com relação a tucanos e o PP.

Do Valor

Veto tucano no RS aproxima PP de Dilma

Autor(es): Raquel Ulhôa e Paulo de Tarso Lyra, de Brasília

Valor Econômico – 05/05/2010

O apoio do PP à candidatura presidencial de Dilma Rousseff ficou mais próximo ontem. Enquanto o presidente do partido, Francisco Dornelles (RJ) almoçava com Dilma, em Brasília, e mantinha o discurso de neutralidade – ele alega que precisa ouvir todos os diretórios estaduais e pediu um prazo para dar uma resposta até o fim do mês – o PP gaúcho decidiu não receber o tucano José Serra hoje, no Rio Grande do Sul. Eles não gostaram do veto ao partido como vice na chapa de Yeda Crusius ao governo do Rio Grande do Sul.

O Rio Grande do Sul e Minas Gerais são os dois estados mais resistentes a uma aliança nacional do PP com PT e defendiam abertamente uma coligação com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra. O partido tem quatro secretários de Estado na administração gaúcha e um antagonismo histórico com o PT. Em Minas, a aversão aos petistas é menor, mas pesa a aproximação com o PSDB de Aécio Neves – o PP exerce a presidência da Assembléia Legislativa e vota alinhado aos tucanos.

Por isso o movimento do PSDB gaúcho pode ajudar a aproximar o PP de Dilma. A chapa única com a governadora Yêda Crusius (PSDB) candidata à reeleição e o PP ocupando a vaga de vice-governador e uma de senador já estava negociada. Serra teria atendido aos apelos do PPS local, que não gostaria de ver uma aliança entre tucanos e pepistas e o ex-governador de São Paulo não estaria, segundo fontes ouvidas pelo Valor, disposto a desagradar o PPS, que compõe a aliança nacional ao lado do DEM. Como o diretório do PP do Rio Grande do Sul tem força, sem aliança no Rio Grande do Sul, “a possibilidade de aliança nacional com o PSDB é zero”.

Esse novo cenário auxilia os demais diretórios do partido, que defendem abertamente uma aliança com Dilma. Deputado de quatro mandatos, o paranaense Nelson Meurer afirmou ser um absurdo a neutralidade do partido nas eleições de outubro. “Estivemos durante sete anos no governo Lula. Ocupamos um dos principais ministérios – Márcio Fortes, das Cidades. Como explicar a incoerência de não apoiarmos Dilma? Como virar as costas para o governo nesse momento”? questiona.

O comando de campanha de Dilma aproveita essa suposta incoerência para tentar atrair o PP para a aliança. Na noite de segunda, o ministro da coordenação política, Alexandre Padilha, afirmou a parlamentares pepistas que o partido deveria “sair de cima do muro”. O almoço de ontem foi pedido por Dilma, embora ela tenha mais ouvido do que falado. Acompanhada do presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra – ao término do almoço, chegaram ainda Padilha e o deputado Antônio Palocci, um dos coordenadores nacionais da campanha – Dilma destacou a lealdade do PP ao governo, tanto no Congresso quanto no Legislativo, sempre apoiando as matérias de interesse do governo.

Dornelles avisou que 20 dos 27 diretórios aprovavam uma aliança com o PT, mas que a tendência era o partido manter a neutralidade, para facilitar as alianças estaduais. Meurer acha que essa precaução não é necessária, pois não existe mais verticalização. “Nós defendemos a aliança nacional com o PT e no Estado estaremos no mesmo palanque de Beto Richa (PSDB). Cada estado vai escolher o seu caminho, mas temos que ser coerentes nacionalmente”, defendeu.

O dia de ontem foi marcado pela ofensiva de Dilma para assegurar o apoio dos aliados. Além do almoço com o PP, estava previsto um jantar com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP). Temer é cotado para ser vice na chapa de Dilma. O convite para o jantar partiu da candidata e, segundo o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), não incluía outros pemedebistas e petistas. “Ela vai fazer o convite para Temer ser o vice”, apostou Henrique.

Ele disse que não há mais porque adiar essa definição. “Temer é o único candidato do PMDB. Não há vetos ao nome dele pelo PT. Não há mais razões para esperar”, disse ele. O líder do PMDB alegou que chegou o momento da campanha de Dilma adotar uma postura de infantaria – no Exército, a Infantaria é a arma que trava o duelo em solo, corpo-a-corpo com o inimigo. “Definir a chapa Dilma-Temer dará um novo ânimo para a base fazer campanha”, alegou.

Segundo ele, a única razão para adiar essa decisão era a indefinição em Minas. Esse problema foi solucionado após a vitória de Fernando Pimentel nas prévias do PT de Minas. Antes mesmo do resultado final, Pimentel já havia assegurado a Temer, durante o Expozebu de Uberaba, que buscaria um consenso em Minas.

Hoje de manhã acontecerá uma reunião, na presidência do PMDB, em Brasília, reunindo Pimentel, o candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa, os presidentes estaduais e nacionais dos dois partidos. A tendência é a confirmação da aliança com o PMDB, tendo Hélio Costa como cabeça de chapa Pimentel – um dos homens fortes da campanha de Dilma – como candidato ao Senado.

O PMDB decidiu cancelar o Congresso que faria no dia 15 deste mês, alegando que seria desperdício de energia realizar um grande evento em meados de maio e a convenção nacional em junho. Na verdade, está dando tempo para fechar a aliança em Minas em torno de Hélio Costa. Decidiu, então, convocar uma reunião da Comissão Executiva agora, e levar às bases a proposta do programa de governo e concentrar o esforço político na Convenção Nacional do dia 12 de junho, quando o programa e a aliança nacional com o PT serão apreciados pelos delegados do partido.

Luis Nassif

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