Os caminhos de Alckmin

Coluna Econômica

A estratégia de Alckmin

Para entender os primeiros passos do governo Geraldo Alckmin.

Haverá duas preocupações iniciais. A primeira, definir políticas sociais marcantes, para conquistar as classes C e D – sem abrir mão das classes A e B.

A segunda, tentar implantar um modelo gerencial, que estará escorado em duas pernas principais: a Casa Civil, sob o comando do ex-deputado Sidney Beraldo; e o Planejamento, dirigido pelo deputado Emanuel Fernandes.

A ideia será aproveitar os novos quadros oriundos de novas carreira de Estado: gestores públicos e analistas de orçamento. Há ideia também de um melhor aproveitamento da Fundap (Fundação de Desenvolvimento Administrativo). A intenção será fortalecer o Estado para dar conta das políticas públicas.

No período José Serra, o Planejamento esteve entregue a Francisco Luna, tecnicamente limitado, que sempre colocou resistências ao fortalecimento do Estado. Era adepto feroz da terceirização. No novo modelo – dizem os alckmistas – pretende-se consolidar os projetos prioritários, montar sistemas de monitoramento permanente para garantir sua execução, mas recompondo a estrutura técnica do Estado.

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AsseAs Secretarias sociais também serão reforçadas. No período Serra, a Secretaria de Desenvolvimento Social foi entregue a um empresário, Rogério Amatto, que tinha como único foco um contrato guarda-chuva para repassar recursos para prefeituras.

Considera-se que há enorme potencial de ideias e projetos com os funcionários de carreira, a exigir uma ação mais direta.

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Na Educação, a saída de Paulo Renato de Souza não foi atribuída a eventuais problemas com a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) Ele tinha bom trânsito com a entidade. Nem se vai abandonar projetos já em andamento, sistemas de avaliação, planos de carreira.

O problema dele era a falta jogo de cintura para tratar com a massa de professores. O sistema de bônus foi escrito por ele sem consulta a ninguém, apresentado a Serra que montou um grupo restrito para completar o projeto e entregar à Assembleia.

Com isso, criou resistências enormes junto aos professores. Mesmo porque a carreira do professor continuou desprestigiada. Ele inicia com salário de pouco mais de mil reais e termina com salário de menos de 3 mil reais.

Um novo modelo será apresentado, permitindo que a cada dois anos os professores prestem exames. Os que obtiverem boas notas terão seus salários aumentados em 25% a cada rodada.

Na escolha do novo Secretário, Herman Voorwald, ex-reitor da UNESP, pesou o fato de concordar com a tese que qualquer reforma educacional tem, como primeiro objetivo, conquistar corações e mentes dos professores.

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Não houve maneiras de encaixar homens de Serra no governo – talvez um eufemismo para a falta de vontade de Alckmin. O Secretário da Fazenda Mauro Ricardo acumulou atritos com todos os secretários. O do Planejamento, Luna, é visto como limitado.

Embora considere que Serra ainda poderá criar dificuldades, a equipe de Alckmin não  consegue identificar a fonte de poder que resta ao ex-governador. Na política paulista, praticamente não existe nenhum homem forte de Serra que preserve influência política.

Gilberto Kassab

A possível saída para o PMDB do prefeito Gilberto Kassab criará um problema para Alckmin, mas colocará uma pá de cal no espaço que Serra procuraria manter no DEM. Seu outro aliado, Jorge Bornhausen, não tem mais relevância.  Ao liderar os quercistas e colocá-lo, todos, debaixo de um guarda-chuva governista, Kassab abrirá espaço para alianças importantes para as próximas eleições.

Relação com Dilma

Nas últimas, Alckmin venceu apertado o primeiro turno. Considera-se que 16 anos será tempo demais para o partido que terá que renovar-se nos próximos quatro anos para aspirar a continuidade. Com Kassab na outra ponta, os desafios serão maiores ainda. O governo Alckmin pretende manter uma relação administrativa civilizada e de alto nível com o governo Dilma Rousseff. A oposição será feita no Senado, não entre governadores.

Luis Nassif

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